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Hélio Rebello Cardoso Júnior - ICHS/UFOP

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A memória, a amizade e a verdade podem ser definidas como relações<br />

que acontecem entre indivíduos. E, se elas são um problema histórico não<br />

devem dizer respeito apenas a relações entre indivíduos isolados, uma vez que<br />

tais relações precisam ter validade para multidões. Por isso, vamos nos<br />

aproximar de uma, assim chamada, teoria das multidões, a fim de indicar a<br />

legitimidade de se pensar a memória, a amizade e a verdade. O mais<br />

importante, como se observará, é que a teoria das multidões nos permite<br />

entender os três termos paradoxais, isto é, o esquecimento, o silêncio e a<br />

mudança como estando intrinsecamente ligados, respectivamente, à memória,<br />

à amizade e à verdade. E isso basta para entendermos de uma maneira<br />

diversa o paradoxo contido naqueles pares de termos.<br />

Multidão é um conjunto de indivíduos em uma coleção independentemente de<br />

sua ordem ou arranjo. Por exemplo, [A, B, C] e [C, B, A] são as mesmas coleções<br />

porque elas têm a mesma multidão, embora diversamente organizadas (CP 1 6.648-651).<br />

"Por uma coleção", diz Peirce, "eu quero dizer qualquer coisa que é u'd por tudo que<br />

tem uma certa qualidade ou descrição geral, e por nada mais" (CP 4.170). Se qualquer A<br />

é uma unidade ou indivíduo de B, então A é u de B (A é unidade de B) ou,<br />

reciprocamente, "B é u'd por A" (ibidem.), ou seja, B é um todo que tem A como sua<br />

unidade. Mas B só é uma coleção se partilha com A certa qualidade comum, de modo<br />

que se A tem alguma qualidade a, então B é u’d por A através daquela determinada<br />

qualidade.<br />

As unidades de uma coleção não pertencem necessariamente ao mesmo<br />

"universo de discurso" (CP 4.171), de forma que tipos diferentes de unidades<br />

1 PEIRCE, C.S.. Collected Papers of Charles Sanders Peirce. Ed. by: C. Hartshorne & P. Weiss<br />

(v. 1-6); A. Burks (v. 7-8). Cambridge, MA: Harvard University Press, 1931-58. 8 v; abreviado a partir de<br />

agora como CP, seguido do número do volume e após o ponto, o parágrafo correspondente, de acordo<br />

com notação consagrada pelo uso.

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