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alterações miofuncionais na doença de parkinson - CEFAC

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<strong>CEFAC</strong><br />

CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA<br />

MOTRICIDADE ORAL<br />

ALTERAÇÕES MIOFUNCIONAIS NA DOENÇA DE<br />

PARKINSON<br />

WANESSA HEMENEGILDO PICKINA SILVA<br />

LONDRINA<br />

2000<br />

1


RESUMO<br />

Essa pesquisa tem como objetivo discorrer sobre a <strong>doença</strong> <strong>de</strong> Parkinson<br />

e suas manifestações clínicas, principalmente as que comprometem o sistema<br />

miofuncio<strong>na</strong>l do indivíduo.<br />

O <strong>parkinson</strong>ismo é um distúrbio progressivo, resultante da <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong><br />

dopami<strong>na</strong> <strong>na</strong> região dos gânglios basais. A carência <strong>de</strong>ste neurotransmissor<br />

ocasio<strong>na</strong> a <strong>de</strong>generação dos neurônios, prejudicando as si<strong>na</strong>pses entre as suas<br />

conexões.<br />

Os si<strong>na</strong>is e sintomas encontrados no Mal <strong>de</strong> Parkinson caracterizam a<br />

enfermida<strong>de</strong>. A rigi<strong>de</strong>z, a bradicinesia, as <strong>alterações</strong> posturais e o tremor são<br />

evidências que afetam o organismo como um todo. Os distúrbios da voz, da<br />

articulação e <strong>de</strong>glutição são conseqüências diretas <strong>de</strong>stas <strong>alterações</strong>, cuja<br />

gravida<strong>de</strong> acompanha a evolução da <strong>doença</strong>.<br />

O trabalho visa contribuir para ampliar os conhecimentos<br />

fonoaudiológicos e incentivar a elaboração <strong>de</strong> novos métodos que beneficiem<br />

não só os doentes <strong>de</strong> Parkinson, mas todas as <strong>alterações</strong> que acometem a<br />

terceira ida<strong>de</strong>.<br />

2


ABSTRACT<br />

This research aims to talk about Parkinson’s disease and its clinical<br />

manifestation, mainly clinical manifestation involve the systems of myofunctio<strong>na</strong>l<br />

of each person.<br />

Parkinson’s disease is a progressive disturbance, which is caused by<br />

<strong>de</strong>ficiency of dopami<strong>na</strong> in the region of basal ganglia. The lack of this<br />

neurotransmitters causes <strong>de</strong>generation of the neurons, damaging the sy<strong>na</strong>pses<br />

among its connection.<br />

The signs and symptom, which are caused by found Parkinson’s disease,<br />

characterize the illness. The rigidity, the bradykinesia, the postural alteration and<br />

the tremor are evi<strong>de</strong>nces which affect the organism. The disturbance of voice,<br />

of articulation and swallowing are consequences of these alteration, and the<br />

evolution of this disease is very serious.<br />

The main goal of this research is to contribute significantly to an<br />

increase sum of phonological knowledge and consequently, stimulate the<br />

proper planning of new methods in the way they help the patients from<br />

Parkinson’s disease and the old people who suffer these alteration.<br />

3


Dedico este trabalho aos meus pais e a minha<br />

irmã Waléria que tanto colaboraram para a<br />

4<br />

conclusão <strong>de</strong>sta pesquisa.<br />

Agra<strong>de</strong>ço a Deus e a minha família pela disposição em ajudar-me nos<br />

momentos <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> e apreensões durante o período em que <strong>de</strong>diquei-me<br />

a este trabalho.


SUMÁRIO<br />

1. INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------------------- 6<br />

2. DISCUSSÃO TEÓRICA --------------------------------------------------------------------- 7<br />

2.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS -------------------------------------------------------- 7<br />

2.1.1. ETIOLOGIA ---------------------------------------------------------------------------- 8<br />

2.1.2. INCIDÊNCIA ---------------------------------------------------------------------------10<br />

2.2. ANATOMIA E FISIOLOGIA ---------------------------------------------------------11<br />

2.2.1 CIRCUITO BÁSICO ------------------------------------------------------------------13<br />

2.3. FISIOPATOLOGIA ---------------------------------------------------------------------14<br />

2.4. SINAIS E SINTOMAS ----------------------------------------------------------------- 16<br />

2.5 PARKINSONISMO E SEUS EFEITOS NO CAMPO DA MOTRICIDADE<br />

ORAL ----------------------------------------------------------------------------------------- 18<br />

2.6 INTERVENÇÃO FONOAUDIÓLOGICA NA DOENÇA DE<br />

PARKINSON ------------------------------------------------------------------------------- 26<br />

2.6.1. TRATAMENTO FONOTERÁPICO NO DISTÚRBIO VOCAL ---------27<br />

2.6.2. TRATAMENTO FONOTERÁPICO NA ALTERAÇÃO<br />

ARTICULATÓRIA -------------------------------------------------------------- 29<br />

2.6.3. TRATAMENTO FONOAUDIOLÓGICO NA DESORDEM DA<br />

DEGLUTIÇÃO-------------------------------------------------------------------- 33<br />

2.6.4. OS NOVOS CAMINHOS DA FONOAULIOLOGIA ----------------------- 37<br />

2.7. O MAL DE PARKINSON NA MEDICINA -------------------------------------------- 38<br />

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ----------------------------------------------------------------- 40<br />

