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Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

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a ; na situação 2, a, e assim por diante. Para captarmos esse aspecto,<br />

relativizamos a função <strong>de</strong> interpretação a uma atribuição, isto é, a um certo valor<br />

atribuído a variável. A função <strong>de</strong> atribuição é geralmente representada por g:<br />

[[ele]] g1 = Pedro, isto é, o valor da variável x na atribuição g1 é Pedro<br />

[[ele]] g2 = João, isto é, o valor da variável x na atribuição g2 é João.<br />

Mas há um outro tipo <strong>de</strong> preenchimento da variável, exemplificado na sentença<br />

abaixo, que mostra que a <strong>de</strong>finição tradicional <strong>de</strong> pronome não po<strong>de</strong> estar correta,<br />

porque nem sempre é o caso que um pronome substitui um substantivo, ou mais<br />

precisamente, um sintagma nominal dado anteriormente:<br />

(17) Todo homem se ama.<br />

Na verda<strong>de</strong>, foi esse tipo <strong>de</strong> exemplo que Frege usou para mostrar que nas línguas<br />

naturais há variáveis no sentido matemático do termo. Note que o valor do pronome ‘se’<br />

em (17) não é dado pelo contexto, embora ele seja variável. Além disso, veja que a<br />

<strong>de</strong>finição que normalmente temos <strong>de</strong> pronome, “a palavra que substitui o nome”,<br />

simplesmente não se aplica ao caso em (17), porque se substituirmos o pronome pelo<br />

sintagma nominal ‘todo homem’ 11 , obtemos uma sentença que tem um significado<br />

diferente:<br />

(18) Todo homem ama todo homem.<br />

Em (18) se afirma que para cada homem é o caso que ele ama todos os outros homens.<br />

Não é isso o que diz (17). Para (17) ser verda<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>ve ser o caso que cada homem ama<br />

a si mesmo. Suponha que nosso mundo seja habitado por apenas três homens: João,<br />

Carlos e Pedro. Para (18) ser verda<strong>de</strong>ira tem que ser o caso que João ama o João, o<br />

11 Nas <strong>de</strong>finições tradicionais <strong>de</strong> pronome, confira Cunha & Lindley, Cegalla, afirma-se que o pronome<br />

substitui um substantivo, mas evi<strong>de</strong>ntemente não po<strong>de</strong> ser esse o caso; para sermos caridosos, temos que<br />

enten<strong>de</strong>r que o pronome substitui um sintagma nominal:<br />

(1) O menino saiu. Ele estava triste.<br />

Se ‘ele’ substitui o substantivo, temos que a interpretação é: O menino saiu. Menino estava triste. Mas<br />

não é este obviamente o caso.<br />

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