autodeterminação em timor leste - Gabinete de Documentação e ...

em Timor Leste após a consulta. Para veicular estas mensagens foram
utilizados meios tão diversos como audio-cassetes, peças de teatro, sessões de
esclarecimento nos centros de recenseamento, mercados e aldeias, posters,
faixas, boletins de informação, televisão, rádio e jornais.
Porém, as actividades intimidatórias e violentas das milícias, impediram
que muitas das sessões de educação cívica se realizassem, nomeadamente nos
distritos do Oeste. O próprio Secretário-Geral tinha já reconhecido que as condições
de segurança para o recenseamento eram menos exigentes do que as
necessárias para esta fase (S/1999/822) e que por isso elas tinham de melhorar,
o que nunca se chegou a verificar. A situação de segurança deteriorou-se e
muito durante o período da campanha eleitoral, tendo as milícias atacado várias
sedes do CNRT (Díli, 17 e 26 de Agosto; Manatuto, 19 de Agosto; Los Palos,
27 de Agosto; e Oecussi, 28 de Agosto) bem como vários grupos de estudantes
(Maliana, 18 de Agosto; Suai, 19 de Agosto) e refugiados (Suai, 19 de Agosto).
As milícias estavam a levar a cabo uma campanha sistemática de violência
contra os apoiantes da independência. A UNAMET e o seu staff local foram
também objecto de ataques.
Esta escalada de violência deixava antever o pior para o dia da votação e
para o período pós-consulta. Na sequência de uma carta da Comissão Eleitoral
dirigida a Ian Martin que referia não existirem condições de segurança para
realizar a consulta e de um relatório do CNRT no mesmo sentido, foi mais uma
vez ponderado o adiamento da consulta popular, e mais uma vez essa ideia
abandonada. No dia da votação, porém, tudo correu melhor do que seria
alguma vez de esperar.
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3. O dia da votação e a contagem dos votos
Desde as primeiras horas da madrugada, e em alguns casos desde o dia
anterior, as estradas de Timor Leste encheram-se de pessoas com o seu cartão
de eleitor e documento de identidade orgulhosamente na mão, dirigindo-se para
os 200 centros de votação e para as mais de 700 mesas eleitorais para exercer
o seu direito de voto, alguns levando toda a família consigo. Praticamente ninguém
ficou em casa no dia 30 de Agosto, e por volta das 9.00 horas da manhã
(a votação começou às 6.30 e terminou às 16.00) quase 50% dos eleitores
recenseados já tinham votado pelo território fora. Mais uma vez, a intimidação
e a violência não impediriam os timorenses de exercerem o seu direito à autodeterminação.
Antecipando a possibilidade de suspensão do acto eleitoral em
caso de violência ou de entupimento dos centros de votação, a UNAMET
chegou a prever a hipótese de prolongar a votação durante a manhã seguinte,
mas tal não chegou sequer a ser necessário.