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ----------------------------------------------------- 44<br />

5


1. INTRODUÇÃO<br />

O objetivo principal <strong>de</strong>ste trabalho é aumentar o conhecimento sobre o<br />

Mal <strong>de</strong> Parkinson através da revisão bibliográfica, além <strong>de</strong> procurar esclarecer<br />

as características clínicas manifestadas <strong>na</strong> <strong>doença</strong>, principalmente no que se<br />

refere às <strong>alterações</strong> <strong>miofuncio<strong>na</strong>is</strong>.<br />

Para <strong>de</strong>screver as complicações fonoaudiológicas é necessário aludir<br />

sobre a etiologia e o mecanismo cerebral normal e patológico com o intuito <strong>de</strong><br />

enten<strong>de</strong>r a organização e evolução do problema até o ponto <strong>de</strong><br />

comprometimento da motricida<strong>de</strong> oral do indivíduo.<br />

A <strong>doença</strong> <strong>de</strong> Parkinson é uma das enfermida<strong>de</strong>s que vem se<br />

manifestando no processo <strong>de</strong> envelhecimento da população mundial, incluindo<br />

o Brasil, que a exemplo <strong>de</strong> um passado recente está <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> ser uma<br />

população <strong>de</strong> jovem.<br />

Atualmente, através dos meios <strong>de</strong> comunicação, revelações <strong>de</strong><br />

celebrida<strong>de</strong>s que sofrem do Mal <strong>de</strong> Parkinson tiraram-<strong>na</strong> do anonimato,<br />

passando ao conhecimento não só dos estudiosos do assunto, mas da<br />

população em geral, reacen<strong>de</strong>ndo a polêmica em torno do tema.<br />

Buscar esclarecimentos e possíveis métodos terapêuticos, tanto<br />

fonoaudiológico como médico, tor<strong>na</strong>ram-se atitu<strong>de</strong>s primordiais para a melhoria<br />

das condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e interação social da população enferma.<br />

6


2. DISCUSSÃO TEÓRICA<br />

2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS.<br />

No ano <strong>de</strong> 1817, o médico inglês James Parkinson <strong>de</strong>screveu a <strong>doença</strong><br />

que hoje tem o seu nome, cujos principais sintomas são tremores, aumento do<br />

tônus e dificulda<strong>de</strong> para iniciar os movimentos voluntários (bradicinesia).<br />

Nascido <strong>na</strong> Inglaterra em 1755, James Parkinson seguiu a carreira do pai<br />

e <strong>de</strong>dicou-se à clínica geral. Em 1817, com 62 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> publicou a<br />

monografia intitulada “Um Ensaio sobre a Paralisia Agitante“, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>screveu<br />

as características da afecção.<br />

Entretanto, enfatiza LIMONGI (1998), foi ape<strong>na</strong>s no fi<strong>na</strong>l do século XIX e<br />

no início do século atual, através dos estudos <strong>de</strong> Charcot, que os<br />

conhecimentos clínicos daquela <strong>doença</strong> conhecida como Paralisia Agitante<br />

tomaram maior impulso. Escrevendo sobre a Paralisia Agitante, comentava<br />

acerca da improprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>ção, uma vez que os pacientes não<br />

estão <strong>de</strong> fato paralisados e nem todos apresentam tremor. Rebatizou então a<br />

<strong>doença</strong> com o nome do seu primeiro observador, o que foi bem aceito pela<br />

comunida<strong>de</strong> científica.<br />

7


O autor afirma ainda, que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Parkinson e Charcot, outro cientista<br />

que se <strong>de</strong>stacou <strong>na</strong> história foi Kinnier Wilson, que em 1929 teve o mérito <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>screver a acinesia (redução da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento), distinguindo-a da<br />

rigi<strong>de</strong>z, com a qual era antes confundida.<br />

O’SULLIVAN (1993) afirma que a <strong>doença</strong> <strong>de</strong> Parkinson é uma<br />

enfermida<strong>de</strong> progressiva e crônica que acomete o sistema nervoso, envolvendo<br />

os gânglios da base. SCOTT (1992) afirma que o <strong>parkinson</strong>ismo é um distúrbio<br />

cerebral <strong>de</strong>generativo, po<strong>de</strong>ndo ocorrer a perda celular em toda a extensão dos<br />

gânglios da base e córtex cerebral.<br />

Para SANVITO (1997) e ADAMS et al (1997), os gânglios da base<br />

correspon<strong>de</strong>m ao sistema extrapiramidal, que sendo lesado produz os<br />

sintomas característicos do <strong>parkinson</strong>ismo.<br />

2.1.1 ETIOLOGIA<br />

GODWIN (1982) <strong>de</strong>screve que os si<strong>na</strong>is do <strong>parkinson</strong>ismo são oriundos<br />

