autodeterminação em timor leste - Gabinete de Documentação e ...

pessimista quanto à possibilidade de a autonomia (opção 1) vencer na consulta
popular, avalia a situação no território caso a opção 1 falhasse. Este documento
refere que as TNI (forças armadas indonésias) sofreriam certamente grande
humilhação se tivessem de abandonar o território, que haveria uma “carnificina”
dos apoiantes da integração e que as consequências da independência
seriam “extremamente assustadoras” para os funcionários públicos. Este
documento adianta também que “as forças da pró-integração estão preparadas
para assumir a posição actual das forças anti-integração” e que nesse caso
“o governo indonésio não poderá lavar as suas mãos do problema”, ainda que
as milícias timorenses são “os heróis da integração”. Refere ainda que “se o
povo escolher a independência as forças pró-integração continuarão a sua oposição,
enviando primeiro as duas famílias para o Timor Ocidental.” Para o autor
do relatório “o período mais tenso será aquando do anúncio dos resultados da
consulta popular ao público” e considera que é “inevitável que a sociedade será
perturbada.” Por todas estas razões, o relatório recomendava a rápida elaboração
de um plano de contingência para o caso da independência ganhar, plano
esse que deveria ser financiado pelo governo indonésio. Este plano deveria
incluir a evacuação dos funcionários públicos, migrantes, refugiados e milícias
e também a destruição de “instalações e de outros bens vitais”. A autenticidade
deste documento foi evidentemente negada com veemência pelo governo
indonésio.
Quase ao mesmo tempo da vinda a público deste documento na imprensa
internacional, o recentemente nomeado comandante militar da província de
Timor Leste, coronel Noer Muis, afirmava a um jornal indonésio (The Jakarta
Post, 26 de Agosto de 1999) que a “Indonésia abandonará o território de uma
forma pacífica e transferirá a administração, incluindo todas as instalações
vitais, às Nações Unidas de uma maneira civilizada”. Três dias mais tarde e
apenas um dia antes da consulta, a agência Reuters noticiava que as forças
armadas indonésias tinham afirmado que não poderiam dar uma garantia
100 % de que manteriam a segurança em Timor Leste “se ocorrer uma situação
de caos envolvendo um vasto número de pessoas, pois existirão sempre
rivalidades e provocações menos saudáveis entre os dois grupos em causa, que
não é possível evitar a maior parte das vezes.” As autoridades indonésias
tinham, no entanto, insistido constantemente que seriam capazes de manter a
ordem em Timor Leste, rejeitando assim qualquer apelo no sentido de uma
operação da manutenção da paz das Nações Unidas em Timor Leste.
As estimativas dos observadores independentes quanto ao resultado da
violência cifravam-se inicialmente em pelo menos 7000 mortos, 150 000 deportados
para o Timor indonésio e cerca de 500 a 600 000 deslocados internos,
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