Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

Pedro”, para o primeiro caso, e “da casa” para o segundo. Vale a pena notar ainda, no
último caso, a presença de uma nominalização e do uso da preposição, comparando com
‘João viu destruírem
a casa.’
Sentenças
como (3) e (4) podem ser formalizadas lançando mão da idéia de predicados
e argumentos
(constantes individuais ou variáveis). Usando o cálculo de predicado,
podemos representar
(3) João beijou a Maria
, como
B(j,m) = João (j) estabelece uma
relação de beijar (B) com Maria (m); e
(4) João deu o presente para Tiago
como
D(j,p,t) = João (j), presente (p) e Tiago (t) estão na relação dar (D)
No
entanto, como já dissemos logo acima, nossa intuição de falante nos diz também que
os argumentos do verbo não são iguais e nem se relacionam igualmente com o verbo;
por isso as paráfrases para as sentenças oferecidas acima são um pouco desconfortáveis.
Sabemos que, por exemplo, o verbo ‘beijar’ relaciona-se assimetricamente com os seus
argumentos porque um deles é aquele que beija, que realiza a ação, e o outro, aquele
que é beijado, que sofre a ação do beijo. Para essas relações entre o verbo e seus
argumentos a lingüística cunhou o nome papéis temáticos.
Voltando à sentença (3), parece ser intuitivamente válido afirmar que ‘João’ é o
AGENTE
do verbo ‘beijar’ e ‘Maria’ seu o PACIENTE ou TEMA. Para a sentença (4),
temos que ‘João’ é o AGENTE do verbo ‘dar’, ‘presente’ é o seu TEMA e ‘Tiago’ o seu
BENEFICIÁRIO, aquele que recebe o presente (que se beneficia). Uma primeira
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