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Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

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O evento<br />

<strong>de</strong> “Célio chegar” (ME) dar-se-á em um momento posterior ao proferimento<br />

<strong>de</strong>ssa sentença (MF) (mais precisamente “amanhã” (LT)).<br />

Faça o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong><br />

(32) na linha do tempo.<br />

(33) Leandro tinha encontrado a chave antes <strong>de</strong> ir embora (ontem).<br />

ME(LT) – MR – MF (lê-se ME antes <strong>de</strong> MR e MR antes <strong>de</strong> MF) ou ME(LT) < MR <<br />

MF<br />

O evento <strong>de</strong> “Leandro encontrar a chave” (ME) se <strong>de</strong>u em um momento anterior ao<br />

evento<br />

<strong>de</strong> “Leandro ir embora” (MR) e Leandro foi embora antes do proferimento <strong>de</strong>ssa<br />

sentença (MF) (mais precisamente “ontem” (LT)).<br />

Faça<br />

o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> (33) na linha do tempo.<br />

Com relação à referência temporal, <strong>de</strong>vemos ressaltar pelo menos três pontos. O<br />

primeiro refere-se ao caráter dêitico do MF, momento a partir do qual é estabelecido<br />

todo o “cálculo temporal”, ou seja, qualquer evento é “coinci<strong>de</strong>nte”, “passado” ou<br />

“futuro” em relação, inicialmente, ao momento<br />

em que é proferido, isso “confirma a<br />

intuição corrente <strong>de</strong> que o fundamento direto ou indireto da interpretação das formas<br />

verbais flexionadas em tempo é a [...] referência à própria situação <strong>de</strong> enunciação”<br />

(Ilari, 1997:15).<br />

Nem sempre é o MF que tem esta função. Quando se trata <strong>de</strong> um texto histórico, por<br />

exemplo,<br />

este momento dêitico que se toma como referência para se localizar um evento<br />

po<strong>de</strong> ser estabelecido discursivamente. Os eventos em itálico são computados em<br />

função do MF, que agora é 1812:<br />

“Era 1812, pouco antes da Batalha <strong>de</strong> Borodino. A antecipação da batalha que se seguia<br />

era palpável. Napoleão acaba <strong>de</strong> acordar. Ele está se preparando para inspecionar as<br />

tropas<br />

e ver que elas estão preparadas para a batalha que irá <strong>de</strong>terminar o <strong>de</strong>stino da<br />

Europa.” (adaptado <strong>de</strong> Hornstein, 1991, p. 11).<br />

Um segundo ponto a ser consi<strong>de</strong>rado é a relevância do MR. Conforme as<br />

consi<strong>de</strong>rações acima, esse momento aparece apenas em tempos como o mais-que<br />

perfeito<br />

e o “futuro perfeito”, como ‘tinha feito’ (‘fizera’) e ‘terá feito’,<br />

respectivamente. A razão disso é que<br />

essas referências temporais localizam eventos<br />

levando em conta não somente o MF, mas necessariamente<br />

um outro momento. Essa<br />

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