12.04.2013 Views

Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

=><br />

(66b) João correu ontem.<br />

O contraste entre essas duas sentenças<br />

é que a partir <strong>de</strong> (65a) não po<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos inferir<br />

(65b) (em outros termos, (65a) não acarreta (65b)), mas <strong>de</strong> (66a) po<strong>de</strong>mos inferir (66b)<br />

((66a) acarreta (66b)). Vamos enten<strong>de</strong>r o que acontece<br />

aqui em suas etapas:<br />

1)<br />

para enten<strong>de</strong>r o que quer dizer uma sentença como (65a), mesmo no progressivo, é<br />

preciso contar com o final do evento que ela veicula, com ele terminado, justamente<br />

para saber como é esse evento (isto é, ‘atravessar a rua’ se refere a um evento <strong>de</strong><br />

atravessar a rua até o final);<br />

2) contudo, o progressivo nos impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> saber o fim do evento, porque nos apresenta o<br />

evento no seu <strong>de</strong>senrolar;<br />

3) se precisamos do evento concluso para entendê-lo (ponto (1)), e o progressivo<br />

nos<br />

impe<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> saber sobre o fim do evento (ponto (2)), não conseguiremos enten<strong>de</strong>r<br />

corretamente a sentença que contém tal evento;<br />

4) porém, <strong>de</strong> uma forma ou <strong>de</strong> outra, damos<br />

conta disso, i.e., enten<strong>de</strong>mos (65a).<br />

É na relação entre esses quatro passos, principalmente na aparente contradição entre (3)<br />

e (4), que resi<strong>de</strong> algo <strong>de</strong> paradoxal... mas preferimos,<br />

como muitos outros autores,<br />

chamar essa situação <strong>de</strong> quebra-cabeças. Para montá-lo, falta, entretanto, ainda uma<br />

peça.<br />

Notamos que, se colocarmos em paralelo as sentenças (65a, b) e (66a, b), elas<br />

têm as mesmas características:<br />

(65a) aspecto imperfectivo progressivo / ME(LT) – MF<br />

(66a)<br />

aspecto imperfectivo progressivo / ME(LT) – MF<br />

(65b) aspecto perfectivo / ME(LT) – MF<br />

(66b)<br />

aspecto perfectivo / ME(LT) – MF<br />

Por<br />

que então somente (66a) permite a inferência para (66b), e (65a) não permite para<br />

(66b)? Há alguma diferença entre os<br />

eventos <strong>de</strong> (66a, b) e (65a, b)?<br />

94

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!