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4<br />

Percorra os Estágios de<br />

Maturidade da<br />

<strong>Arquitetura</strong> Empresarial<br />

EM 1991, a cidade de Boston, Massachusetts, iniciou um projeto de construção,<br />

de vários anos, para substituir 12,5 quilômetros de sua pista elevada no centro. Construído<br />

nos anos 50, o elevado era há muito um objeto de controvérsia. Durante a década<br />

em que foi construído, ele desalojou 20 mil residentes, isolou o North End e os bairros<br />

ribeirinhos do centro econômico de Boston, bloqueou a luz do dia e perturbou os<br />

negócios. No início dos anos 90, o elevado, que fora calculado para receber 75 mil<br />

veículos por dia, estava sofrendo congestionamentos quase constantes. A cada dia, 200<br />

mil veículos lotavam a pista, acidentes ocorriam quatro vezes mais do que na média<br />

nacional para pistas interestaduais urbanas, e o tráfego era de pára-choques colados<br />

durante seis ou oito horas - e vinha piorando. 1<br />

As autoridades de Boston queriam uma solução que não apenas desse conta de um<br />

número maior de veículos, como também eliminasse o atentado à vista e melhorasse a<br />

qualidade de vida da cidade. A visão resultante foi um sistema de pistas subterrâneas que<br />

desmantelaria o elevado e permitiria o desenvolvimento de parques e calçadas para<br />

reunir os bairros divididos pelo antigo elevado. Chamado extra-oficialmente de "Big<br />

Dig" ("Grande Cova" - o nome oficial era Projeto ArtériafTúnel Central), o projeto foi<br />

concebido para transformar o sistema viário em Boston sem aleijar a cidade. Os<br />

principais componentes do projeto incluíam (1) construir a mais larga ponte estaiada<br />

híbrida de todos os tempos, e a primeira a usar um desenho assimétrico; (2) criar uma<br />

bacia de lançamento onde seções de um túnel submarino pudessem ser construídas para<br />

em seguida flutuarem até a posição precisa em que seriam erguidas até o canal; e (3)<br />

aplicar uma técnica chamada de "parede diafragma", que reduzia a área a ser esca<br />

57


58 ARQUITETURA DE TI COMO ESTRATÉGIA EMPRESARIAL<br />

vada na construção dos túneis subterrâneos, minimizando assim os transtornos para o<br />

tráfego existente.<br />

As estimativas do projeto inicial requeriam um orçamento de US$ 2,6 bilhões e uma<br />

data de conclusão para 1998.2 Mas o projeto não foi concluído senão em meados de<br />

2005, e custou aproximadamente US$ 15 bilhões. Embora muitas decisões administrativas<br />

e alguns erros de engenharia tenham contribuído para os atrasos e a extravagância<br />

de custos, o maior fator foi simplesmente o erro de cálculo. O Big Dig tornouse<br />

o maior projeto de obras públicas na história dos EUA. Os principais administradores<br />

subestimaram a tarefa envolvida em preservar as capacidades de transporte existentes e,<br />

ao mesmo tempo, implementar uma nova infra-estrutura.<br />

Ao construir um alicerce de execução, as empresas enfrentam alguns dos mesmos<br />

desafios. Novas tecnologias da informação, fronteiras mutantes na indústria e a economia<br />

global em expansão vêm criando novas oportunidades. Mas muitos dos processos e<br />

sistemas que as empresas construíram ao longo do tempo constituem obstáculos a uma<br />

nova visão de negócios. A administração não pode fechar a empresa e começar do zero.<br />

Construir um alicerce de execução exige a mudança de processos e sistemas centrais no<br />

mesmo momento em que a empresa depende deles para executar suas operações diárias.<br />

A administração precisa redesenhá-Ios e, então, implementar novos sistemas, processos e<br />

infra-estrutura de TI, sem sabotar as operações do dia-a-dia.<br />

Felizmente, ao contrário do Big Dig, as empresas seguem um caminho bastante<br />

previsível para conseguir um alicerce para a execução dos negócios, e seguem um padrão<br />

consistente para construir suas próprias arquiteturas empresariais. Nós chamamos a esse<br />

padrão os "quatro estágios de maturidade da arquitetura"3:<br />

1. <strong>Arquitetura</strong> dos Silos de Negócios: quando as empresas procuram maximizar as<br />

necessidades de cada unidade comercial ou as necessidades funcionais.<br />

2. <strong>Arquitetura</strong> da Tecnologia Padronizada: proporciona a eficiência da TI por meio<br />

da padronização tecnológica e, na maioria dos casos, da maior centralização da<br />

administração tecnológica.<br />

3. <strong>Arquitetura</strong> do Núcleo Otimizado: proporciona a padronização de dados e pro<br />

cessos na empresa como um todo, conforme o apropriado para o modelo ope<br />

racional.<br />

4. <strong>Arquitetura</strong> da Modularidade dos Negócios: quando as empresas administram e<br />

reaproveitam componentes livremente associados dos processos de negócios<br />

habilitados pela TI, com o intuito de preservar os padrões globais e, ao mesmo<br />

tempo, habilitar diferenças locais.<br />

As empresas avançam por esses estágios construindo e, então, utilizando o alicerce<br />

de execução. Cada estágio envolve o aprendizado organizacional sobre o modo de<br />

aplicar a disciplina nos processos de TI e de negócios como uma capacidade estratégica.


