12.04.2013 Views

Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

(6’) A’(p) = a porta está na <strong>de</strong>notação <strong>de</strong> abrir, ou seja, é um elemento do conjunto das<br />

coisas abertas.<br />

O problema com essa análise é que formalmente<br />

temos dois predicados distintos: em<br />

(5’) ‘abrir’ é um predicado <strong>de</strong> dois lugares, uma relação entre João<br />

e uma porta em<br />

particular, ao passo que em (6’) ‘abrir’ é um<br />

predicado <strong>de</strong> um lugar; uma proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

uma porta particular. Foi por isso que utilizamos duas representações distintas, A e A’.<br />

A ina<strong>de</strong>quação <strong>de</strong>ssa análise está no fato <strong>de</strong> que o<br />

79<br />

falante sabe que (5) e (6) se<br />

relacionam. Sabe mais, sabe<br />

que a porta tanto em (5) quanto em (6) é sempre o que<br />

sofre a ação <strong>de</strong> ser aberta, e que ela não é agente em (6). Sabe<br />

ainda que esse mesmo<br />

tipo<br />

<strong>de</strong> relação entre (5) e (6) ocorre em outros pares na língua (sentenças em (19) e<br />

(20)) e em outros não (as sentenças em (21) e (22)):<br />

(19) Maria <strong>de</strong>rreteu o queijo.<br />

(20) O queijo <strong>de</strong>rreteu.<br />

(21) João comprou o livro.<br />

(22) * O livro comprou.<br />

Da fato, através das consi<strong>de</strong>rações que fizemos aqui, não parece que uma<br />

resposta para o problema <strong>de</strong> explicar essas inferências esteja em uma consi<strong>de</strong>ração mais<br />

<strong>de</strong>talhada dos papéis temáticos, mas, antes, em uma exploração maior da forma lógica<br />

das sentenças e dos predicados envolvidos nelas. Veremos um pouco disso abaixo.<br />

2. Eventos<br />

Até o momento, trabalhamos com a idéia <strong>de</strong> que a referência<br />

<strong>de</strong> um verbo <strong>de</strong><br />

dois<br />

lugares, por exemplo, é um conjunto <strong>de</strong> pares or<strong>de</strong>nados <strong>de</strong> indivíduos. Mas há<br />

uma outra maneira, talvez mais intuitiva, <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a referência <strong>de</strong> “verbos”, que foi<br />

introduzida pelo filósofo Donald Davidson (1967). O problema colocado por Davidson,<br />

muito parecido aliás com o que estamos lidando aqui, é o seguinte: como é que<br />

conseguimos<br />

<strong>de</strong>screver as relações <strong>de</strong> acarretamento existentes entre as sentenças<br />

abaixo:<br />

(23) Brutus apunhalou César às 3 horas da tar<strong>de</strong> com seu punhal <strong>de</strong> ouro.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!