Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

Módulo 3
O Sintagma Verbal – Tempo, Aspecto e Acionalidade
Neste módulo, a nossa atenção estará centrada no verbo, enquanto núcleo da
predicação e núcleo da sentença. No primeiro caso, estaremos atentando para a
atribuição de papéis temáticos e para o verbo enquanto estrutura a ser completada, como
uma espécie de molde para a formação de sentenças. No segundo caso, entenderemos o
verbo enquanto núcleo da sentença, no sentido de que é ele que carrega informações
sobre tempo, aspecto e acionalidade.
1 Papéis temáticos
Uma maneira interessante de pensar o verbo e contrapô-lo aos nomes é entendêlo
como uma estrutura a ser completada, um predicado, como já vimos. Isso fica mais
claro quando pensamos em sentenças como:
(1) ? João beijou.
(2) ? João deu o presente.
Essas sentenças não são boas justamente porque temos a sensação de que falta algo, de
que o verbo ou a sentença não estão completos. Sabemos, intuitivamente, que o verbo
‘beijar’ requer dois indivíduos para expressar uma relação completa: aquele que beija e
aquele que é beijado. Do mesmo modo, sabemos que o verbo ‘dar’ requer três
argumentos: aquele que dá alguma coisa, a coisa que é dada, e aquele que recebe a
coisa. Utilizando uma metáfora vinda da química, dizemos que o número de argumentos
que um verbo precisa para ter seu sentido completo é sua valência, por isso dizemos
que um verbo é monovalente (1 argumento), bivalente (2 argumentos), trivalente e
assim por diante.
Vale lembrar que muitos substantivos e adjetivos também têm valência. Assim, quando
dizemos algo como ‘João é diferente’ ou ‘João viu a destruição’, precisamos de um
complemento para completar o sentido das palavras sublinhadas, que pode ser “do
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