Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina
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(18) e (19) não têm o mesmo significado e a diferença, neste caso, está no aspecto: o<br />
primeiro é perfectivo; o segundo, imperfectivo. Voltaremos ao aspecto no módulo 3.<br />
Veja que no léxico estão o radical e os sufixos tempo-aspectuais. Já ‘apressado’ é mais<br />
complicado: vamos colocá-lo no léxico nessa forma ou será que no léxico <strong>de</strong>ve aparecer<br />
apenas ‘pressa’ e ‘apressado’ ser gerado via uma regra <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivação morfológica? Não<br />
vamos enfrentar essa problemática neste manual, porque nosso interesse é apresentar os<br />
conceitos básicos da semântica e enten<strong>de</strong>r os seus problemas. Bastamos a idéia <strong>de</strong> que<br />
há unida<strong>de</strong>s mínimas e regras recursivas para combiná-las. Esses dois ingredientes<br />
permitem explicar como enten<strong>de</strong>mos sentenças que nunca ouvimos antes.<br />
Quais são os átomos da sentença ‘O menino está triste’? O que significa cada um<br />
<strong>de</strong>les? Compare com ‘O menino é triste’.<br />
2.3 Trama <strong>Semântica</strong><br />
A terceira proprieda<strong>de</strong> que caracteriza o conhecimento semântico <strong>de</strong> um falante<br />
é sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>duzir sentenças <strong>de</strong> outras sentenças. O falante não sabe apenas<br />
em que condições uma sentença é verda<strong>de</strong>ira e (<strong>de</strong>)compô-la, ele sabe outras sentenças<br />
quando ele sabe uma sentença. Por exemplo, suponha que a sentença em (1) seja<br />
verda<strong>de</strong>ira (ou que ela seja consi<strong>de</strong>rada verda<strong>de</strong>ira). Neste caso, o falante também sabe<br />
que a sentença em (20) é falsa, que a sentença em (21) é verda<strong>de</strong>ira:<br />
(20) Não está chovendo.<br />
(21) Está caindo chuva.<br />
Se (1) for falsa, obtemos um resultado oposto e completamente previsível: (20) é<br />
verda<strong>de</strong>ira e (21) é falsa. Sabemos isso simplesmente porque enten<strong>de</strong>mos o que uma<br />
sentença significa e esse entendimento envolve conhecer outras sentenças que estão<br />
semanticamente relacionadas a ela.<br />
O par (1) e (20) exemplifica um caso <strong>de</strong> contradição: se (1) é verda<strong>de</strong>ira, (20)<br />
tem que ser (necessariamente) falsa e vice-versa. Em outros termos, suponha que A e B<br />
são sentenças quaisquer <strong>de</strong> uma língua, uma contradição ocorre quando:<br />
se A é V, B é F (e vice-versa).<br />
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