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Motta Coqueiro ou a Pena de Morte - Unama

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na véspera. Com os escravos não tinha ido pessoa forra, e a senhora achava-se na<br />

cida<strong>de</strong>.<br />

Chamada, porém, a segundo <strong>de</strong>poimento, jur<strong>ou</strong> que <strong>ou</strong>vira no corredor<br />

perguntar o seu senhor:<br />

— Então o que eu man<strong>de</strong>i fazer já está pronto?<br />

— Tudozinho, respon<strong>de</strong>ram Fidélis e Alexandre, a família toda.<br />

— Pois quero a casa queimada; torn<strong>ou</strong>-lhes o senhor.<br />

Carolina disse que <strong>Motta</strong> <strong>Coqueiro</strong> na sexta-feira tinha mandado quatro<br />

escravos matar a família e atacar fogo na casa, morte que eles só fizeram no<br />

domingo, e na segunda-feira atacaram fogo. Isto contaram-lhe as mucamas Justina,<br />

Catarina e Isabel. No dia da matança achava-se em casa o Flor.<br />

No segundo <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong>clara que <strong>ou</strong>viu, na segunda-feira, a pergunta do<br />

senhor aos escravos sobre a execução do crime.<br />

Tereza <strong>de</strong>clar<strong>ou</strong> que só sabia do fato por tê-lo <strong>ou</strong>vido aos parceiros, que<br />

também, quando ela observ<strong>ou</strong> que Carlos tinha um lenço â cabeça, disseram-lhe<br />

que no fazer as mortes o homem lhe quebrara a cabeça.<br />

Fernando <strong>de</strong>clar<strong>ou</strong> que tinha <strong>ou</strong>vido falar no crime às escravas Balbina e<br />

Carolina.<br />

Parte das <strong>ou</strong>tras testemunhas juram também por <strong>ou</strong>vir dizer; <strong>ou</strong>tra parte,<br />

porém, baseava-se em razões d e gran<strong>de</strong> valia para as autorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> então.<br />

Sebastião <strong>de</strong>pôs que o fazen<strong>de</strong>iro mand<strong>ou</strong> matar a Francisco Benedito para<br />

apo<strong>de</strong>rar-se das benfeitorias d o sítio. Antes, querendo pôr fora o agregado,<br />

mandara-lhe roçar ao redor da casa para impedi-lo <strong>de</strong> trabalhar, e a senhora <strong>de</strong><br />

<strong>Motta</strong> <strong>Coqueiro</strong> prometera não voltar ao sítio sem ver morta a família <strong>de</strong> Francisco<br />

Benedito e principalmente uma das filhas.<br />

Florentino tinha amiza<strong>de</strong> com o <strong>Motta</strong> <strong>Coqueiro</strong>, havia seis meses, e este<br />

mandara por aquele e Faustino, que já tinha feito mortes, assassiná-lo por intrigas<br />

nascidas <strong>de</strong> esponsais tratados entre ele testemunha e uma filha <strong>de</strong> Francisco<br />

Benedito.<br />

Manuel João <strong>de</strong> S<strong>ou</strong>za Moço <strong>de</strong>clar<strong>ou</strong> que tinha também sido convidado por<br />

<strong>Motta</strong> <strong>Coqueiro</strong> para matar, quer Sebastião, quer a família do agregado, pedido a<br />

que ele testemunha não ace<strong>de</strong>u. Antes, mand<strong>ou</strong>-o <strong>Motta</strong> <strong>Coqueiro</strong> cobrar cem mil<br />

réis a Anacleto Vieira e entregá-los a Faustino, mas não se havendo efetuado a<br />

cobrança, este revel<strong>ou</strong>-lhe que <strong>de</strong>via receber essa quantia pelas mortes <strong>de</strong><br />

Sebastião e dos <strong>ou</strong>tros.<br />

S<strong>ou</strong>be do assassinato da família e as particularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>le porque, por uma<br />

noite chuvosa, indo ao sítio conversar com uma das pretas, <strong>ou</strong>viu a narração aos<br />

escravos.<br />

A causa do crime era ter querido <strong>Motta</strong> <strong>Coqueiro</strong> seduzir uma das moças<br />

assassinadas, e, não conseguindo, expulsar o pai das suas terras.<br />

Joaquim José Licério s<strong>ou</strong>be por ver os corpos assassinados e porque, no dia<br />

<strong>de</strong>zesseis, <strong>ou</strong>viu Peregrino contar que <strong>Motta</strong> <strong>Coqueiro</strong> encarregara dos assassinatos<br />

os seus parceiros, os dois homens livres, e um <strong>ou</strong>tro homem <strong>de</strong> bem, cujo nome não<br />

dizia. Faustino sufoc<strong>ou</strong> o velho; Flor a sua mulher e <strong>de</strong>pois mataram as filhas, e o<br />

filho que correra para o mato.<br />

Também Faustino cont<strong>ou</strong>-lhe que foram os escravos Alexandre, Carlos,<br />

Fidélis e Domingos, em presença <strong>de</strong> <strong>Motta</strong> <strong>Coqueiro</strong>, que assim vingava-se <strong>de</strong> não<br />

ter conseguido seduzir uma das filhas <strong>de</strong> Francisco Benedito.<br />

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