12.04.2013 Views

Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

Semântica - CCE - Universidade Federal de Santa Catarina

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

em Florianópolis, então seu estado <strong>de</strong> conhecimento inclui mundos em que chove em<br />

Florianópolis e mundos em que não chove em Florianópolis; é por isso mesmo que ele<br />

faz a pergunta sobre o tempo. Ao ouvir (1) como resposta, há uma mudança no estado<br />

<strong>de</strong> conhecimento do falante: agora ele sabe sobre o tempo em Florianópolis, ou seja, ele<br />

consegue <strong>de</strong>limitar, ao interpretar a sentença, o conjunto <strong>de</strong> mundos em que é verda<strong>de</strong><br />

que chove em Florianópolis no momento em que ele está.<br />

A maneira mais usual na semântica <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver o fato <strong>de</strong> que o falante sabe em<br />

que condições uma sentença é verda<strong>de</strong>ira é utilizar o famoso Teorema-T (T <strong>de</strong> Tarski,<br />

1944):<br />

A sentença ‘Tá chovendo’ é verda<strong>de</strong>ira em Português Brasileiro se e somente se<br />

(abreviado sse) está chovendo no momento em que a sentença é proferida.<br />

Uma sentença-T po<strong>de</strong> parecer trivial, mas ela não é e é preciso enten<strong>de</strong>r o que está por<br />

trás <strong>de</strong>ssa sentença. Uma sentença-T expressa um conhecimento: o conhecimento sobre<br />

o significado da sentença. A impressão <strong>de</strong> trivialida<strong>de</strong> se explica porque tanto a língua<br />

objeto, aquela que queremos explicar (e que sempre aparece marcada formalmente,<br />

através das aspas simples), quanto a metalinguagem, a linguagem que utilizamos para<br />

explicar a língua objeto, isto é, para estabelecer as condições em que o mundo <strong>de</strong>ve<br />

estar para que a sentença seja verda<strong>de</strong>ira, são o português. Mas compare:<br />

(12) A sentença ‘ja ljublju tebja’ é verda<strong>de</strong>ira em russo se e somente se o<br />

falante ama o ouvinte no momento <strong>de</strong> fala.<br />

Nesse caso, a sentença-T parece menos trivial, porque a língua objeto é o russo e damos<br />

sua condição <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> usando o português como metalinguagem.<br />

A língua objeto não está sendo efetivamente usada, mas apenas mencionada;<br />

enquanto que usamos a metalinguagem. Suponha, por exemplo, a sentença ‘eu te amo’.<br />

Se ela é efetivamente usada o falante se compromete com o que ela diz, isto é, o falante<br />

está expressando o que sente com relação ao ouvinte. Mas veja que neste manual não<br />

estamos usando essa sentença, não estou expressando meu amor por você, leitor, que,<br />

aliás, eu nem sei quem é. O que ocorre neste manual é que mencionamos a sentença,<br />

tratamos <strong>de</strong>la como um objeto teórico, “fora <strong>de</strong> uso”, para tentarmos enten<strong>de</strong>r o<br />

significado que ela tem em uso. Já as palavras e sentenças na metalinguagem estão<br />

14

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!