12.04.2013 Views

Hélio Rebello Cardoso Júnior - ICHS/UFOP

Hélio Rebello Cardoso Júnior - ICHS/UFOP

Hélio Rebello Cardoso Júnior - ICHS/UFOP

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

praticado sem muita dificuldade, já que existem uma série de relações que não<br />

se ajustam a este ou aquele padrão. Aliás, as relações desviantes são até mais<br />

numerosas que as relações codificadas, penso eu. Mais é difícil enxergá-las,<br />

pois são sempre mais provisórias e transitórias do que aquelas que tomamos<br />

pela verdadeira amizade. Isso não quer dizer que elas sejam efêmeras;<br />

provisório aqui significa que elas acontecem de costume num corpo a corpo<br />

com as outras, à sombra daquelas mais codificadas e estabelecidas. As<br />

relações provisórias são como subprodutos das outras, mais codificadas ou<br />

das quais esperamos mais.<br />

Por exemplo, se eu crio uma criança que não é meu filho biológico.<br />

Certo, eu posso adotar essa criança. Essa é a situação normal; existe um<br />

processo judicial de adoção no fim do qual eu serei o pai, de direito, daquela<br />

criança. Mas e se o caso não for de adoção, se os pais que são conhecidos,<br />

parentes, pedissem que a suposta criança more em nossa casa, comigo e com<br />

minha verdadeira família, até que seus verdadeiros pais resolvam tal<br />

dificuldade financeira ou outra? Como vou resolver isso? Eu não sou pai legal,<br />

como manter uma criança assim em minha casa: ela não pode viajar sem<br />

permissão, não posso matriculá-la numa escola sem autorização do<br />

responsável? E na hora de responder pelo desempenho escolar dela, internar<br />

num hospital, etc.?<br />

Do ponto de vista social e institucional, esse é um tipo de relação que<br />

coloca os envolvidos numa espécie de vácuo ou silêncio. Se observarmos bem<br />

ao nosso redor, essa e muitas outras situações evocam algo semelhante<br />

àquele antigo compadrio, só que nós já não vivemos em um mundo onde essa<br />

relação teria uma motivação religiosa ou paternalista, como outrora. São,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!