Percorra os Estágios de Maturidade da <strong>Arquitetura</strong> Empresarial<br />

Avançar pelos estágios exige muita persistência, mas as empresas, conforme passam do<br />

primeiro estágio para estágios posteriores, auferem benefícios que vão desde a redução<br />

nos custos operacionais da TI até maior agilidade estratégica. Neste capítulo, nós discutimos<br />

como realizar a jornada pela arquitetura empresarial, durante a qual as empresas<br />

aprendem a construir e utilizar seus alicerces de execução.<br />

Os Quatro Estágios de Maturidade da <strong>Arquitetura</strong><br />

Conforme constroem sua arquitetura empresarial, as empresas gradualmente modificam<br />

seus investimentos em TI e na reformulação dos processos de negócios. Em<br />

particular, elas identificam os casos em que sinergias globais oferecem maior valor do<br />

que a autonomia local. A figura 4-1 mostra os investimentos relativos de TI em dados,<br />

infra-estrutura compartilhada, sistemas empresariais e aplicações locais em cada um dos<br />

quatro estágios arquitetônicos.<br />

FIGURA 4-1<br />

@ 2005 MIT Sloan Center for Information Systems Research. Usado com permissão.<br />

Estágio 1: Silos de Negócios<br />

No estágio dos Silos de Negócios, as empresas concentram seus investimentos em TI na<br />

oferta de soluções para problemas e oportunidades locais de negócios. Essas empresas<br />

59


60 ARQUITETURA DE TI COMO ESTRATÉGIA EMPRESARIAL<br />

podem aproveitar oportunidades de serviços infra-estruturais compartilhados, como uma<br />

central de dados, mas, no entanto, tais serviços acomodam as necessidades exclusivas das<br />

unidades comerciais locais. As empresas nesse estágio não contam com um conjunto<br />

estabelecido de padrões tecnológicos.<br />

O papel da TI no estágio do Silo de Negócios é automatizar processos de negócios<br />

específicos. Com isso, os investimentos em TI são usualmente justificados com base na<br />

redução de custos. Em um ambiente de Silo de Negócios bem administrado, os gerentes<br />

comerciais concebem processos de negócios e especificam a necessária funcionalidade<br />

da TI. Esta última, então, desenvolve ou compra um aplicativo para atender plenamente<br />

aos requisitos. Idealmente, a atividade dos sistemas nesse estágio gera uma solução<br />

100% para a necessidade de negócios especificada.<br />

Do ponto de vista organizacional, as aplicações no estágio dos Silos de Negócios<br />

alinham-se naturalmente com as estruturas setoriais, geográficas ou das unidades comerciais<br />

da empresa. A arquitetura não impõe nenhuma restrição sobre a atividade das<br />

unidades comerciais, estimulando com isso a inovação. Iniciativas estratégicas podem ser<br />

executadas com pouca ou nenhuma restrição de outras partes da empresa. Por conseguinte,<br />

gerentes setoriais, regionais e de fábricas respondem com freqüência positivamente<br />

a aplicativos desenvolvidos em silos. Os Silos de Negócios podem concorrer<br />

por fundos de capital mediante análises de custo-benefício focadas localmente. Os<br />

benefícios do sistema são previsíveis (embora freqüentemente exagerados), e os resultados<br />

são mensuráveis.<br />

Soluções desenvolvidas em uma arquitetura de Silo de Negócios podem aumentar a<br />

competitividade da empresa dentro do contexto da especialização local. Por exemplo, em<br />

um banco de investimentos, a TI é o produto. Novos produtos de investimento têm sua<br />

máxima rentabilidade ao serem lançados pela primeira vez (ou seja, até que os<br />

concorrentes lancem um produto similar). Com isso, o tempo de entrega do produto é<br />

criticamente importante nos bancos de investimento - cada dia que um produto novo<br />

figura no mercado sem nenhum produto concorrente pode significar milhões de dólares<br />

para a empresa inovadora. Os bancos de investimento geram lucros imensos com esses<br />

produtos baseados na TI.<br />

Tais soluções isoladas, contudo, criam um legado de sistemas incapazes de se comunicar<br />

entre si. Muitos profissionais de TI são bastante hábeis em fazer com que<br />

sistemas apartados pareçam integrados, mas os códigos necessários para vincular aplicações<br />

tornam-se cada vez mais complexos. Com o tempo, os sistemas essenciais têm<br />

tantos vínculos com outros sistemas, que mesmo pequenas mudanças são demoradas,<br />

dispendiosas e arriscadas. Mais importante, um ambiente de Silos de Negócios obstrui a<br />

integração e a padronização dos processos de negócios.<br />

Apenas 12% das empresas em nossa pesquisa estavam no estágio dos Silos de Negócios;<br />

a maioria já havia passado dessa primeira fase arquitetônica. Não é a frustração


Percorra os Estágios de Maturidade da <strong>Arquitetura</strong> Empresarial<br />

de sistemas isolados que costuma levar a administração a sair desse estágio. É o custo.<br />

Indústrias mais lucrativas, como a dos bancos de investimento e a farmacêutica, estiveram<br />

entre as últimas a abandonar a arquitetura dos Silos de Negócios. Empresas mais<br />

novas, de rápido crescimento, podem cair facilmente na armadilha de resolver<br />

necessidades imediatas de negócios sem levar em conta as capacidades futuras. No fim<br />

das contas, a necessidade de eficiência nas operações de TI e o desejo de construir uma<br />

plataforma sólida de dados e processos para sustentar o negócio obrigam as empresas a<br />

mudar para o estágio da Tecnologia Padronizada.<br />

Estágio 2: Tecnologia Padronizada<br />

No estágio da Tecnologia Padronizada, as empresas transferem parte de seus investimentos<br />

de TI das aplicações locais para a infra-estrutura compartilhada (figura 4-1).<br />

Nesse estágio, as empresas estabelecem padrões tecnológicos destinados a reduzir o<br />

número de plataformas que administram. Menos plataformas significam menor custo.<br />

Em nosso estudo, empresas com Tecnologia Padronizada tinham orçamentos de TI 15%<br />

mais baixos do que empresas com Silos de Negócios.4 Mas menos plataformas também<br />

significam menos opções de soluções de TI. As empresas estão cada vez mais dispostas a<br />

aceitar essa barganha. Quarenta e oito por cento das empresas de nosso estudo estavam<br />

no estágio da Tecnologia Padronizada.<br />

Como no estágio dos Silos de Negócios, o papel da TI no estágio de Tecnologia<br />

Padronizada é automatizar os processos locais de negócios. A ênfase na administração de<br />

