Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

Vemos essa pressuposição se mantém ao longo das sentenças em (43.a) – (43.e).
É por isso que este é considerado o teste da pressuposição: a pressuposição se mantém
numa família de sentenças. Se compararmos as sentenças em (43) e a sentença em (40),
vemos que o que muda é a informação “nova” (ou posta, na terminologia da semântica
argumentativa). Em (40), afirma-se que isso ocorreu novamente; em (43.a), nega-se que
isso ocorreu novamente; em (43.b) coloca-se a hipótese de que isso tenha ocorrido
novamente; (43.c), pergunta-se se isso ocorreu novamente; em (43.d) topicaliza-se a
informação de que já ocorreu isso antes; finalmente, em (43.e) coloca-se a hipótese de
que isso tenha ocorrido de novo.
Note que a pressuposição não se confunde com o acarretamento, embora esteja
próxima. Considere o seguinte par de sentenças:
(45) João reprovou no exame de novo.
(46) João não foi aprovado no exame.
(46) é acarretada por (45), já que se João reprovou, ele não foi aprovado, independente
de isso já ter ou não ocorrido antes. A sentença em (46) não é, no entanto, pressuposta,
tanto que essa informação desaparece na negação, como em (43.a), em que se afirma
que ele foi aprovado no exame, embora tenha reprovado antes. Há, no entanto, casos em
que uma mesma sentença é tanto acarretada quanto pressuposta:
(47) João saiu cedo.
(48) João saiu.
(48) é tanto pressuposta quanto acarretada por (47). Para verificar que ela é pressuposta,
note que podemos operar com (47) sem que a pressuposição seja afetada.
3.3 Descrições Definidas Plurais
Não é possível, num manual introdutório, discutir profundamente o problema
dos plurais, vamos apenas apresentá-lo refletindo sobre as descrições definidas plurais.
Considere a sentença em (6), repetida aqui por conveniência:
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