<strong>de</strong> uma perturbação funcio<strong>na</strong>l em duas regiões do gânglio basal, a substância<br />

negra e o corpo estriado, núcleo caudal e putâmen . Nestas regiões encontram-<br />

se praticamente toda a dopami<strong>na</strong> do cérebro humano, que se consiste em uma<br />

substância química <strong>de</strong> uma das ami<strong>na</strong>s neurotransmissoras (como a adre<strong>na</strong>li<strong>na</strong><br />

8


e a noradre<strong>na</strong>li<strong>na</strong>) levando a mensagem elétrica <strong>de</strong> um neurônio ao outro<br />

através da si<strong>na</strong>pse. No <strong>parkinson</strong>ismo há uma redução específica da<br />

concentração <strong>de</strong> dopami<strong>na</strong> <strong>na</strong> si<strong>na</strong>pse.<br />

Em seus estudos, GODWIN (1982) <strong>de</strong>scobre que a falta <strong>de</strong> dopami<strong>na</strong><br />

leva à <strong>de</strong>struição ou <strong>de</strong>generação dos neurônios, dando origem a <strong>doença</strong> <strong>de</strong><br />

Parkinson.<br />

ROBBINS et al (1996) afirmam que para o diagnóstico da <strong>doença</strong><br />

Idiopática <strong>de</strong> Parkinson ( I.P.D.) é necessário verificar a ausência <strong>de</strong> etiológias<br />

tóxicas ou <strong>de</strong> outra causa conhecida. No entanto, além da <strong>doença</strong> <strong>de</strong><br />

Parkinson Idiopática ROBBINS et al (1996), O’SULLIVAN (1993) e JANKOVIC<br />

(1997), explicam que outros distúrbios neurológicos apresentam sintomas<br />

<strong>parkinson</strong>ianos secundários, caracterizando as síndromes <strong>parkinson</strong>ia<strong>na</strong>s.<br />

Estas representam o <strong>parkinson</strong>ismo pós-infeccioso, como são exemplos: a<br />

famosa gripe espanhola, <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>da pan<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> influenza, registrada entre<br />

1914 a 1918, que para o estudo não tem mais significado clínico, dado a sua<br />

extinção, além dos traumatismos (boxe), os vasculares ( arteriosclerose<br />

cerebral), as <strong>doença</strong>s <strong>de</strong>generativas multissistêmicas ( <strong>doença</strong> <strong>de</strong> Alzheimeir) e<br />

<strong>parkinson</strong>ismo induzido por drogas e toxi<strong>na</strong>s.<br />

O termo <strong>parkinson</strong>ismo secundário, como observa LIMONGI (1998),<br />

<strong>de</strong>ve-se ao fato <strong>de</strong> ter a causa i<strong>de</strong>ntificada ou quando está associada a outras<br />

<strong>doença</strong>s <strong>de</strong>generativas.<br />

HAUSEN & SCHÖNWALD (1998) indicam que várias causas têm sido<br />

aventadas para explicar a <strong>doença</strong> <strong>de</strong> Parkinson (I.P.D.). A similarida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

algumas manifestações da <strong>doença</strong> com aquelas associadas à ida<strong>de</strong> avançada:<br />

9


postura curvada, marcha em festi<strong>na</strong>ção, diminuição da velocida<strong>de</strong> dos<br />

movimentos, sugeriram que o Parkinson po<strong>de</strong>ria ser , <strong>na</strong> verda<strong>de</strong>, uma<br />

aceleração do progresso <strong>na</strong>tural <strong>de</strong> envelhecimento. A <strong>de</strong>generação da<br />

substância negra observada em idosos, com redução das concentrações <strong>de</strong><br />

dopami<strong>na</strong>, confere alguma sustentação a essa idéia. Porém, a ineficácia da<br />

administração <strong>de</strong> dopami<strong>na</strong> <strong>na</strong>s manifestações <strong>de</strong> envelhecimento não<br />

<strong>de</strong>monstraram resultados, <strong>de</strong>scartando a hipótese levantada.<br />

HAUSEN E SCHÖNWALD ( 1998) afirmam que o <strong>parkinson</strong>ismo familiar<br />

ocorre ocasio<strong>na</strong>lmente, todavia a falta <strong>de</strong> concordância em gêmeos<br />

monozigóticos indica a ausência <strong>de</strong> fator genético po<strong>de</strong>roso.<br />

A causa da <strong>de</strong>generação no estriado e <strong>na</strong> substância negra como relata<br />

GODWIN (1982) é <strong>de</strong>sconhecida, mas sabe-se que se trata <strong>de</strong> um processo<br />

progressivo cujo curso leva, entre o início e ao óbito, <strong>de</strong> 10 a 15 anos.<br />