TI, contudo, passa da preocupação com a funcionalidade dos aplicativos para a relação<br />

custo-eficiência e a confiabilidade dos sistemas da empresa. Com isso, a administração<br />

dos padrões tecnológicos é essencial nesse estágio.<br />

No princípio desse estágio, a maioria dos gerentes e desenvolvedores das unidades<br />

de negócios apega-se à crença de que os negócios devem determinar a tecnologia. O<br />

encontro inicial com os padrões tecnológicos é o primeiro momento em que a administração<br />

permite que a TI molde as soluções de negócios. Em pouco tempo, os gerentes<br />

de negócios percebem que a padronização reduz o risco e os custos de serviços<br />

compartilhados (como suporte, manutenção e compras) e que a confiabilidade, a segurança<br />

e o tempo de desenvolvimento melhoram. Quando esses benefícios vêm à tona -<br />

usualmente por meio do benchmarking dos custos e da qualidade do sistema da unidade<br />

de TI -, os gerentes das unidades de negócios logo viram prosélitos. Como observou um<br />

CIO: "<strong>Ti</strong>vemos casos de sucesso em que conseguimos reduzir os custos de pessoal<br />

graças à padronização. Isso nos deu credibilidade. O queixo deles bateu na mesa quando<br />

viram o impacto da padronização na lucratividade".<br />

A maioria das empresas passa para o estágio da Tecnologia Padronizada criando um<br />

papel de CIO corporativo ou conferindo ao CIO responsável autoridade para<br />

61


62 ARQUITETURA DE TI COMO ESTRATÉGIA EMPRESARIAL<br />

regrar as atitudes relativas à TI. Em seguida, o CIO introduz maior eficiência, padronizando<br />

e consolidando plataformas tecnológicas e oferecendo serviços compartilhados<br />

de infra-estrutura. A migração para uma arquitetura de Tecnologia Padronizada muda<br />

fundamentalmente a abordagem da empresa em relação à implementação de soluções.<br />

Em vez de definir a solução e procurar a tecnologia que melhor a implemente, as<br />

empresas nesse estágio negociam a melhor solução possível dadas as plataformas<br />

tecnológicas aceitáveis. O compromisso com os padrões técnicos significa que a aplicação<br />

de TI que melhor se encaixe em termos de funcionalidade pode ser rejeitada por<br />

não ser compatível com a arquitetura tecnológica da empresa.<br />

Além de consolidar e padronizar o hardware, as empresas no estágio da Tecnologia<br />

Padronizada começam a reduzir o número de produtos de software que desempenham<br />

funções similares. Por exemplo, um fabricante reduziu o número de sistemas de gestão<br />

de pedidos de 28 para 4 - um resultado comum em iniciativas de Tecnologia Padronizada.<br />

A padronização tecnológica, contudo, não supera prontamente o problema dos<br />

Silos de Negócios, que são os dados embutidos em aplicações. As empresas desse segundo<br />

estágio usualmente aumentam o acesso a dados compartilhados introduzindo<br />

sistemas de armazenamento, mas os dados de transações continuam embutidos em<br />

aplicações individuais.<br />

Entre as empresas que alcançaram confiabilidade e reduções de custo significativas<br />

por meio da Tecnologia Padronizada, incluem-se a Guardian Life Insurance, a Johnson &<br />

Johnson, a Carlson Companies, a Brady Corp. e a Pfizer. Os gerentes dessas<br />

organizações descobriram que a resistência inicial aos padrões se desvanece, pois passado<br />

algum tempo as batalhas iniciais são esquecidas e as pessoas deixam de questionar<br />

o valor dos padrões ou da estrutura compartilhada. Essa evolução prepara as empresas<br />

para o estágio do núcleo otimizado, em que as práticas de padronização se expandem<br />

para incorporar os dados e os processos de negócios.<br />

Estágio 3: Núcleo Otimizado<br />

No estágio do Núcleo Otimizado, as empresas passam de uma visão local de dados e<br />

aplicações para uma visão empresarial. A equipe de TI elimina a redundância de dados<br />

extraindo dados sobre transações a partir de aplicações individuais e disponibilizando-os<br />

para todos os processos associados. Nesse estágio, as empresas também estão desenvolvendo<br />

interfaces para dados corporativos críticos e, quando apropriado, padronizando<br />

processos de negócios e aplicações de TI. Com isso, os investimentos em TI passam de<br />

aplicações locais e infra-estrutura compartilhada para sistemas empresariais e dados<br />

compartilhados (figura 4-1).<br />

Trinta e quatro por cento das empresas de nosso estudo estavam no estágio do<br />

Núcleo Otimizado. Essas empresas estão trabalhando para digitalizar seus dados cen-


Percorra.os Estágios de Maturidade da <strong>Arquitetura</strong> Empresarial<br />

trais e/ou processos de negócios para espelhar a essência de seu negócio. Elas optaram<br />

por otimizar seus dados, seus processos ou ambos, dependendo de estarem usando um<br />

modelo operacional por Diversificação, Coordenação, Replicação ou Unificação. Uma<br />

vez otimizados e digitalizados os dados ou processos de negócios, torna-se mais difícil<br />

mudá-los de maneira fundamental, mas incluir novos produtos e serviços no núcleo<br />

torna-se mais fácil e mais rápido.<br />

O papel da TI no estágio do Núcleo Otimizado é promover a realização dos objetivos<br />

da empresa construindo plataformas para dados e processos de negócios reutilizáveis. Os<br />

gerentes comerciais que lideram a adoção de arquiteturas de Núcleo Otimizado abraçam<br />

o princípio de que a padronização permite a inovação. Ao proporcionar resultados de<br />

negócios previsíveis, os dados e processos padronizados possibilitam uma inovação<br />

processual mais próxima do cliente.<br />

As plataformas de dados e processos de negócios reutilizáveis das empresas são<br />

compostas por um conjunto de processos centrais totalmente previsíveis. Tanto na Air<br />

Products and Chemicals como na Nestlé, a administração está digitalizando as cadeias de<br />

suprimento usando sistemas de ERP. A UPS construiu seu negócio em torno de um<br />

único banco de dados compacto que dá suporte a seu negócio de entrega de pacotes. A<br />

