Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina
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(29) João estuda.<br />
Sua forma sintática po<strong>de</strong> ser grosseiramente representada por 10 :<br />
S<br />
SN SV<br />
N V<br />
João estuda<br />
Intuitivamente, o significado da sentença em (29) é função do significado <strong>de</strong><br />
suas partes (composicionalida<strong>de</strong>): ‘João’ e ‘estuda’. Essas partes comportam-se, no<br />
entanto, <strong>de</strong> modo muito diferente. ‘João’, como vimos, é um nome próprio e como tal se<br />
refere a um indivíduo específico no mundo, é por isso uma expressão saturada. Em<br />
termos sintáticos, ‘João’ é o argumento do predicado ‘estuda’, que é uma expressão<br />
insaturada porque ela não se refere a um objeto em particular no mundo (nem a um<br />
indivíduo, nem a um valor <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>). Além disso, ela não é uma estrutura completa,<br />
porque não expressa um pensamento. Sem maiores informações, por exemplo, <strong>de</strong> quem<br />
é que estamos falando, ‘estuda’ não expressa um pensamento e nem é possível averiguar<br />
se é verda<strong>de</strong>iro ou falso. É por isso mesmo que essa expressão é insaturada, ela precisa<br />
<strong>de</strong> um “complemento” para se saturar. Uma vez saturada, ela vira uma sentença <strong>de</strong><br />
veicula um pensamento completo e po<strong>de</strong> se referir a um objeto em particular. ‘Estuda’<br />
tem uma posição aberta, que po<strong>de</strong> ser preenchida por diferentes argumentos, gerando,<br />
então, uma nova estrutura saturada:<br />
10 A representação arbórea popularizou-se <strong>de</strong>vido a Chomsky e ela mimetiza uma proprieda<strong>de</strong><br />
fundamental das línguas naturais: o fato <strong>de</strong> que os elementos lingüísticos se combinam hierarquicamente<br />
e não linearmente, como po<strong>de</strong>ríamos julgar se nos contentássemos com a nossa percepção da linguagem<br />
em que, aparentemente, um elemento se segue a outro .<br />
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