2.1.2 INCIDÊNCIA<br />

SCOTT (1992), escreve que a <strong>doença</strong> <strong>parkinson</strong>ia<strong>na</strong> afeta 200.000<br />

pessoas nos Estados Unidos, sendo que, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta estatística,<br />

aproximadamente 1% das pessoas com mais <strong>de</strong> 50 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvem esse mal. A ida<strong>de</strong> média do início da <strong>doença</strong>, como apontam os<br />

10


estudos e as estatísticas gira em torno <strong>de</strong> 55 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, sendo que cerca<br />

<strong>de</strong> 1% tem 60 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> ou mais. JANKOVIC (1997) ainda afirma que os<br />

homens são mais afetados que as mulheres, em uma relação <strong>de</strong> 3:2.<br />

CAVALCANTE (1998) comenta que o Brasil não dispõe <strong>de</strong> dados<br />

estatísticos sobre o Mal <strong>de</strong> Parkinson, mas estima-se que existam <strong>de</strong> 150 a 200<br />

casos a cada 100 mil habitantes.<br />

Para O’SULLIVAN (1993), a incidência <strong>de</strong> Parkinson tor<strong>na</strong>-se<br />

sensivelmente crescente com o avanço da ida<strong>de</strong>, relatando que a ida<strong>de</strong> média<br />

<strong>de</strong> surgimento da <strong>doença</strong> situa-se entre 58 e 60 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, embora uma<br />

peque<strong>na</strong> percentagem possa ser acometida pela <strong>doença</strong> <strong>na</strong> faixa dos 40 até<br />

dos 30 anos.<br />

2.2 ANATOMIA E FISIOLOGIA<br />

BURT (1995), através <strong>de</strong> várias pesquisas, concluiu que os gânglios da<br />

base se <strong>de</strong>senvolvem a partir da pare<strong>de</strong> ventral da vesícula telencefálica.<br />

MACHADO (1993) complementa, explicando que os gânglios basais são<br />

constituídos pelo claustrum, corpo amigdalói<strong>de</strong>, núcleo caudado, putâmen e<br />

globo pálido. As três últimas estruturas formam o corpo estriado.<br />

11


Para o autor, po<strong>de</strong>-se dividir o corpo estriado em uma parte recente, o<br />

neostriado, compreen<strong>de</strong>ndo o putâmen e o núcleo caudado, e em uma parte<br />

antiga, o paleoestriado, constituído pelo globo pálido. O pesquisador<br />

complementa ainda, que estudos recentes permitem incluir aos núcleos da base<br />

outras estruturas como o núcleo basal <strong>de</strong> Meynert, o núcleo Accumbens, a<br />

substância negra e o subtálamo.<br />

GUYTON (1992) cita que o núcleo caudado e o putâmen formam a<br />

cápsula inter<strong>na</strong> do cérebro, responsável pela associação entre os gânglios<br />

basais e o sistema corticoespinhal, promovendo o controle motor. O núcleo<br />

caudado, o putâmen e o globo pálido, a<strong>na</strong>tomicamente, são consi<strong>de</strong>rados como<br />

porções motoras dos gânglios basais.<br />

HAUSEN & SCHÖNWALD (1998) acrescentam que estas estruturas<br />

também se relacio<strong>na</strong>m <strong>na</strong> manutenção do tono postural e controle dos<br />

automatismos locomotores, sobre os quais se executam os movimentos<br />

voluntários.<br />

Para GUYTON (1992) os gânglios basais formam um sistema motor<br />

acessório, ou seja, não funcio<strong>na</strong>m por si próprios, mas sim em íntima<br />

associação com o córtex cerebral e com o sistema corticoespinhal. Os si<strong>na</strong>is<br />

são provenientes <strong>de</strong>stas áreas e retor<strong>na</strong>m as mesmas após passarem pelos<br />

gânglios basais.<br />

Uma das principais funções dos gânglios da base no controle motor,<br />

segundo BURT (1995), é atuar em conjunto com o sistema corticoespinhal em<br />

ativida<strong>de</strong>s complexas do ato motor, como por exemplo: o ato <strong>de</strong> escrever, cortar<br />

12


papel com tesoura, martelar pregos, falar, fazer lançamentos com bola e<br />

qualquer outro tipo <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong> que se possa elaborar.<br />

A principal estação receptora dos gânglios da base para BURT (1995) é<br />

o estriado, que recebe maciças projeções <strong>de</strong> todas as áreas do córtex cerebral<br />

e <strong>de</strong> certos núcleos talâmicos, da substância negra e <strong>de</strong> outros núcleos do<br />

tronco cerebral. É o corpo estriado, cita MACHADO (1993), que exerce função<br />

sobre a execução do movimento voluntário já iniciado e sobre o próprio<br />

planejamento do ato motor. Os neurônios do corpo estriado são ativados não só<br />

durante os movimentos, mas também antes <strong>de</strong>les se iniciarem.<br />

