12.04.2013 Views

Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

fregeana, a sentença em (31) tem a mesma estrutura semântica <strong>de</strong> uma sentença em que<br />

a DD é substituída por um nome próprio, como:<br />

(33) Luis XVI é careca.<br />

Ou seja, tanto ‘o rei da França’ quando ‘Luis XVI’ se referem a um indivíduo. Não é<br />

isso o que está propondo Russell. Russell está propondo que, na forma lógica da<br />

sentença em (31), afirma-se que existe um e apenas um indivíduo que é rei da França e<br />

que ele é careca. Essa sentença é, na interpretação russelliana, uma sentença complexa,<br />

formada por duas sentenças: uma em que há um quantificador (um tipo particular <strong>de</strong><br />

operador) que indica a existência <strong>de</strong> apenas um rei da França e a outra sentença que<br />

afirma que o rei da França é careca. Note que na forma lógica em (32), há uma<br />

conjunção, ‘e’, unindo essas duas sentenças. Logo há dois modos da sentença em (31)<br />

ser falsa: ou não há rei da França ou há rei da França, mas ele não é careca. De modo<br />

que na proposta <strong>de</strong> Russell, a sentença negativa:<br />

(34) O rei da França não é careca.<br />

É, ao contrário do que prevê Frege, ambígua:<br />

(35) a. Não há rei da França<br />

b. Há rei da França e ele não é careca.<br />

Como dissemos, esses mo<strong>de</strong>los prevêem resultados diferentes se (31) é proferida<br />

na situação atual, em que não existe rei da França. Imagine que (31) é proferida hoje em<br />

dia <strong>de</strong> modo sério (isto é, o falante não está sendo irônico, ou fazendo uma metáfora, ele<br />

quer diz o que a sentença efetivamente diz). É conhecimento compartilhado que<br />

atualmente a França não tem rei. Logo, na visão <strong>de</strong> Frege, a pressuposição <strong>de</strong> que há um<br />

e apenas um indivíduo que é rei da França é falsa, porque não há tal indivíduo. Em<br />

outros termos, na visão fregeana, a DD não se refere a indivíduo algum; ela não “pesca”<br />

nenhum indivíduo, porque não há tal indivíduo. Se este é o caso, então a sentença<br />

simplesmente não tem valor <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>; não po<strong>de</strong>mos dizer se ela é falsa ou verda<strong>de</strong>ira.<br />

O raciocínio é o seguinte: como é possível afirmar ou negar <strong>de</strong> algo que não existe que<br />

ele é careca? Não é possível. Logo, a sentença não tem valor <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>. Na teoria<br />

49

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!