Delta Air Lines criou seu Sistema Nervoso Delta para representar os requisitos inter-<br />

relacionados da experiência do cliente e das operações das viações aéreas. O Citibank<br />

Asia Pacific estabeleceu um conjunto nuclear de processos bancários padronizados que<br />

poderiam ser difundidos centralmente de Cingapura para mercados tanto novos como<br />

existentes. Em todos esses casos, a digitalização dos principais dados e processos das<br />

empresas proporcionou um alicerce para operações e interações presentes e futuras com o<br />

cliente. A vantagem estratégica exclusiva de cada empresa resultou do que se erigiu sobre<br />

esse alicerce.<br />

Otimizar os processos e dados centrais de uma empresa é um desafio técnico intimidador,<br />

mas os desafios correspondentes para a administração são ainda mais exigentes.<br />

Padronizar dados compartilhados e processos centrais de negócios exige que se retire dos<br />

líderes das unidades comerciais o controle sobre o design dos processos de negócios.<br />

Com isso, o estágio do núcleo otimizado é muito mais difícil de vender aos gerentes de<br />

negócios do que a padronização tecnológica. Um CIO que entrevistamos descreveu a<br />

padronização de dados e processos como "o maior esforço de imposição pelo topo que já<br />

fizemos nesta organização".<br />

No estágio do Núcleo Otimizado, gerentes seniores de TI e negócios aprendem<br />

juntos a articular o modelo operacional da empresa e a identificar as capacidades de TI<br />

necessárias para implementar o modelo operacional. A arquitetura amadurece, permitindo<br />

que a empresa otimize o núcleo e ao mesmo tempo identifique oportunidades de<br />

aproveitá-lo. Uma arquitetura mais modular é o estágio seguinte da maturidade e do<br />

valor de negócio.<br />

63


64 ARQUITETURA DE TI COMO ESTRATÉGIA EMPRESARIAL<br />

Estágio 4: Modularidade dos Negócios<br />

A arquitetura da Modularidade dos Negócios possibilita a agilidade estratégica por meio<br />

de módulos customizados ou reutilizáveis. Esses módulos ampliam a essência do<br />

negócio embutida na infra-estrutura durante o estágio do Núcleo Otimizado. Poucas<br />

empresas atingiram o estágio da Modularidade dos Negócios - 6% de nosso estudo-, por<br />

isso é difícil avaliar como os padrões de investimento em TI mudam conforme as<br />

empresas passam do terceiro para o quarto estágio (figura 4-1).<br />

No quarto estágio, a administração refina e cada vez mais modulariza os processos<br />

que foram digitalizados no terceiro. A administração pode adotar duas abordagens para<br />

essa tarefa. Uma é criar módulos reutilizáveis e permitir que as unidades comerciais<br />

selecionem em um menu de opções processos voltados ao cliente. Por exemplo, por meio<br />

de uma tecnologia conhecida como "serviços da Web", as empresas podem criar serviços<br />

comerciais reutilizáveis mediante interfaces padronizadas para acessar esses módulos e<br />

os dados relacionados. Os serviços da Web podem selecionar módulos de fontes tanto<br />

internas como externas. Uma segunda abordagem é conferir aos gerentes das unidades<br />

comerciais maior poder sobre o projeto de processos de front-end, que eles podem criar<br />

individualmente ou comprar como módulos que se conectam com os dados centrais e<br />

com processos de back-end. Na prática, os gerentes têm a liberdade de injetar<br />

funcionalidade no Núcleo Otimizado.<br />

Em todo caso, o papel da TI em uma arquitetura de Modularidade de Negócios é<br />

proporcionar vínculos ininterruptos entre os módulos dos processos de negócios. A<br />

modularidade não reduz a necessidade de padronização. Cada módulo processual parte<br />

do núcleo padronizado e se vincula a outros processos internos e externos por meio de<br />

interfaces padronizadas. Para continuar a proporcionar todos os benefícios do estágio do<br />

Núcleo Otimizado - eficiência, face única para o cliente, integração processual-, as arquiteturas<br />

modulares estendem, em vez de substituírem, as arquiteturas de Núcleo Otimizado.<br />

Ao assegurar a previsibilidade dos processos centrais, as arquiteturas modulares<br />

proporcionam uma plataforma para a inovação. A arquitetura modular possibilita experimentos<br />

locais, e os melhores podem ser difundidos por toda a empresa. Para possibilitar<br />

isso, o estágio de Modularidade dos Negócios requer negociações entre a alta<br />

administração e executivos de TI para esclarecer quais processos serão padronizados,<br />

quais serão necessários e quais poderão ser desenvolvidos localmente.<br />

Para se beneficiarem de arquiteturas modulares, as empresas precisam aprender a<br />

identificar rapidamente as oportunidades estratégicas que tirem maior proveito de seu<br />

núcleo e, em seguida, a desenvolver ou reutilizar módulos que expandam esse núcleo. Os<br />

módulos reutilizáveis formarão um núcleo mais espesso e mais denso, proporcionando<br />

maiores eficiências ao mesmo tempo em que permitem a customização local.


Percorra os Estágios de Maturidade da <strong>Arquitetura</strong> Empresarial<br />

Módulos adicionais desenvolvidos rapidamente e estritamente focados possibilitam<br />

experimentos estratégicos que respondem a condições mercadológicas mutantes. No estágio<br />

da Modularidade dos Negócios, as empresas reaproveitam a perícia em processos, dados e<br />

padronização tecnológica obtida nos estágios anteriores.<br />

Aprendizado Organizacional: A Chave para<br />

Gerar Valor a partir da <strong>Arquitetura</strong> Empresarial<br />

Conforme transitam pelos estágios arquitetônicos, as empresas mudam fundamentalmente<br />

o modo como fazem negócios. As empresas do estágio 1, que implementam<br />

processos habilitados pela TI sem dar grande atenção às sinergias comerciais com outros<br />

processos, não se parecem em nada com as empresas do estágio 4, em que módulos de<br />

processos de negócios reutilizáveis já se tornaram uma disciplina central e a empresa já<br />

traçou cuidadosamente uma divisa entre processos e dados locais ou gerais. Passar do<br />