Observa, ainda, que as conexões do corpo estriado são muito<br />

complexas, e que suas funções são exercidas através <strong>de</strong> um circuito básico que<br />

o liga ao córtex cerebral (região motora), que por sua vez, é modulado ou<br />

modificado por circuitos subsidiários ou satélites que a ele se ligam.<br />

2.2.1 CIRCUITO BÁSICO<br />

BURT (1995) e MACHADO (1993) <strong>de</strong>screveram que o circuito básico<br />

que se origi<strong>na</strong> no córtex cerebral através das fibras córtico-estriatais liga-se ao<br />

striatum (neostriado), <strong>de</strong> on<strong>de</strong> os impulsos nervosos passam ao globo pálido.<br />

Este, por sua vez, através das fibras pálido-talâmicas, liga-se aos núcleos<br />

ventral anterior e lateral do tálamo, os quais projetam-se para o córtex cerebral.<br />

13


Desta forma, constituem-se em alça córtico-estriado-tálamo-cortical,<br />

consi<strong>de</strong>rando o circuito básico do corpo estriado.<br />

Os autores ainda explicam que neste circuito as fibras córtico-estriatais<br />

origi<strong>na</strong>m-se praticamente em todas as áreas do córtex cerebral, enquanto as<br />

fibras tálamo-corticais convergem para a área motora, on<strong>de</strong> origi<strong>na</strong>-se o tracto<br />

córtico-espinhal. Assim, as informações formadas em áreas diversas do córtex<br />

cerebral são processadas no corpo estriado e influenciam <strong>na</strong> ativida<strong>de</strong> motora<br />

somática através do tracto córtico-espinhal.<br />

HAUSEN & SCHÖNWALD (1998) ressaltam que o a<strong>de</strong>quado<br />

funcio<strong>na</strong>mento do sistema <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do equilíbrio entre vias excitatórias e<br />

inibitórias. A acetilcoli<strong>na</strong>, neuromediador excitatório dos interneurônios<br />

colinérgicos, tem sua ativida<strong>de</strong> antagonizada por dopami<strong>na</strong> e gaba,<br />

neuromediadores inibitórios.<br />

2.3 FISIOPATOLOGIA<br />

Os sintomas motores da <strong>doença</strong> <strong>de</strong> Parkinson resultam principalmente<br />

da <strong>de</strong>generação da via nigroestriada, AIRES (1991) relata que é encontrado<br />

acentuado <strong>de</strong>clínio <strong>de</strong> dopami<strong>na</strong>, tanto <strong>na</strong> substância negra como no estriado,<br />

origem e término da via nigroestriada.<br />

14


JANKOVIC (1997) confirma que a <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> dopami<strong>na</strong> no cérebro<br />

também produz <strong>alterações</strong> no putâmen, e em menor grau, no núcleo caudado.<br />

Além da <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong>sta substância, a alteração dos outros<br />

neurotransmissores po<strong>de</strong> ser responsável por alguns achados associados. Por<br />

exemplo, a <strong>de</strong>generação dos locus ceruleus (mesencéfalo) po<strong>de</strong> contribuir para<br />

o fenômeno <strong>de</strong> “congelamento” e para a <strong>de</strong>pressão. Para os autores a<br />

<strong>de</strong>generação do núcleo basal está provavelmente relacio<strong>na</strong>da com a <strong>de</strong>mência,<br />

que eventualmente acomete cerca <strong>de</strong> um terço <strong>de</strong> todos os pacientes<br />

<strong>parkinson</strong>ianos.<br />

MACHADO (1993) explica que a dopami<strong>na</strong> exerce função moduladora<br />

sobre o circuito motor básico ao nível do estriado. Desta forma, com a<br />

diminuição <strong>de</strong>sta substância ocorre os sintomas da <strong>doença</strong> <strong>de</strong> Parkinson, em<br />

especial a oligocinesia ou bradicinesia (lentidão e redução da ativida<strong>de</strong> motora<br />

expontânea), perda dos movimentos automáticos primários e rigi<strong>de</strong>z muscular<br />

ou hipertonia plástica.<br />

A fisiopatologia do tremor é causa <strong>de</strong> muita polêmica. ANDRADE (1997)<br />

aponta o conceito <strong>de</strong> HAISLER (1989), do qual explica que em condições<br />

normais, a motricida<strong>de</strong> geral se dá pela ação sincronizante das vias cerebelares<br />

sobre os sistemas segmentares da medula, enquanto o sistema estriado-nigral<br />

exerce uma forte ação <strong>de</strong>ssincronizante sobre o mesmo sistema. O impulso<br />

das vias cerebelares chegam a medula através das vias talamocorticais. No<br />

Parkinsonismo, pela diminuição da ação <strong>de</strong>sempenhada pelo sistema estriado-<br />

nigral, predomi<strong>na</strong> a função sincronizante facilitada pelas vias tálamo corticais,<br />

gerando o tremor.<br />

15


2.4 SINAIS E SINTOMAS<br />

YAHR (1984) relata que os primeiros sintomas são freqüentemente tão<br />

sutis que se tor<strong>na</strong> difícil precisar a época do início da <strong>doença</strong>. Certo grau <strong>de</strong><br />

lentidão, a perda da agilida<strong>de</strong>, a sensação <strong>de</strong> tremores e a própria <strong>de</strong>pressão<br />

acompanhada <strong>de</strong> retardo das funções psicomotoras são freqüentemente<br />

atribuídas ao avanço da ida<strong>de</strong>, já que esta <strong>doença</strong> costuma incidir no período<br />

médio da vida.<br />

De acordo com SANVITO (1997), a <strong>doença</strong>, quando ple<strong>na</strong>mente<br />

