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Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

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Há sim, e, intuitivamente, po<strong>de</strong>mos dizer que atravessar a rua é um evento que<br />

tem um fim, que é justamente chegar do outro lado da rua; mas correr não tem um fim,<br />

não<br />

tem um limite, em si mesmo.<br />

Diferenças como essa são fundamentais para o estudo dos verbos, e, na seção<br />

abaixo, veremos que, para compor o domínio tempo-aspectual, ao lado da referência<br />

temporal e do aspecto, resta ainda estabelecermos o “sub-domínio” da acionalida<strong>de</strong><br />

(a<br />

chamada<br />

Aktionsart), responsável por noções como télico (do grego “telos”, fim),<br />

atélico, estativo, durativo, etc.<br />

5. Acionalida<strong>de</strong><br />

Recapitulando, temos que a referência temporal e o aspecto são os componentes que nos<br />

dão, respectivamente, a localização <strong>de</strong> um evento na linha do tempo e a representação<br />

<strong>de</strong> sua completu<strong>de</strong> ou incompletu<strong>de</strong>.<br />

Contudo, há ainda uma terceira noção que<br />

<strong>de</strong>sempenha um papel fundamental no estudo dos fenômenos pertencentes ao domínio<br />

tempo-aspectual: a acionalida<strong>de</strong>.<br />

Por acionalida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos enten<strong>de</strong>r<br />

o tipo <strong>de</strong> evento, especificado <strong>de</strong> acordo com um número limitado <strong>de</strong><br />

proprieda<strong>de</strong>s relevantes […]. As oposições básicas são aquelas entre<br />

eventos pontuais vs. durativos, télico vs. atélicos e estátivos vs.<br />

dinâmicos. Isso nos permite isolar as seguintes quatro classes:<br />

estativos, ativida<strong>de</strong>s, accomplishments e achievements. (Bertinetto,<br />

1994, p. 392, trad. nossa).<br />

Vejamos<br />

com mais <strong>de</strong>talhes o que isso, e esses nomes aparentemente estranhos (e<br />

também “intraduzíveis”), quer dizer.<br />

Em primeiro lugar, não estamos aqui diante <strong>de</strong> características dêiticas dos<br />

eventos; <strong>de</strong> fato, com relação a isso temos<br />

apenas que olhar para a referência temporal<br />

(e também para a categoria <strong>de</strong> pessoa, mas<br />

isso é outra história...). Parece então que o<br />

que<br />

temos aqui é algo que <strong>de</strong>ve ser como o aspecto, não-dêitico, e também, quem sabe,<br />

apenas do nível “das <strong>de</strong>scrições” dos eventos. Porém, um argumento contra a unificação<br />

<strong>de</strong> aspecto e acionalida<strong>de</strong> é que po<strong>de</strong>mos utilizar o mesmo aspecto<br />

com acionalida<strong>de</strong>s<br />

diferentes, tendo resultados lógico-lingüísticos diferenciados; mostrar isso é justamente<br />

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