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Hélio Rebello Cardoso Júnior - ICHS/UFOP

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a sensação da felicidade, pois se uma felicidade diminuta puder estender-se,<br />

então, ela valerá mais do que uma grande felicidade que fosse apenas<br />

transitória. Tanto nas felicidades menores quanto nas maiores, o que define<br />

essencialmente uma felicidade é: “o poder esquecer ou, dito mais<br />

eruditamente, a faculdade de, enquanto dura a felicidade, sentir a-<br />

historicamente” (NIETZSCHE, 1987, p.22). Conhecer a felicidade é também<br />

tornar os outros felizes e, para fazê-lo, é necessário esquecer o passado, para<br />

livrar-se da vertigem e do medo e colocar-se no “limiar do instante” e para<br />

neste manter-se “como uma deusa de vitória (...) é possível viver quase sem<br />

lembrança, e mesmo viver feliz (...) mas é inteiramente impossível, sem<br />

esquecimento, simplesmente viver” (NIETZSCHE, 1987, p.22).<br />

O esquecimento, neste caso, não é um esquecimento passivo, como<br />

uma memória que se apaga com o passar do tempo. Então, o esquecimento de<br />

que se fala aqui é ativo, somente essa atividade nos coloca numa relação<br />

direta com a felicidade através da dialética das dimensões do tempo acima<br />

resumida. Vejamos isso com mais calma.<br />

Para Nietzsche, esquecer ativamente é o que permite afirmar a vida. O<br />

esquecimento não é passivo, no sentido de que ele não é a artimanha do<br />

ressentido que não suporta mais viver e que por isso enxerga no tempo uma<br />

panacéia para suas dores; o esquecimento ativo é uma questão de exercício,<br />

esquece-se por vontade. Porém, essa atividade do esquecimento é de difícil<br />

acesso, não apenas porque ela implica uma mudança na relação com o tempo;<br />

ela é igualmente afetada por certas vicissitudes históricas.<br />

Com efeito, na história da humanidade, o esquecimento acabou por ser<br />

paralisado ou entorpecido, pois a felicidade se tornou passiva (1998, p.29).

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