12.04.2013 Views

Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Sentenças contraditórias são sentenças que não po<strong>de</strong>m ser simultaneamente verda<strong>de</strong>iras:<br />

se está chovendo não po<strong>de</strong> ser o caso que não está chovendo (e vice-versa). Você po<strong>de</strong><br />

replicar o seguinte: mas às vezes a gente diz ‘tá e não tá chovendo’. É verda<strong>de</strong>, mas, em<br />

geral, esses são casos em que o falante está criando uma implicatura ou casos <strong>de</strong> limites<br />

vagos para os quais não há certeza sobre o uso da sentença. Em geral, é muito estranho<br />

afirmar contradições como ‘João é e não é homem’ e, por isso mesmo, elas ten<strong>de</strong>m a<br />

disparar implicaturas: o que o falante quer ao proferir uma sentença contraditória é<br />

implicar que algumas características do predicado se aplicam, enquanto outras não se<br />

aplicam. Assim, ao proferir a contradição acima o falante está implicando que em<br />

alguns aspectos João é homem e em outros não. Mas essa é uma maneira <strong>de</strong> resolver a<br />

contradição.<br />

A relação entre (1) e (21) é, ao mesmo tempo, <strong>de</strong> acarretamento e <strong>de</strong> sinonímia,<br />

que nada mais é do que um duplo acarretamento (o acarretamento em mão dupla). Uma<br />

sentença acarreta outra se em todos os contextos em que ela é verda<strong>de</strong>ira a outra<br />

sentença também é verda<strong>de</strong>ira, por isso dizemos que se há acarretamento uma sentença<br />

se segue necessariamente da outra. Por exemplo, se está chovendo, então é certo que<br />

está caindo chuva, afinal não é possível imaginar uma situação que esteja chovendo sem<br />

que caia chuva do céu (<strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> lado os usos metafóricos envolvendo ‘chover’, como<br />

por exemplo ‘está chovendo pétalas <strong>de</strong> rosa’; eles po<strong>de</strong>m ser explicados como<br />

implicaturas). Note ainda que a sentença em (21) acarreta a sentença em (1): se está<br />

caindo chuva, então está chovendo. Quando há duplo acarretamento, temos sinonímia.<br />

Acarretamento: Se A é V, então B é necessariamente V.<br />

Sinonímia: A acarreta B e B acarreta A.<br />

Note que a relação <strong>de</strong> acarretamento supõe uma “direcionalida<strong>de</strong>”: se A é V, então B é<br />

necessariamente V. A sinonímia é o acarretamento <strong>de</strong> mão dupla, porque ele vale nas<br />

duas direções. Mas nem sempre acontece <strong>de</strong> termos o duplo acarretamento. Por<br />

exemplo, a sentença em (22) acarreta a sentença em (23), mas o contrário não é<br />

verda<strong>de</strong>iro, logo não há sinonímia:<br />

(22) João preparou o almoço.<br />

(23) João fez algo.<br />

19

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!