<strong>de</strong>senvolvida, caracteriza-se pela presença <strong>de</strong> bradicinesia, rigi<strong>de</strong>z muscular e<br />

tremor. A bradicinesia é responsável pela movimentação pobre e lenta do<br />

doente. A marcha é vagarosa e se processa através <strong>de</strong> pequenos passos, com<br />

perda <strong>de</strong> movimentos <strong>de</strong> balanceio dos membros superiores. Em 1981,<br />

SANVITO escreve que a marcha apresenta-se em bloco e em algumas<br />

situações po<strong>de</strong> haver aceleração dos passos <strong>de</strong> maneira involuntária<br />

(fenômeno da festi<strong>na</strong>ção), que só se <strong>de</strong>tém quando o paciente encontra um<br />

obstáculo. Tais características <strong>de</strong>ve- se à perda dos movimentos automáticos e<br />

a rigi<strong>de</strong>z muscular associada.<br />

A rigi<strong>de</strong>z muscular, explica o autor, é global e plástica, caracterizando<br />

uma imagem <strong>de</strong> cera. O doente adquire postura rígida, com a cabeça e o tronco<br />

ligeiramente fletidos, braços próximos ao tronco com os antebraços e os joelhos<br />

semifletidos. Na rigi<strong>de</strong>z <strong>parkinson</strong>ia<strong>na</strong> os exageros dos reflexos tônicos <strong>de</strong><br />

16


postura <strong>de</strong>termi<strong>na</strong> o aparecimento do fenômeno da “roda <strong>de</strong>nteada”, que se<br />

traduz como um caráter intermitente da resistência que oferece uma<br />

articulação durante sua movimentação passiva.<br />

Quanto ao tremor, O’SULLIVAN (1993) o <strong>de</strong>fine como surtos<br />

involuntários, rítmicos, alter<strong>na</strong>dos, afetando os movimentos <strong>de</strong> grupos<br />

musculares antagonistas e agonistas. O tremor <strong>parkinson</strong>iano é <strong>de</strong>scrito como<br />

um tremor <strong>de</strong> repouso, estático ou não intencio<strong>na</strong>l, visto que está usualmente<br />

presente em repouso, <strong>de</strong>saparecendo com o ato voluntário. Entretanto, a<br />

medida que a <strong>doença</strong> progri<strong>de</strong> o tremor po<strong>de</strong> ocorrer com o movimento e<br />

agrava-se pela tensão emocio<strong>na</strong>l, excitamento e fadiga.<br />

O paciente com <strong>doença</strong> <strong>de</strong> Parkinson, explica GODWIN (1982),<br />

apresenta gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> em pôr-se <strong>de</strong> pé, iniciar a marcha e sentar-se,<br />

<strong>de</strong>vido a alteração do equilíbrio e a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> alterar o centro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> um pé ao outro. Desta forma o mesmo po<strong>de</strong>-se incli<strong>na</strong>r excessivamente para<br />

frente ao andar, a ponto <strong>de</strong> procurar o seu centro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> e equilíbrio,<br />

evitando assim, a queda.<br />

Todos os movimentos voluntários e adquiridos, reforça a autora, são<br />

reduzidos em extensão e velocida<strong>de</strong>. A letra ten<strong>de</strong> a ficar menor após escrever<br />

algumas palavras, tor<strong>na</strong>ndo-se a escrita vagarosa e irregular. O paciente<br />

per<strong>de</strong> a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cortar a comida, abotoar e amarrar os sapatos. No<br />

entanto, movimentos mais complexos como dirigir, preparar a comida, po<strong>de</strong>m<br />

ser relativamente pouco afetados, apesar <strong>de</strong> estarem mais lentos.<br />

Outros si<strong>na</strong>is e sintomas po<strong>de</strong>m fazer parte da <strong>doença</strong> <strong>de</strong> Parkinson,<br />

como a hipersecreção sebácea, <strong>de</strong>pressão do humor, atrofia e fraqueza<br />

17


muscular secundárias ao <strong>de</strong>suso, <strong>alterações</strong> nutricio<strong>na</strong>is, <strong>alterações</strong><br />

circulatórias, osteoporose e, principalmente, segundo O’SULLIVAN (1993), as<br />

<strong>alterações</strong> respiratórias, <strong>de</strong>vido a queda <strong>na</strong> expansão torácica, em <strong>de</strong>corrência<br />

da rigi<strong>de</strong>z nos intercostais e da posição incli<strong>na</strong>da do doente.<br />

