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Motta Coqueiro ou a Pena de Morte - Unama

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www.nead.unama.br<br />

Sabia mais que Faustino e Flor faziam mortes por dinheiro.<br />

Lúcio Ribeiro <strong>de</strong>pôs que encontr<strong>ou</strong>-se com Faustino e que este lhe contara<br />

que andavam culpando-o pela morte da família <strong>de</strong> Francisco Benedito, mas em<br />

seguida o próprio Faustino lhe dissera que os réus acusados eram os verda<strong>de</strong>iros<br />

autores.<br />

Entrando nas particularida<strong>de</strong>s do crime, disse-lhe Faustino que, antes <strong>de</strong><br />

perpetrarem o bárbaro crime, as moças foram <strong>de</strong>sacatadas e violadas pelos dois<br />

homens livres, em seguida pelos escravos e só <strong>de</strong>pois as mataram e com elas as<br />

crianças.<br />

Foi uma boa patuscada, disse-lhe Faustino, e sobretudo não havíamos <strong>de</strong><br />

per<strong>de</strong>r assim duzentos mil réis que nos dava <strong>Motta</strong> <strong>Coqueiro</strong>.<br />

Tinha <strong>ou</strong>tras provas; a ele próprio o fazen<strong>de</strong>iro ofereceu uma égua para ser<br />

do número dos assassinos, oferecimento que ele recus<strong>ou</strong>.<br />

Dizia-se que Faustino tinha espetado um pé, correndo após o filho <strong>de</strong><br />

Francisco Benedito, e com efeito ele testemunha viu Faustino manco. Os escravos<br />

confirmaram-lhe a narração <strong>de</strong> Faustino, que era useiro e vezeiro em tais crimes.<br />

Para provar que Faustino era criminoso bastava dizer que ele trat<strong>ou</strong> logo <strong>de</strong><br />

escon<strong>de</strong>r-se nas matas.<br />

Do que ele testemunha se admira é <strong>de</strong> ver Florentino no número dos<br />

assassinos!<br />

Passando-se à inquirição dos cúmplices, disse Bento Pereira da Silva que<br />

não sabia por que estava preso e quanto às mortes tinham sido feitas pelos <strong>ou</strong>tros,<br />

porque o seu irmão Faustino lho disse, convidando a ele réu para ir ressuscitar<br />

Francisco Benedito <strong>de</strong> quem era amigo.<br />

Não se admirara <strong>de</strong>ste procedimento <strong>de</strong> seu irmão que havia antes<br />

assassinado a João <strong>de</strong> Carvalho, pelo que foi sentenciado, e não concluiu o<br />

cumprimento da pena por se ter evadido da prisão.<br />

Faustino Silva, respon<strong>de</strong>ndo ao inquérito, confirma a segunda parte do<br />

<strong>de</strong>poimento, porém nega a primeira, afirmando que <strong>ou</strong>viu dizer que as mortes<br />

tinham sido feitas por um preto <strong>de</strong>sconhecido, o Botão, e escravos <strong>de</strong> <strong>Coqueiro</strong>,<br />

mandados por este.<br />

Tratando <strong>de</strong> contrariar as testemunhas. apresenta-as como seus inimigos. e<br />

pon<strong>de</strong>ra que os que dizem que sabiam que ele réu queria matar Francisco Benedito<br />

são também criminosos, porque não avisaram a autorida<strong>de</strong>.<br />

Florentino Silva, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> expor a simplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas relações com o<br />

fazen<strong>de</strong>iro, concluiu por imputar o crime a Faustino, Manuel João e os escravos.<br />

Domingos limit<strong>ou</strong>-se a narrar o que se tinha passado â sua vista; confessa<br />

não ter visto Carlos ferido, e clama pela sua inocência.<br />

Seguiu-se o interrogatório do fazen<strong>de</strong>iro.<br />

Sem acusar ninguém, porque não <strong>de</strong>sejava fazer juízos temerários, <strong>Motta</strong><br />

<strong>Coqueiro</strong> busc<strong>ou</strong> apenas, na simplicida<strong>de</strong> das suas respostas, <strong>de</strong>ixar clara a sua<br />

inocência.<br />

Os fatos ocorridos no sítio foram expostos minuciosamente, e invocados<br />

sérios testemunhos para explicar a coincidência da sua última chegada ao sitio com<br />

o assassinato da família.<br />

A temerosa acusação da cobrança do vale foi <strong>de</strong>sfeita com a singela<br />

narração <strong>de</strong> uma pequena transação comercial.<br />

Confrontado este com os contraditórios <strong>de</strong>poimentos das testemunhas,<br />

ficava por <strong>de</strong>mais provada a inocência do réu, mas a exaltação dos espíritos, o<br />

clamor popular impediam a boa marcha dos espíritos.<br />

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