estágio 1 para o 4 é uma jornada. Algumas empresas preferem não empreendê-la; outras<br />

vacilam a meio caminho. Compreender tanto a natureza geral da mudança organizacional<br />

a cada estágio como o aprendizado específico ajuda as empresas a gerar valor no estágio<br />

em que se encontram e a se preparar para o seguinte.<br />

Mudando de uma Perspectiva Local para uma Perspectiva da Empresa<br />

Conforme migram pelos estágios arquitetônicos, as empresas mudam seu enfoque da<br />

otimização local para a otimização global. Essa evolução tem implicações importantes<br />

para a flexibilidade organizacional. Mais notavelmente, ao longo do segundo e do<br />

terceiro estágios, as empresas vão trocando a flexibilidade local pela global. A figura 4-2<br />

descreve essa mudança.<br />

No primeiro estágio, os gerentes da unidade de negócios têm pleno controle sobre<br />

seus negócios e decisões de TI. Do ponto de vista da empresa, isso limita a flexibilidade<br />

global. Para que a empresa introduza mudanças globais, todos os gerentes das unidades<br />

comerciais devem primeiro concordar com a mudança, e então precisam implementá-la<br />

simultaneamente. Por outro lado, as empresas do estágio 1 podem ser altamente<br />

responsivas a mudanças no mercado local, não estando constrangidas por mandatos<br />

globais. Além disso, estando aptas - pelo menos em teoria - a insistir em uma solução<br />

100% para suas necessidades de negócios, elas podem conceber seus processos de<br />

negócios dentro de especificações precisas e definir requisitos de TI para dar suporte a<br />

esses processos.<br />

65


66 ARQUITETURA DE TI COMO ESTRATÉGIA EMPRESARIAL<br />

FIGURA 4-2<br />

Mudanças na flexibilidade organizacional ao longo dos estágios arquitetõnicos<br />

Alta<br />

flexibilidade<br />

Baixa<br />

flexibilidade<br />

Maturidade da arquitetura<br />

Silos de<br />

Negócios<br />

Tecnologia<br />

Padronizada<br />

Núcleo<br />

Otlmlzado<br />

@ 2005 MIT Sloan Center for Information Systems Research e IMD. Usado com permissão.<br />

Modularidade<br />

dos Negócios<br />

Flexibilidade<br />

global<br />

Flexibilidade<br />

local<br />

No estágio da Tecnologia Padronizada (estágio 2), as unidades comerciais renunciam<br />

a parte de seu arbítrio sobre as decisões técnicas. Trabalhando dentro das restrições (e<br />

benefícios) de padrões técnicos, os gerentes das unidades comerciais locais contentam-se<br />

cada vez mais com a solução 80%, que reduz a flexibilidade local. Entretanto, o uso de<br />

tecnologias padronizadas aumenta a flexibilidade global ao reduzir a complexidade<br />

técnica e, com isso, o tempo de implementação.<br />

A mudança organizacional é sentida mais profundamente no terceiro estágio. O<br />

núcleo otimizado significa que os gerentes locais perdem arbítrio sobre os processos de<br />

negócios centrais e, por vezes, sobre as pessoas e sistemas que os executam. Padrões de<br />

dados e processos válidos na empresa como um todo perturbam os padrões decisórios<br />

locais. Em alguns casos, projetos de padronização processual (em compras, por exemplo)<br />

introduzem processos localmente imperfeitos em favor de processos mais bem adaptados<br />

às necessidades globais da empresa. Mas a flexibilidade global aumenta conforme os<br />

dados se tornam mais transparentes e os processos mais comparáveis e previsíveis.<br />

No quarto estágio, a Modularidade dos Negócios, a flexibilidade aumenta tanto local<br />

como globalmente. Com uma plataforma sólida de processos, dados e tecnologias<br />

centrais, a empresa pode acoplar rapidamente módulos de negócios em qualquer nível, e<br />

interfaces modulares simplificam a implementação de mudanças. Por exemplo, o ING<br />

DlRECT permite que os gerentes locais troquem os módulos que utilizam em resposta a<br />

regulamentos e requisitos locais, mas a empresa espera que seus gerentes


Percorra os Estágios de Maturidade da <strong>Arquitetura</strong> Empresarial<br />

nacionais usem módulos padronizados sempre que possível, para manter os custos<br />

baixos. Os executivos podem decidir o grau de flexibilidade que desejam que os gerentes<br />

locais usufruam. A MeadWestvaco, como fabricante de papel, concentra-se em controlar<br />

custos. Construir módulos sobre seu sistema de ERP dará aos gerentes locais maior<br />

autonomia nas decisões de marketing. Decisões sobre a manufatura, por outro lado,<br />

permanecerão mais padronizadas para maximizar a eficiência. A habilidade de<br />

customizar capacidades globais na medida do apropriado é o benefício do estágio da<br />

Modularidade dos Negócios.<br />

A mudança da flexibilidade entre a administração local e a global destaca a magnitude<br />

da mudança conforme as empresas avançam pelos estágios de maturidade arquitetônica.<br />

Em alguns casos, os gerentes resistem a tais mudanças. Em todos os casos,<br />

eles precisam aprender novas atitudes. O tempo necessário para aprendê-las significa que<br />

os benefícios esperados da maturidade arquitetônica podem sofrer atrasos. É importante<br />

que gerentes tanto de negócios como de TI reconheçam a necessidade de reservar tempo<br />

para o aprendizado. De outro modo, gerentes afoitos podem alocar grandes somas de<br />

dinheiro para atualizações técnicas, somente para descobrir que a organização é incapaz<br />

de absorver as capacidades que a nova tecnologia disponibiliza.<br />

Em razão das grandes mudanças organizacionais encontradas a cada novo estágio,<br />

descobrimos que as empresas não podem pular estágios. Observamos várias tentativas<br />

frustradas de pulá-los - por exemplo, uma empresa fabril, que implementou um sistema<br />

de ERP e pulou do estágio 1 para o 3, e um banco de investimento, que implementou<br />

