Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

Assim, uma primeira distinção a ser traçado, no vasto domínio do termo
significado, separa o significado lingüístico, isto é aquele veiculado pelas línguas
naturais, e o significado não-lingüístico, que compreende o significado que se atribui a
objetos (fatos) no mundo e a símbolos que não são parte das línguas naturais. Vejamos
um exemplo desse último caso. Imagine a seguinte situação: numa aula para arquitetos
de interior, um instrutor explica o significado de símbolos que devem constar num
projeto arquitetônico para prédios:
Esse símbolo, ele diz apontando para o slide na tela, significa que há acesso para cadeira
de rodas. Esse uso do termo significado deve fazer parte da lingüística? Se você
respondeu negativamente, acertou. De fato, esse uso do termo não se refere ao
significado lingüístico, embora na situação o falante esteja dando o significado de um
símbolo. O problema é que este símbolo não é parte de uma língua natural. Ele é um
símbolo não lingüístico, embora convencional.
Considere agora uma outra situação. A polícia está procurando um casal que se
perdeu numa floresta. De repente, os policiais vêem fumaça no céu e um deles diz:
significa que alguém fez uma fogueira. Mais uma vez, esse uso do significado não é
lingüístico, porque se está atribuindo significado a um fenômeno no mundo. É o que
ocorre quando, ao notarmos que uma criança está com febre, dizemos: significa que ela
está doente. Veja que não se está esclarecendo o significado da palavra ‘febre’, mas o
que ter febre no mundo pode estar indicando. A febre é um sinal de doença, mas não
significa, lingüisticamente falando, doença. Em nenhum dos casos questiona-se sobre o
significado de expressões lingüísticas; por isso eles não fazem parte do campo da
semântica, cujo estudo se restringe ao significado lingüístico, isto é, aquele veiculado
pelas línguas naturais.
Chegamos, então, a um primeiro quadro, separando o significado lingüístico do
significado não-lingüístico, para nos concentrarmos no significado lingüístico, isto é,
aquele que ocorre nas línguas naturais.
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