Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina
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(62) João chegou ontem.<br />
‘Ontem <strong>de</strong> manhã’ é um subconjunto <strong>de</strong> ‘ontem’ e a inferência é válida: se João chegou<br />
ontem <strong>de</strong> manhã, então ele chegou ontem. A generalização é: essa inferência é sempre<br />
válida se o sintagma nominal se referir a um indivíduo. Faça o teste com uma DD como<br />
‘o menino’ e verifique que a inferência funciona. Consi<strong>de</strong>re, agora, a sentença:<br />
(63) Exatamente um menino chegou ontem <strong>de</strong> manhã.<br />
Será que é possível inferir <strong>de</strong> (63) que ‘exatamente um menino chegou ontem’? Não,<br />
não é possível, porque po<strong>de</strong> ser o caso que um menino chegou ontem <strong>de</strong> manhã, outro,<br />
na hora do almoço e outro à tar<strong>de</strong>. Logo, não é o caso que exatamente um menino<br />
chegou ontem. Nesse caso, a inferência <strong>de</strong> subconjunto para conjunto não é válida.<br />
Faça o teste com ‘dois meninos’, ‘a meta<strong>de</strong> dos meninos’, ‘nenhum menino’ e verifique<br />
se a inferência funciona.<br />
O segundo teste é o da contradição. Sentenças em que o sintagma nominal se<br />
refere a um indivíduo, quando combinados com predicados que são contraditórios, são<br />
sentenças contraditórias. Por exemplo, o predicado ‘ser gordo’ e ‘ser magro’ são<br />
contraditórios porque, estritamente falando, não é possível ser, ao mesmo tempo, gordo<br />
e magro. Consi<strong>de</strong>re, agora, a sentença:<br />
(64) João é gordo e João é magro.<br />
A sentença em (64) é contraditória. Veja o que ocorre se substituímos ‘João’ por um<br />
sintagma quantificado:<br />
(65) Um menino é gordo e um menino é magro.<br />
Essa é uma sentença perfeita, não há qualquer traço <strong>de</strong> contradição, isso porque<br />
atribuímos a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser gordo a um menino e a <strong>de</strong> ser magro a outro menino; o<br />
que <strong>de</strong>monstra que o sintagma ‘um menino’ não se refere a um indivíduo em particular.<br />
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