serviços da Web e pulou do estágio 1 para o 4. Essas empresas investiram recursos significativos<br />

em tecnologias destinadas a promover transformações. A administração descobriu,<br />

contudo, que as mudanças organizacionais excediam a capacidade das empresas de<br />

se transformarem. Após uma grande implementação de ERP, um gerente de fábrica<br />

declarou: "Sinto-me como se houvéssemos apagado as luzes mas continuássemos tentando<br />

trabalhar assim mesmo". Outro disse: "Parece que estou de ponta-cabeça e insistindo<br />

em administrar". Em várias das empresas com que conversamos, implementações<br />

de ERP que tentavam pular estágios tiveram de ser canceladas ou removidas.<br />

Aprendendo a Se Beneficiar dos Quatro Estágios Arquitetônicos<br />

As empresas gradualmente aprendem a se adaptar às mudanças exigidas por novos<br />

estágios. Através desse processo de aprendizado, as empresas geram valor a partir de seu<br />

estágio atual. A tabela 4-1 apresenta um sumário das mudanças associadas a cada novo<br />

estágio. Duas características definem todos os quatro estágios: (1) a capacidade de TI<br />

sendo desenvolvida e (2) as implicações estratégicas de negócios dessa capacidade. Para<br />

dar suporte a essas características em evolução, as empresas precisam adquirir<br />

conhecimentos em cinco áreas:<br />

67


68<br />

ARQUITETURA DE TI COMO ESTRATÉGIA EMPRESARIAL<br />

1. Os objetivos de negócios, conforme expostos em um argumento comercial formalizado<br />

(um documento identificador dos custos e benefícios esperados)<br />

2. A prioridade de custeio especificando o enfoque em grandes iniciativas de TI<br />

3. As principais capacidades administrativas para gerar benefícios a partir de novas<br />

capacidades de TI<br />

4. A responsabilização primária dos gerentes pela definição de aplicações<br />

5. Questões chave de governança de TI<br />

O aprendizado organizacional bem-sucedido em cada dimensão resulta em maior<br />

valor de negócio e aumenta a importância estratégica da TI na empresa. A fileira inferior<br />

da tabela 4-1 identifica as implicações estratégicas de cada estágio.<br />

TABELA 4-1<br />

Requisitos de aprendizado dos estágios arquitetônicos<br />

Silos de Tecnologia Núcleo Modularldade<br />

Negócios Padronizada Otimizado dos Negócios<br />

<strong>Cap</strong>acidade de TI Aplicações locais de Plataformas técnicas Processos ou dados Módulos acopláveis<br />

TI comuns compartilhados por de processos<br />

toda a empresa comerciais<br />

Objetivos de ROI de iniciativas de Custos de TI Custo e qualidade Rapidez para<br />

negócios negócios locais reduzidos das operações de comercializar;<br />

negócios agilidade estratégica<br />

A prioridade de Aplicações Serviços infra- Aplicações da Componentes de<br />

custeio individuais estrutu rais empresa processos de<br />

compartilhados negócios reutilizáveis<br />

Principal Gestão de mudanças Projeto e atualização Definição e Administração de<br />

capacidade por meio da de padrões; custeio mensuração de processos de<br />

administrativa tecnologia de serviços comuns processos centrais da negócios reutilizáveis<br />

empresa<br />

Quem define as Líderes de negócios Líderes das unidades Alta administração e Líderes de TI, de<br />

aplicações locais comerciais e de TI líderes de processos<br />

negócios e da<br />

Indústria<br />

Questões-chave de Mensurar e Estabelecer Alinhar as prioridades Definir, atribuir e<br />

governança de TI comunicar valor responsabilidades dos projetos com custear módulos de<br />

locais/regionais/ objetivos da negócios<br />

globais arquitetura<br />

Implicações Otimização local/ Eficiência da TI Eficiência operacional Agilidade estratégica<br />

estratégicas setorial dos negócios<br />

Fonte: Adaptado de Jeanne W. Ross, "Creating a Strategic IT Architecture Competency: Learning in Stages", M/S Quarter/y Executive 2, nO 1<br />

(março de 2003): p. 31-43.<br />

@2005 MIT Sloan Center for Information Systems Research. Usado com permissão.


Percorra os Estágios de Maturidade da <strong>Arquitetura</strong> Empresarial<br />

Objetivos de negócios para a TI<br />

No estágio 1, as empresas costumam elaborar um argumento comercial para os<br />

investimentos em TI, estimando o retorno financeiro sobre o investimento. Os resultados<br />

esperados dos projetos tendem a ser localizados e mensuráveis. No estágio 2, as<br />

empresas tipicamente elaboram seu argumento comercial com base em reduções de<br />

custos de TI na empresa como um todo. Desde que esses custos estejam documentados<br />

antes da padronização, o impacto dos novos investimentos pode ser avaliado. No estágio<br />

3, a administração enfrenta um desafio mais difícil, que é o de mensurar melhorias<br />

processuais entre setores ou unidades comerciais. Relacionar os benefícios com a<br />

lucratividade pode ser difícil; eles são antes observáveis na maior satisfação dos clientes,<br />

na redução de ineficiências e no uso de recursos organizacionais, ou em operações mais<br />

eficientes. No quarto estágio, o argumento comercial baseia-se em indicadores como a<br />

velocidade de comercialização ou a agilidade estratégica. Passar do estágio 1 ao estágio<br />

4 aumenta geralmente a reutilização de serviços de TI (estágio 2), dados e processos<br />

(estágio 3) e módulos de negócios (estágio 4), com melhorias associadas em custos e na<br />

velocidade de comercialização. No processo de passar de um estágio para o seguinte, as<br />

empresas aprendem a lidar com esses indicadores.<br />

Custeando prioridades<br />

A exemplo das mudanças no argumento comercial, as prioridades de custeio mudam<br />

conforme as empresas avançam pelos estágios. Essas mudanças alinham-se com mudanças<br />

em seus padrões de investimento já discutidos neste capítulo.<br />

Principais capacidades administrativas<br />

Para gerar valor a partir de investimentos em TI, os gerentes devem comandar as<br />

mudanças processuais possibilitadas pela nova tecnologia. Se os processos de negócios<br />

não mudam quando novas tecnologias são instaladas, o investimento tem menos valor.<br />

