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Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

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Carlos e o Pedro; que o Carlos ama o Carlos, o João e o Pedro; e que o Pedro ama o<br />

Pedro, o João e o Carlos. (17), por sua vez, afirma que:<br />

(19) Para todo x que é homem é o caso que x ama x.<br />

Ou seja, João ama João, Carlos ama Carlos e Pedro ama Pedro – algo bem diferente do<br />

que temos para (18).<br />

Note que o valor da variável se altera <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do valor que atribuímos à<br />

primeira ocorrência da variável: se o valor da primeira ocorrência <strong>de</strong> x é João, então o<br />

valor da segunda ocorrência <strong>de</strong> x é João; se Pedro, Pedro... Às ocorrências <strong>de</strong> uma<br />

mesma variável <strong>de</strong>ve sempre ser atribuído o mesmo indivíduo. É por isso que dissemos<br />

que nesse caso a interpretação do pronome é presa: o seu valor <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do valor<br />

atribuído antes. Vamos voltar a essa questão quando falarmos sobre os quantificadores.<br />

Esse é, então, o outro tipo <strong>de</strong> pronome: o pronome preso. 12<br />

O raciocínio da substituição funciona para casos em que se recupera um<br />

sintagma cujo núcleo é um nome próprio. Consi<strong>de</strong>re os exemplos abaixo:<br />

(20) a. João se ama.<br />

b. O menino se ama.<br />

É plausível parafrasearmos a sentença em (20a) como (21a), mas para (20b) a questão é<br />

mais <strong>de</strong>licada, dado que a sentença em (21b) po<strong>de</strong> receber uma interpretação em que o<br />

primeiro sintagma pega um indivíduo e o segundo um outro indivíduo:<br />

(21) a. O João ama o João.<br />

b. O menino ama o menino.<br />

Tanto preso quanto livre um pronome se refere sempre, em cada atribuição, a um<br />

único indivíduo em particular. A diferença está na maneira como isso ocorre. Apenas<br />

12 Há ainda outros tipos <strong>de</strong> pronome, como os pronomes tipo-E (<strong>de</strong> Evans), sobre o qual nada falaremos.<br />

A sentença abaixo exemplifica um caso <strong>de</strong> pronome tipo-E:<br />

(1) Cada convidado comprou uma garrafa <strong>de</strong> vinho e serviu ela no jantar.<br />

Note que ‘ela’ se parece com uma anáfora presa porque ela vai variar conforme o valor atribuído à<br />

variável convidado: o convidado a trouxe a garrafa <strong>de</strong> vinho b e serviu b no jantar; o convidado c trouxe a<br />

garrafa <strong>de</strong> vinho d e serviu d no jantar e assim sucessivamente. O problema é que não é possível pren<strong>de</strong>r<br />

essa variável, sem gerar resultados exdrúxulos. Evi<strong>de</strong>ntemente, ela não po<strong>de</strong> ser uma variável livre.<br />

Então, é preciso um novo tipo <strong>de</strong> anáfora.<br />

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