Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

Assim, nesse modelo, as DDs carregam uma pressuposição de existência (existe
um) e unicidade (apenas um) indivíduo que tem a propriedade em questão. Mas, o que é
uma pressuposição? Vimos que a pressuposição restringe os contextos em que uma
dada expressão lingüística é usada adequadamente. Nesse sentido, a pressuposição é
uma relação semântica (como a sinonímia, o acarretamento...). Ela já foi objeto de
inúmeras discussões tanto na filosofia quanto na lingüística. Há muitas maneiras de
entender a pressuposição, por isso mesmo, ela já foi objeto de inúmeras discussões tanto
em filosofia quanto em lingüística; nesta seção, vamos nos contentar com uma breve
incursão ao tema.
O fato mais característico da pressuposição é que ela se mantém independente de
como operamos com a sentença. Já vimos essa propriedade com relação à negação: a
pressuposição de que há um menino está presente tanto na interpretação de (36) quanto
de (37) (que é a negação de (36)). Note ainda que mesmo operando sobre a sentença em
(36) de diversos modos, a pressuposição de que há um único menino saliente no
contexto se mantém:
(38) a. O menino caiu?
b. O menino caiu!
c. Foi o menino que caiu.
d. Se o menino caiu, o balanço quebrou.
Este é o chamado Teste da Família Pressuposicional ou da p-família.
Mas precisamos ainda dar a semântica da DD; por enquanto apenas explicitamos
qual a sua condição de adequação (ou de felicidade): uma DD, para ser feliz, deve estar
num contexto em que há um único referente que tem a propriedade em questão. Uma
maneira de implementar essa proposta é imaginar que o predicado ‘menino’ é restrito
contextualmente, de forma que ele indica, no contexto, um conjunto unitário. O artigo
definido indica, então, esse indivíduo 14 . Seguindo essa idéia, podemos atribuir a
seguinte semântica a DD ‘o menino’:
14 Essa proposta é desenvolvida por Heim & Kratzer (data)
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