Conforme as empresas amadurecem sua arquitetura, o enfoque da administração<br />

transcende as mudanças nos processos de negócios locais. Os gerentes desenvolvem a<br />

capacidade de promover mudanças na empresa como um todo, primeiro com base em<br />

padrões tecnológicos, e depois com base em padrões para dados e processos. No momento<br />

em que a empresa atinge o estágio 4, toda a organização já se habituou à disciplina<br />

de implementar, manter e aproveitar padrões. A empresa está pronta para enfrentar<br />

o desafio do estágio 4 de construir a partir de suas plataformas comerciais, com módulos<br />

de processos de negócios projetados interna e externamente.<br />

A transição do estágio 1 para o estágio 2 introduz novos níveis de disciplina no<br />

processo organizacional. Essa disciplina começa lentamente e concentra-se no uso e na<br />

administração da TI. O terceiro estágio expande em muito a necessidade de disciplina, e<br />

o quarto estágio depende de uma cultura de disciplina. Membros da organização<br />

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70 ARQUITETURA DE TI COMO ESTRATÉGIA EMPRESARIAL<br />

aprendem com o tempo a projetar, implementar e utilizar padrões. O indivíduo pode ver<br />

todo e qualquer padrão como uma restrição desnecessária ou um mecanismo simplificador.<br />

Sua visão será moldada consideravelmente por até que ponto a empresa<br />

adotou uma cultura de disciplina. Um componente-chave dessa disciplina inclui incentivos<br />

alinhados (ou seja, o devido balanço entre alvos de desempenho locais e da<br />

empresa em geral).<br />

Quem define as aplicações<br />

No primeiro estágio, os gerentes de negócios locais usualmente definem as aplicações<br />

que darão suporte a necessidades de negócios locais. No estágio 2, os líderes de TI<br />

assumem maior liderança por toda a empresa. Os líderes de negócios ainda estabelecem<br />

requisitos, mas os de TI definem possíveis soluções e os padrões tecnológicos impõem<br />

limites. No estágio 3, a busca por soluções empresariais envolve a alta administração e,<br />

finalmente, líderes de processos corporativos de alto nível. No quarto estágio, os líderes<br />

da indústria ajudam a definir aplicações estabelecendo padrões industriais, enquanto os<br />

líderes de TI e de negócios deliberam sobre soluções para a empresa. A mudança em<br />

quem define as aplicações reflete-se em desafios de implementação. Conforme perdem o<br />

controle estrito sobre os requisitos de aplicações, os líderes de negócios acham mais<br />

difícil incumbir-se das mudanças nos processos de negócios.<br />

Governança de TI<br />

No estágio 1, a governança de TI concentra-se em assegurar a efetividade dos<br />

investimentos em TI e da prestação de contas mediante o desenvolvimento cuidadoso de<br />

argumentos comerciais e da gestão efetiva de projetos. No segundo estágio, a empresa<br />

precisa definir mecanismos efetivos de governança para implementar e manter os padrões<br />

técnicos. A governança no estágio 3 enfatiza a necessidade de implementar objetivos<br />

de negócios da empresa, enquanto o estágio 4 exige a governança dos módulos<br />

dos processos de negócios.<br />

Aprender Leva Tempo - Não Pule Estágios<br />

Embora possam contratar gerentes com experiência no estágio 3 - e talvez até mesmo<br />

no estágio 4 -, as empresas não têm como contratar uma liderança que permita à<br />

empresa inteira pular um estágio. Aprender leva tempo. As empresas diferem no tempo<br />

que essas transições exigem, mas em grandes empresas cada estágio exige vários anos.<br />

Na Delta Air Lines e no governo do Distrito de Columbia a distinção entre a Tecnologia<br />

Padronizada e o Núcleo Otimizado estava obscurecida. Ambas as organizações estavam<br />

em crise ao iniciarem seus esforços arquitetônicos. A Delta estava


Percorra os Estágios de Maturidade da <strong>Arquitetura</strong> Empresarial<br />

preocupada quanto a sua capacidade de sobreviver ao Bug do Milênio, e o governo de<br />

D.C. estava falindo. Na Delta, a administração mudou agressivamente dos Silos de<br />

Negócios para a Tecnologia Padronizada e para o Núcleo Otimizado entre 1997 e 2001.<br />

O governo de D.C.levou seis anos (1999-2005) para fazer a mesma transição. Essas duas<br />

organizações aceleraram o estágio de Tecnologia Padronizada, mas reservaram um<br />

período mais longo para desenvolver seu Núcleo Otimizado.<br />

As mudanças são menos perturbadoras em empresas que seguem um estágio por vez.<br />

A Guardian Life Insurance reconheceu benefícios significativos na redução de custos<br />

durante um estágio de três anos com Tecnologia Padronizada. A administração da<br />

Guardian concentrou-se em extrair o valor máximo daquele estágio antes de passar ao<br />

seguinte. A Air Products and Chemicals também amenizou o choque da mudança<br />

organizacional. Enquanto muitas empresas na indústria de petróleo e gás tentavam pular<br />

do estágio 1 para o 3 implementando sistemas de ERP, a Air Products passou<br />

deliberadamente pela Tecnologia Padronizada antes de embarcar no Núcleo Otimizado.<br />

O resultado foi uma transição mais fácil do estágio 2 para o 3 e uma única implementação<br />

global de seu sistema de ERP.<br />

Devido às forças que motivam as empresas a otimizar seus núcleos, pode ser difícil<br />

avançar pelos estágios um a um. Mas nossa experiência nos diz que não há outra forma.<br />

