Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

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Em cada uma das situações acima, ‘ele’ pega um indivíduo distinto. A idéia intuitiva é
que o pronome tem sua referência variável, assim como as variáveis de uma equação
matemática. Esse preenchimento da variável, no exemplo das situações acima, é dado
pelo contexto imediato de interlocução: aponta-se para o referente. Assim, podemos
representar (14) como:
(15) x{3 pessoa, masculino, singular} ronca.
As indicações entre chaves devem-se à morfologia do pronome. O x marca que se trata
de uma variável, como fazemos usualmente na matemática.
A interpretação da sentença em (14) depende de encontrarmos o objeto sobre o
qual estamos falando, depende do “preenchimento da variável”. Este preenchimento
pode se dar tanto na situação de fala, caso em que temos um dêitico, quanto pela
seqüência discursiva, isto é, através da recuperação de um referente já introduzido
anteriormente no discurso – neste caso, temos uma anáfora. Se lembrarmos da definição
de pronome que normalmente encontramos nas gramáticas normativas (“pronome é a
palavra que substitui ou representa um substantivo”), vemos que é esse último tipo de
preenchimento que a gramática está descrevendo. No primeiro caso não há, literalmente
falando, “substituição de substantivo”, o que já demonstra que a definição da gramática
é inadequada.
Exemplificamos abaixo os dois modos de preenchimento nos quadros abaixo (o
índice i indica que se trata do mesmo indivíduo):
dêixis anáfora
Ele ronca
O Joãoi está
dormindo. Elei
ronca.
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Formatado: Inglês (EUA)
Formatado: Inglês (EUA)