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Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

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Até aqui, já vimos que o verbo po<strong>de</strong> ser visto como uma matriz <strong>de</strong> lugares a<br />

serem preenchidos para termos uma sentença completa, sendo, portanto, o “coração”<br />

das sentenças; vimos também que ele relaciona diferentemente os seus argumentos, e,<br />

por fim, que uma maneira interessante <strong>de</strong> darmos conta <strong>de</strong> nossas intuições sobre<br />

inferência<br />

<strong>de</strong> sentenças verbais é através da noção <strong>de</strong> evento, que, além <strong>de</strong> ser elegante,<br />

conserva tudo o que dissemos sobre o verbo como matriz e sobre papéis temáticos. Mas<br />

há ainda muito mais a ser dito sobre o papel dos verbos. Nas seções abaixo<br />

trataremos,<br />

respectivamente, do tempo verbal, noção central para o estudo do verbo, bem como do<br />

aspecto e das classes acionais.<br />

3.<br />

Tempo<br />

O que as gramáticas costumeiramente chamam “tempo<br />

verbal” são, <strong>de</strong> fato,<br />

formas<br />

morfológicas que carregam muitas informações além daquela que po<strong>de</strong>ríamos<br />

chamar <strong>de</strong> “temporal”. Convém, então, separar logo <strong>de</strong> início a morfologia do verbo e<br />

as noções que comporão o “lado semântico” das formas verbais. Assim, por “tempo<br />

verbal” enten<strong>de</strong>remos as formas em que um verbo po<strong>de</strong> aparecer flexionado, sua<br />

morfologia, o que encontramos nas gramáticas sob os nomes <strong>de</strong> “pretérito perfeito (do<br />

indicativo)”,<br />

“presente (do indicativo)”, “futuro (do indicativo)”. Aos sentidos das<br />

formas verbais que se relacionam com o tempo, ou, melhor dizendo, com a localização<br />

temporal <strong>de</strong> eventos, chamaremos <strong>de</strong> “referência temporal”.<br />

Uma boa maneira <strong>de</strong> sistematizar as referências temporais dos verbos, até hoje<br />

muito utilizada pelos lingüistas,<br />

é a que foi proposta pelo filósofo e lógico Hans<br />

Reichenbach,<br />

em 1947. O tratamento das referências temporais por ele proposto leva em<br />

conta três “momentos”, a saber: o momento <strong>de</strong> fala (MF), que é o momento em que a<br />

sentença é proferida; o momento <strong>de</strong> evento (ME), que é o momento em que o evento<br />

propriamente dito ocorre; e o momento <strong>de</strong> referência<br />

(MR), que é um momento<br />

utilizado para estabelecer a localização<br />

<strong>de</strong> um evento para além da especificação dada<br />

pelo MF, obrigatório em tempos como o mais-que-perfeito do indicativo.<br />

Além <strong>de</strong>sses momentos, lançaremos mão aqui <strong>de</strong> uma outra noção, proposta em<br />

Bertinetto (1982), que é a localização temporal (LT); a LT indica em<br />

que momento (do<br />

tempo,<br />

i.e., hora ou data) o ME ocorre; facultativa na especificação da referência<br />

temporal <strong>de</strong> eventos, a LT virá entre parêntesis.<br />

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