Aprender através dos estágios arquitetônicos envolve tanto a tecnologia como os<br />

processos de negócios. Pelo lado da tecnologia, as empresas aprendem a investir seus<br />

dólares para causar o máximo de impacto, a estimar o valor de diferentes oportunidades<br />

de investimento em TI, a administrar os padrões tecnológicos e assegurar a observância,<br />

e a comunicar o valor da TI. Pelo lado dos processos de negócios, as organizações<br />

aprendem a projetar e administrar processos empresariais, a instilar disciplina em sua<br />

execução, a fazer uso das capacidades de TI em suas iniciativas processuais, a comandar<br />

mudanças habilitadas pela TI e a definir os componentes dos processos. Não basta que<br />

apenas os gerentes seniores compreendam esses conceitos. O aprendizado organizacional<br />

deve impregnar toda a empresa para que esta aproveite a TI e os processos centrais de<br />

negócios.<br />

Construir a arquitetura de uma empresa é um processo longo e desafiador. Ele<br />

envolve negociações contínuas sobre a estratégia comercial da empresa e sobre como a<br />

TI molda e responde a essa estratégia. Também envolve a definição de uma arquitetura<br />

tecnológica-alvo (ou seja, a tecnologia para infra-estrutura, dados e aplicações) e a busca<br />

perseverante dessa arquitetura, mesmo em épocas em que as necessidades imediatas de<br />

negócios imploram por concessões.<br />

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72 ARQUITETURA DE TI COMO ESTRATÉGIA EMPRESARIAL<br />

Como Aplicar os Estágios de Maturidade da <strong>Arquitetura</strong> em<br />

Sua Empresa<br />

Conforme embarcam em sua jornada pela arquitetura empresarial, as empresas<br />

encontram seu próprio Big Dig. Seu desafio é desenvolver novas capacidades de negócio<br />

antes de desmantelar as antigas. Como o Big Dig de Boston - que abriu separadamente<br />

um grande túnel, e então uma grande ponte, e então uma grande artéria, e, finalmente,<br />

um conjunto de importantes trevos -, as empresas podem gerar benefícios significativos<br />

com melhorias incrementais em suas arquiteturas. Diversamente do projeto Big Dig, elas<br />

têm o benefício de um mapa rodoviário derivado de outras empresas bem-sucedidas que<br />

empreenderam a mesma jornada. Como um incentivo adicional, elas regularmente geram<br />

benefícios com pequenos projetos voltados a necessidades comerciais específicas<br />

conforme avançam rumo a uma arquitetura empresarial e a uma plataforma de execução.<br />

Por exemplo, o CIO da Guardian Life, Dennis Callahan, descobriu que os custos da<br />

unidade de TI começaram a cair já nos primeiros esforços do estágio 2, e que<br />

continuaram a cair nos anos seguintes.<br />

O objetivo da arquitetura empresarial está menos em atingir um estado final particular<br />

do que em reconhecer o rumo que a empresa está seguindo. Atravessar os estágios<br />

arquitetônicos permite que as empresas acumulem benefícios. O modelo em quatro<br />

estágios oferece uma série de lições a empresas que tentam gerar mais valor a partir da<br />

TI e implementar maior disciplina processual:<br />

· Concentrar esforços arquitetônicos em processos organizacionais estratégicos.<br />

Exercícios arquitetônicos que procurem estabelecer elos entre aplicações, dados e<br />

infra-estrutura para todos os processos comerciais de uma empresa quase que<br />

certamente se estagnarão. Nenhuma empresa consegue eliminar todos os seus<br />

silos. As melhores concentram-se em eliminar os silos que limitam a agilidade e a<br />

eficiência nos negócios.<br />

· Avançar incrementalmente. Pular estágios resulta ou em fracassos ou em benefícios<br />

protelados. As empresas se beneficiarão mais de pequenas melhorias em seu<br />

estágio existente do que de incursões mais arriscadas e prematuras por estágios<br />

posteriores.<br />

· Reconhecer que organizações complexas têm arquiteturas empresariais em múltiplos níveis.<br />

Como arquiteturas em diferentes níveis da empresa dão suporte a objetivos de<br />

negócios diversos, elas podem estar em estágios de maturidade diferentes. Cada<br />

estágio requer seu próprio conjunto de práticas administrativas (ver tabela 4-1),<br />

que devem, em seguida, ser coordenadas na empresa como um todo.<br />

· Construir uma capacidade arquitetônica da casa. Gerentes inexperientes podem<br />

querer ajudar, mas negociações que conduzam à compreensão da estratégia de


Percorra os Estágios de Maturidade da <strong>Arquitetura</strong> Empresarial<br />

negócios e da arquitetura de TI exigem um relacionamento de trabalho estreito<br />

entre os negócios e a TI. Um diálogo contínuo sobre as relações entre processos de<br />

TI e de negócios é essencial para uma arquitetura empresarial efetiva. E, como<br />

discutiremos no capítulo 7, você pode terceirizar iniciativas arquitetônicas, mas<br />

não pode terceirizar a tomada de decisões arquitetônicas.<br />

· Buscar a Modularidade dos Negócios. Nossa pesquisa constatou que empresas<br />

com arquiteturas mais maduras declaravam ter maior sucesso na concretização de<br />

metas estratégicas. E as empresas que declaravam maior sucesso em atingir suas<br />

metas estratégicas tinham maior retorno médio sobre o capital investido.<br />

Empresas com um modelo operacional de Diversificação podem ter pouca necessidade<br />

de avançar além dos estágios 1 ou 2 (embora mesmo as empresas com<br />

Diversificação estejam cada vez mais implementando serviços compartilhados que<br />

se beneficiam de reflexões sobre a maturidade arquitetônica). Todas as outras<br />

empresas se beneficiarão da flexibilidade oferecida pela Modularidade dos<br />

Negócios.<br />

As empresas colhem uma série de benefícios ao construir sua arquitetura empresarial.<br />

Mas o processo de gerar esses benefícios envolve muito aprendizado - sobre a<br />

direção estratégica da empresa, sobre como a TI contribui com essa direção e sobre<br />

como administrar as capacidades processuais de TI e de negócios. No próximo capítulo<br />

nós discutiremos os benefícios que uma arquitetura eficiente pode proporcionar a cada<br />

estágio, bem como as práticas administrativas que ajudam as empresas a adquirir e<br />

formalizar o aprendizado necessário.<br />

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