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Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

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O ‘não’<br />

atua (= tem escopo) sobre a sentença ‘João ronca’, negando-a. Veja que nessa<br />

<strong>de</strong>scrição o operador, o ‘não’, se move <strong>de</strong> sua posição interna, antes do verbo, para uma<br />

posição acima da sentença, exatamente para po<strong>de</strong>r ter escopo sobre ela. Neste caso não<br />

há ambigüida<strong>de</strong>, porque só há m operador; mas se na sentença houver dois operadores,<br />

um<br />

po<strong>de</strong> operar sobre o outro, gerando com isso resultados diferentes. Este é o caso<br />

tanto d e (78) quanto <strong>de</strong> (81), porque quantificadores são um tipo <strong>de</strong> operador. No<br />

exemplo<br />

abaixo, já discutido na seção sobre pressuposição, há dois operadores: ‘não’ e<br />

‘<strong>de</strong> novo’. Ocorre, então, que um po<strong>de</strong> ter escopo sobre o outro:<br />

(83):<br />

(83) João não reprovou <strong>de</strong> novo.<br />

Apresentamos abaixo as duas formas semânticas que po<strong>de</strong>m ser atribuídas a<br />

(84) Não (<strong>de</strong> novo (João reprovou))<br />

(85) De novo (não (João reprovou))<br />

(84)<br />

indica que primeiro aplicamos o ‘<strong>de</strong> novo’ sobre a sentença (em outros termos, ‘<strong>de</strong><br />

novo’, neste caso, tem escopo sobre ‘João reprovou’) obtendo ‘João reprovou <strong>de</strong> novo’<br />

e <strong>de</strong>pois<br />

aplicamos a negação, gerando: não é o caso que João reprovou <strong>de</strong> novo. Ou<br />

seja,<br />

ele já reprovou antes, mas <strong>de</strong>ssa vez ele não reprovou. Assim, ‘não’ tem escopo<br />

mais amplo<br />

do que ‘<strong>de</strong> novo’.<br />

Em (85), o operador ‘não’ tem escopo<br />

mais restrito; assim, ele age primeiro,<br />

atuando<br />

apenas sobre a sentença e gerando: ‘João não reprovou’. Em seguida aplicamos<br />

o ‘<strong>de</strong> novo’ e obtemos que mais uma vez não é o caso que João reprovou. Neste caso,<br />

‘<strong>de</strong> novo’ tem escopo mais amplo do que o ‘não’.<br />

São inúmeros os casos que po<strong>de</strong>m ser explicados através da noção <strong>de</strong> escopo.<br />

I<strong>de</strong>ntifique<br />

as duas interpretações da sentença:<br />

(1)<br />

João não gosta <strong>de</strong> todos os alunos<br />

Explique por que ela é ambígua.<br />

73

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