12.04.2013 Views

Motta Coqueiro ou a Pena de Morte - Unama

Motta Coqueiro ou a Pena de Morte - Unama

Motta Coqueiro ou a Pena de Morte - Unama

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

www.nead.unama.br<br />

— Mata-me, sedutor e ladrão da gente pobre; acaba assim a tua infâmia,<br />

não será primeira que tenhas feito.<br />

— Ora, compadre, você nunca tomará juízo, homem? Vá para casa dormir<br />

que é do que você precisa. Eu perdôo-lhe por esta, mas a menor c<strong>ou</strong>sa que me<br />

conste eu lhe farei as contas. Passe bem.<br />

Confiado na arma que empunhava, e ainda mais no seu possante alazão,<br />

<strong>Motta</strong> <strong>Coqueiro</strong> tent<strong>ou</strong> seguir.<br />

— Bêbado, não é? Est<strong>ou</strong> bêbado; esta é a resposta.<br />

O manguá vibrado pelo agregado levant<strong>ou</strong>-se sobre a cabeça do fazen<strong>de</strong>iro,<br />

que dispar<strong>ou</strong> a sua arma, ao mesmo tempo que espore<strong>ou</strong> o animal.<br />

O manguá foi arrebatado pela bala das mãos <strong>de</strong> Francisco Benedito, mas ao<br />

mesmo tempo o alazão estic<strong>ou</strong>-se em rápido arranco e <strong>Motta</strong> <strong>Coqueiro</strong> foi varejado<br />

em terra.<br />

Um novo inimigo veio colocar-se-lhe em frente, e este, mais pujante e mais<br />

temível, era Sebastião Pereira.<br />

Fora ele a causa da queda do fazen<strong>de</strong>iro.<br />

Manejando um grosso cacete arranc<strong>ou</strong> as ré<strong>de</strong>as da mão do cavaleiro, que<br />

foi inopinadamente arremessado pelo alazão.<br />

Começ<strong>ou</strong> uma cena horrível; um homem inerme era forçado a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r-se<br />

contra dois <strong>ou</strong>tros que tinham a favor não só as armas, mas também a fria<br />

premeditação do crime.<br />

— Eis-nos agora em frente, <strong>de</strong>mônio, exclam<strong>ou</strong> o violeiro; <strong>ou</strong> morres <strong>de</strong>sta<br />

<strong>ou</strong> hás <strong>de</strong> guardar sinal para toda a vida. O fazen<strong>de</strong>iro não respon<strong>de</strong>u; todo o seu<br />

cuidado era <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r-se para impedir a <strong>de</strong>rrota inevitável.<br />

Uma paulada, vibrada por Sebastião, lanç<strong>ou</strong>-o por terra afinal, inundado num<br />

lago <strong>de</strong> sangue.<br />

Upa, upa <strong>ou</strong>viu-se neste momento, ao mesmo tempo que o estrépito <strong>de</strong> uma<br />

galopada.<br />

Chico.<br />

— São os escravos do malvado; não há minuto a per<strong>de</strong>r; fujamos, seu<br />

Os dois miseráveis galgaram preste o barranco e internaram-se na mata,<br />

alados pelo temor do castigo.<br />

De feito, não se haviam enganado.<br />

Ouvido o tiro disparado por <strong>Motta</strong> <strong>Coqueiro</strong>, um grito <strong>de</strong>solador, arrancado<br />

pela paixão ao coração <strong>de</strong> Antonica, santificado pelo sofrimento, mistur<strong>ou</strong>-se à<br />

<strong>de</strong>tonação, que transudava do seu r<strong>ou</strong>fenho arruir um pensamento <strong>de</strong> morte no<br />

espírito da moca.<br />

A <strong>de</strong>sventurada amante caiu <strong>de</strong> joelhos, e com voz quase sumida,<br />

murmur<strong>ou</strong>:<br />

— Meu pai mat<strong>ou</strong> seu capitão!<br />

— Malvado, brad<strong>ou</strong> o moleque, hei <strong>de</strong> matá-lo também.<br />

127

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!