Motta Coqueiro ou a Pena de Morte - Unama
Motta Coqueiro ou a Pena de Morte - Unama
Motta Coqueiro ou a Pena de Morte - Unama
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
www.nead.unama.br<br />
Tais eram homem e casa procurados pelo violeiro para <strong>de</strong>sfechar o golpe<br />
em <strong>Motta</strong> <strong>Coqueiro</strong>.<br />
Recebido pela amabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Licério, o violeiro cort<strong>ou</strong> as expansões do<br />
negociante, bradando:<br />
— Eta lá, meu branco; eu não vim para a prosa, mas para serviço; aqui está<br />
uma <strong>de</strong> cinco e entre para o escritório.<br />
— É requerimento, seu diabo, já sei; alguma citação para conciliar; eu<br />
tempero a c<strong>ou</strong>sa.<br />
— Qual requerimento, interrompeu Lúcio; é uma carta <strong>de</strong> recomendação<br />
para o bom capitão, o nosso amigo <strong>Coqueiro</strong>.<br />
— Cáspite! Exclam<strong>ou</strong> Licério, que percebia o sentido das palavras <strong>de</strong> Lúcio,<br />
e a quem é que se vai recomendar a jóia?<br />
— À pessoa que há <strong>de</strong> gostar muito da festa; porque o bicho <strong>de</strong>u em<br />
passarinheiro <strong>de</strong>pois dos quarenta; quero recomendá-lo a quem se interessa por<br />
esta nova.<br />
Rindo muito amistosamente, os três interlocutores, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um a libação a<br />
um copo <strong>de</strong> vinho, entraram para o escritório <strong>de</strong> Licério.<br />
CAPÍTULO VII<br />
AS INTRIGAS<br />
De volta da casa <strong>de</strong> Licério, o violeiro congreg<strong>ou</strong> os seus companheiros para<br />
efetuar a distribuição dos papéis, que não tardaram muito a ser <strong>de</strong>sempenhados.<br />
As operações <strong>de</strong>viam começar com a partida <strong>de</strong> <strong>Motta</strong> <strong>Coqueiro</strong> para<br />
Campos e esta efetu<strong>ou</strong>-se alguns dias <strong>de</strong>pois, pela influência dolorosa que teve no<br />
espírito do fazen<strong>de</strong>iro a carta <strong>de</strong> sua esposa.<br />
Na véspera da partida, protegido pela certeza que todas as pessoas do sítio<br />
nutriam <strong>de</strong> que ele não <strong>ou</strong>saria aproximar-se do seu ex-amor, Manuel João<br />
conseguiu falar a Carlos.<br />
Vinha pedir-lhe uma coisa muito simples: ser portador <strong>de</strong> uma carta para a<br />
Sra. D. Maria.<br />
Um generoso porte capt<strong>ou</strong> imediatamente a boa vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Carlos que, não<br />
obstante, teve medo da empresa por uma circunstância que lhe foi adicionada...<br />
— Você leva a carta, disse Manuel João, e lá um dia <strong>de</strong>ixa a ficar na<br />
cestinha da costura <strong>ou</strong> em qualquer <strong>ou</strong>tra c<strong>ou</strong>sa em que a senhora tenha <strong>de</strong> mexer.<br />
Qual o quê, seu Manuel João, eu entrego mesmo na mão da senhora; é<br />
mais certo.<br />
— É verda<strong>de</strong>, mas como o amo anda zangado comigo po<strong>de</strong> se aborrecer<br />
com você por levar uma carta minha à senhora, e afinal você vem a sofrer.<br />
O moleque, lembrando-se da ameaça do seu senhor na noite da primeira<br />
entrevista <strong>de</strong> Antonica, aceit<strong>ou</strong> plenamente a observação, e concord<strong>ou</strong> com o<br />
expediente mostrado pelo ex-feitor para que a carta chegasse ao seu <strong>de</strong>stino.<br />
Estava <strong>de</strong>sfechado o primeiro golpe, cuja profundida<strong>de</strong> o tempo e os<br />
acontecimentos incumbiram-se <strong>de</strong> mostrar.<br />
97