Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina
Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina
Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
uma “família <strong>de</strong> sentenças” que divi<strong>de</strong> uma certa pressuposição. 15 Veremos agora com<br />
mais <strong>de</strong>talhe como isso acontece, através do exame das sentenças em (43).<br />
Intuitivamente, a informação compartilhada é que o João já reprovou antes, porque a<br />
expressão ‘<strong>de</strong> novo’ só po<strong>de</strong> ser usada com felicida<strong>de</strong> se já houve pelo menos um outro<br />
evento do mesmo tipo. Essa é a pressuposição. Vamos agora operar com a sentença:<br />
(43) a. João não reprovou <strong>de</strong> novo.<br />
b. Se João reprovou <strong>de</strong> novo, seu pai vai ficar enfurecido.<br />
c. O João reprovou <strong>de</strong> novo?<br />
d. Foi o João que reprovou <strong>de</strong> novo.<br />
e. O João po<strong>de</strong> reprovar <strong>de</strong> novo.<br />
É preciso cuidado com a sentença (43.a), porque ela é ambígua. Uma sentença<br />
ambígua tem duas interpretações, como veremos com mais <strong>de</strong>talhes na seção sobre<br />
quantificadores. Este é certamente o caso <strong>de</strong> (43.a), porque há nela dois operadores, a<br />
negação ‘não’ e o advérbio ‘<strong>de</strong> novo’. Estamos aqui diante <strong>de</strong> um outro fenômeno que<br />
iremos explorar mais adiante: a ambigüida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vido ao escopo dos operadores. Por<br />
enquanto, basta notar que em uma interpretação temos que João já reprovou antes, mas<br />
<strong>de</strong>ssa vez isso não aconteceu e, na outra, que mais uma vez não é o caso que João<br />
reprovou. Note que as pressuposições diferem num e no outro caso. Evi<strong>de</strong>ntemente, se<br />
nossa intenção é verificar a pressuposição <strong>de</strong> (40), temos que ficar com a interpretação<br />
<strong>de</strong> que ele já reprovou antes e que <strong>de</strong>ssa vez ele passou, porque é apenas nesse caso que<br />
(43.a) compartilha uma informação com (40). Na outra interpretação, João nunca<br />
reprovou, o que contradiz a afirmação em (40). Logo, não po<strong>de</strong> ser essa a intepretação.<br />
Consi<strong>de</strong>re, agora, (43.c) e se pergunte: o que é que está sendo perguntado?<br />
Pergunta-se se foi o caso que João mais uma vez reprovou. Logo, essa pergunta só faz<br />
sentido num contexto em que falante e ouvinte sabem que o João já reprovou antes.<br />
Essa é, então, a pressuposição, exatamente a mesma que aparece em (40): a sentença em<br />
(44).<br />
(44) João reprovou antes.<br />
15 Uma sentença po<strong>de</strong> ter mais <strong>de</strong> uma pressuposição. Consi<strong>de</strong>re o caso abaixo:<br />
(1) Foi o João quem tirou 10 na prova <strong>de</strong> ontem.<br />
Você consegue perceber duas pressuposições?<br />
53