2.5 PARKINSONISMO E SEUS EFEITOS NO CAMPO DA MOTRICIDADE<br />

ORAL<br />

A <strong>doença</strong> <strong>de</strong> Parkinson é um distúrbio progressivo, BLACK & JACOBS<br />

(1996) <strong>de</strong>screvem a evolução do problema ao relatar que o sintoma inicial é um<br />

tremor ao repouso ou micrografia (bradicinesia <strong>de</strong> membro superior). Com o<br />

tempo a rigi<strong>de</strong>z e a bradicinesia se fazem presentes e alteram a postura. Isso<br />

comumente começa com um aumento <strong>na</strong> flexão <strong>de</strong> pescoço, tronco e quadril,<br />

que acompanhada por uma diminuição <strong>na</strong>s respostas <strong>de</strong> endireitamento e<br />

equilíbrio, leva à diminuição <strong>na</strong> habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> equilibrar-se.<br />

As autoras ainda afirmam que enquanto essas <strong>alterações</strong> posturais estão<br />

ocorrendo, aparece também um aumento <strong>na</strong> rigi<strong>de</strong>z, sendo mais aparente no<br />

tronco e musculatura proximal. A rotação <strong>de</strong> tronco é gravemente diminuída. À<br />

medida que a rigi<strong>de</strong>z progri<strong>de</strong>, a bradicinesia tor<strong>na</strong>-se acinesia. Não se observa<br />

o balanço dos braços durante a marcha, nem expressão facial expontânea,<br />

18


apesar dos músculos não estarem paralisados , e tor<strong>na</strong>ndo-se o movimento<br />

cada vez mais difícil <strong>de</strong> iniciar- se. Desta forma, o paciente per<strong>de</strong> a habilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> caminhar e até <strong>de</strong> mascar chicletes ao mesmo tempo.<br />

O <strong>parkinson</strong>ismo apresenta sintomas e si<strong>na</strong>is característicos <strong>de</strong> sua<br />

enfermida<strong>de</strong>. A rigi<strong>de</strong>z, a bradicinesia, <strong>alterações</strong> posturais e tremor são<br />

evidências que afetam o organismo como um todo. ADAMS et al (1997)<br />

explicam que os distúrbios da fo<strong>na</strong>ção, da articulação e <strong>de</strong>glutição são<br />

conseqüências diretas <strong>de</strong>stas características, cuja gravida<strong>de</strong> acompanha o<br />

progresso da <strong>doença</strong>.<br />

COLTON & CASPER (1996) indicam que WARD et al (1981) relatam a<br />

causa da incoor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção laríngea como sendo a lesão do gânglio da base.<br />

Estes autores, apontam como os sintomas vocais a monofreqüência, freqüência<br />

excessivamente baixa e aspereza. A produção da fala também é afetada por<br />

indistinção e articulação pobre dos fonemas.<br />

COLTON & CASPER (1996) mencio<strong>na</strong>m estudo realizado por<br />

LOGMANN, FISHER, BOCHES e BLONSK (1978), que estudaram os sintomas<br />

apresentados por duzentos pacientes com <strong>doença</strong> <strong>de</strong> Parkinson. Através da<br />

pesquisa verificaram que 87% apresentavam alguma disfunção laríngea e que<br />

45% apresentavam disfunção laríngea como único sintoma. Os si<strong>na</strong>is vocais<br />

específicos que estes autores relataram foram soprosida<strong>de</strong> (15%), aspereza<br />

(29%), rouquidão (45%) e tremor (13,5%).<br />

No <strong>parkinson</strong>ismo, BEHLAU & PONTES (1995) escreveram que as<br />

<strong>alterações</strong> vocais são caracterizadas por hipertonicida<strong>de</strong> acentuada <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>das regiões ou <strong>de</strong> todo o trato vocal, on<strong>de</strong> os si<strong>na</strong>is mais observados<br />

19


são entumescimento das veias do pescoço e a contração excessiva da<br />

musculatura respiratória.<br />

O aspecto físico das pregas vocais po<strong>de</strong> aparecer normal em sua<br />

aparência, FAZOLI cita ARONSON (1980), RAMIG & GOULD (1986), BEHLAU<br />

& HARADA (1988), que afirmam verificar a adução incompleta como um dado<br />

comumente observado.<br />

A função respiratória encontra-se também alterada. ANGELIS et al<br />

(1996) observam movimentação reduzida tanto <strong>na</strong> fase ativa quanto <strong>na</strong> passiva<br />

do ciclo respiratório, <strong>de</strong>corrente da rigi<strong>de</strong>z muscular característica da <strong>doença</strong>. A<br />

rigi<strong>de</strong>z dos músculos po<strong>de</strong> causar redução do volume respiratório e o escape<br />

<strong>de</strong> ar transglótico. O distúrbio da dinâmica muscular po<strong>de</strong> gerar uma profunda<br />

alteração da coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção pneumo fonoarticulatória.<br />

