Hélio Rebello Cardoso Júnior - ICHS/UFOP
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Na verdade, a fronteira entre coleções discretas e multiplicidades contínuas é<br />
mais difícil de traçar do que fizemos parecer na primeira abordagem, por isso certa<br />
precisão terminológica e conceitual se faz necessária, como alertáramos. Há coleções<br />
discretas, por um lado, que incluem unidades sem identidade individual misturadas com<br />
outras individualmente distintas; por outro lado, há coleções discretas que só possuem<br />
unidades sem identidade assinalável. A tarefa mais complexa e estimulante sobre a<br />
teoria das multidões de Peirce, que aqui tomamos como referência será o<br />
estabelecimento destas progressões entre coleções discretas, pois isso envolve<br />
essencialmente o problema das relações que geram e regram as multidões, tendo em<br />
vista o caso, como assinalamos, de multiplicidades contínuas, como a do esquecimento,<br />
do silêncio e a da mudança vivendo dentro de coleções discretas, como a da memória,<br />
da amizade e da verdade.<br />
As coleções discretas são discriminadas segundo suas regras matemáticas de<br />
formação, de acordo com a terminologia peirceana, em: "enumerável", "denumerável",<br />
"abnumeral ou pós-numerável", visto que discreto significa que as unidades da coleção<br />
possuem identidade, mesmo que esta seja apenas genérica ou aproximadamente<br />
designada. Quanto à coleção enumerável, ela poder ser descrita principalmente através<br />
de três características:<br />
a) uma coleção enumerável partilha o mesmo caráter a despeito de seus<br />
diversos arranjos;<br />
b) a mais importante característica, que uma coleção enumerável partilha<br />
com outra qualquer, é a propriedade lógica que assegura “que se uma<br />
coleção enumerável for contada, o processo de contagem eventualmente<br />
chegará ao fim pela exaustão da coleção” (CP 4. 184; NEM 3.49).