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Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

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(26) O presi<strong>de</strong>nte do Brasil viajou.<br />

Para <strong>de</strong>terminar o valor <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa sentença é preciso <strong>de</strong>terminar a referência da<br />

DD ‘o presi<strong>de</strong>nte do Brasil’. Suponha que estamos em 2005. A referência nesse caso é<br />

Lula. Suponha que estamos em 1963, a referência é Juscelino Kubischek. Agora,<br />

estamos em 1990, a referência é Fernando Collor <strong>de</strong> Melo. Depen<strong>de</strong>ndo do contexto, a<br />

referência da DD se altera.<br />

Consi<strong>de</strong>re, agora, a sentença:<br />

(27) O filho da Maria estuda Lingüística.<br />

Suponha a seguinte situação: o falante profere essa sentença num contexto em que você<br />

sabe com certeza que a Maria tem dois filhos: o João e o Pedro; <strong>de</strong> forma que você, o<br />

ouvinte, não consegue i<strong>de</strong>ntificar sobre quem o falante está falando. Nessa situação,<br />

você diria que a sentença em (27) é verda<strong>de</strong>ira, falsa, ou não é possível atribuir um valor<br />

<strong>de</strong> verda<strong>de</strong> a ela porque você não sabe <strong>de</strong> quem o falante está falando?<br />

Agora, imagine a mesma sentença proferida numa outra situação, uma situação<br />

em que você, ouvinte, tem certeza absoluta <strong>de</strong> que a Maria nunca teve filhos. Ao ouvir<br />

(27), você diria que a sentença é verda<strong>de</strong>ira, falsa ou simplesmente não é possível<br />

atribuir um valor <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> a ela, porque o referente não existe?<br />

Em contraposição a essas situações em que não é fácil afirmar se a sentença em<br />

(27) tem um valor <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>, ela é claramente verda<strong>de</strong>ira se usada numa situação em<br />

que é conhecimento comum que a Maria tem um único filho e ele estuda lingüística; e é<br />

claramente falsa se esse único filho <strong>de</strong> Maria não estuda lingüística. Nesses dois últimos<br />

casos, a DD se refere a um único indivíduo. Nos dois casos anteriores, a referência da<br />

DD é problemática. No primeiro caso, porque há dois indivíduos que po<strong>de</strong>m ser<br />

tomados como sua referência; no segundo, porque não há nenhum indivíduo que po<strong>de</strong><br />

ser tomado como referência da DD.<br />

As teorias <strong>de</strong> Frege e Russell que mencionamos acima dão respostas diferentes<br />

para esses casos mais complicados, porque cada uma <strong>de</strong>las concebe a DD <strong>de</strong> forma<br />

distinta. A teoria fregeana abriu a perspectiva <strong>de</strong> que a DD carrega uma pressuposição<br />

<strong>de</strong> existência e unicida<strong>de</strong>; por sua vez, a teoria russelliana dá mais importância à<br />

intuição <strong>de</strong> que a DD afirma que existe um único indivíduo que satura o predicado da<br />

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