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Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

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Em (79), para cada aluno há um presente que ele comprou. Esta é a leitura distributiva.<br />

Nela o sintagma universal, ‘todos os alunos’, tem escopo sobre o existencial, ou seja,<br />

primeiro se aplica a intersecção, a operação do existencial, e <strong>de</strong>pois a inclusão. A or<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong><br />

operação é a inversa em (80), em que o ‘um’ tem escopo sobre o ‘todos’. Neste caso,<br />

temos que há um presente para todos os alunos tal que eles compraram ele. Deve estar<br />

claro porque chamamos (80) <strong>de</strong> escopo invertido: o sintagma que,<br />

na forma superficial,<br />

aparece<br />

mais interno, se move para uma posição mais alta, invertendo o escopo aparente<br />

da sentença.<br />

Eis um outro exemplo do mesmo fenômeno que ficou famoso por conta <strong>de</strong> ter<br />

sido discutido por Chomsky para mostrar que há diferença entre sentenças passivas e<br />

ativas:<br />

(81) Todos os alunos <strong>de</strong>ssa sala falam duas línguas.<br />

Primeiro, perceba<br />

a ambigüida<strong>de</strong>:<br />

1. Duas línguas são tais que todos os alunos falam elas.<br />

2. Todos os alunos são tais que eles falam duas línguas.<br />

A ssim, po<strong>de</strong> ser que todos os alunos falem as mesmas duas línguas (inglês<br />

e português,<br />

por<br />

exemplo) ou po<strong>de</strong> ser que cada aluno fale duas línguas não as mesmas duas (João<br />

fala português e inglês, Maria fala inglês e chinês, Pedro árabe e espanhol). Em (81),<br />

temos,<br />

mais uma vez, dois sintagmas quantificados, ‘todos os alunos’ e ‘duas línguas’.<br />

Assim u m po<strong>de</strong> ter escopo sobre o outro. Na interpretação 1, ‘duas<br />

línguas’ tem escopo<br />

sobre ‘ todos’; enquanto que em 2 é ‘todos’ que tem escopo sobre<br />

‘duas línguas’. A<br />

ambigüida<strong>de</strong><br />

ocorre na ativa; a passiva, ‘Duas línguas são faladas por todos os alunos<br />

<strong>de</strong>ssa sala’, só comporta uma interpretação: há duas línguas que todos os alunos falam.<br />

Vimos que a ambigüida<strong>de</strong> das sentenças em (78) e (81) se explica através do<br />

conceito <strong>de</strong> escopo e <strong>de</strong> movimento. Ambigüida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sse tipo são chamadas <strong>de</strong><br />

ambigüida<strong>de</strong>s semânticas. O escopo indica o alcance da operação semântica que está<br />

sendo realizada. Vejamos um exemplo simples <strong>de</strong> alcance <strong>de</strong> uma operação semântica:<br />

(82) João não ronca.<br />

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