O fechamento <strong>de</strong>ficiente do esfíncter velo faríngico, uni ou bilateral, é<br />

atribuído <strong>de</strong> acordo com os pesquisadores, ao fator rigi<strong>de</strong>z. O grau <strong>de</strong> oclusão<br />

do esfíncter velo faríngico <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> algumas variáveis, por exemplo: da<br />

função exercida como o sopro, sucção, <strong>de</strong>glutição e do som emitido.<br />

Depen<strong>de</strong>ndo do grau <strong>de</strong> contração <strong>de</strong>ste esfíncter, explica ANGELIS et al<br />

(1996), teremos uma voz hiper<strong>na</strong>sal, hipo<strong>na</strong>sal ou uma ressonância equilibrada.<br />

METTER (1991) mostra que as mudanças <strong>na</strong> ressonância são notadas<br />

pela qualida<strong>de</strong> <strong>na</strong>sal arrastada. Entretanto, o mesmo autor socorre-se dos<br />

ensi<strong>na</strong>mentos do professor MULLER (1971), que notou uma emissão <strong>na</strong>sal não<br />

mensurável nos pacientes <strong>parkinson</strong>ianos, seguindo a ausência <strong>de</strong> significante<br />

hiper<strong>na</strong>salida<strong>de</strong>. A presença <strong>de</strong> hiper<strong>na</strong>salida<strong>de</strong> proeminente em um paciente<br />

<strong>parkinson</strong>iano po<strong>de</strong>rá sugerir a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguma patologia secundária.<br />

20


Na <strong>doença</strong> <strong>de</strong> Parkinson, refere FAZOLE (1997), o distúrbio da fo<strong>na</strong>ção<br />

presente está caracterizado pela disartria hipocinética. METTER (1991) observa<br />

que esta afecção, manifesta o mesmo tipo <strong>de</strong> anormalida<strong>de</strong>s do movimento que<br />

caracteriza o envolvimento do tronco e da extremida<strong>de</strong> no <strong>parkinson</strong>ismo<br />

idiopático. A hipocinesia <strong>de</strong>corre da presença <strong>de</strong> bradicinesia, com limitações<br />

<strong>na</strong> capacida<strong>de</strong> para mover, o que leva a uma mobilida<strong>de</strong> reduzida e a uma<br />

restrição <strong>na</strong> direção dos movimentos, resultando <strong>na</strong> perda <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> para<br />

fazer modificações normais <strong>na</strong> fo<strong>na</strong>ção, articulação e <strong>na</strong> prosódia.<br />

As características da fala, nos <strong>parkinson</strong>ianos, refletem a hipocinesia<br />

geral do movimento, embora o tremor não parece ter efeito sobre a fala, como<br />

no restante do corpo.<br />

DARLEY, ARONSON e BROWN (1975), <strong>de</strong> acordo com a citação <strong>de</strong><br />

MURDOCH (1997), relatam como característica predomi<strong>na</strong>nte da hipocinesia,<br />

com respeito aos distúrbios <strong>de</strong> articulação, a marcada limitação dos<br />

movimentos musculares da fala. Os autores afirmam que a mobilida<strong>de</strong><br />

reduzida, o âmbito restrito <strong>de</strong> movimentos e o índice acima do normal das<br />

ações repetitivas dos músculos conduzem a diversas manifestações da disartria<br />

hipocinética.<br />

Os pesquisadores CAUTER (1963), CRITCHLEY (1981) e DARLEY et al<br />

(1975), citados por MURDOCH (1997), explicam que <strong>na</strong> maioria dos casos <strong>de</strong><br />

<strong>parkinson</strong>ismo há redução do nível <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> da fala e, enquanto alguns<br />

pacientes apresentam lentidão no falar, outros falam ligeiramente mais rápido<br />

que o normal. Alguns indivíduos com <strong>parkinson</strong>ismo apresentam um índice <strong>de</strong><br />

aceleração progressiva quando chegam ao fi<strong>na</strong>l da frase, similar a festi<strong>na</strong>ção<br />

21


do andar, o que levou alguns autores no estudo realizado <strong>na</strong> Clínica Mayo<br />

( DARLEY et al ) a rotular a fala dos <strong>parkinson</strong>ianos como festi<strong>na</strong>nte.<br />

Vários autores, principalmente DARLEY et al (1975), documentaram a<br />

ausência <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> tom, altura e inflexão reduzida, que representavam<br />

<strong>alterações</strong> nos aspectos prosódicos da fala. Outras <strong>alterações</strong> típicas<br />

observadas por estes autores, incluem a articulação imprecisa, silêncios<br />

i<strong>na</strong><strong>de</strong>quados, acelerações e velocida<strong>de</strong> da fala variável.<br />

As <strong>alterações</strong> prosódicas ten<strong>de</strong>m a domi<strong>na</strong>r o distúrbio <strong>de</strong> linguagem.<br />

METTER (1991) <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong> as anormalida<strong>de</strong>s prosódicas como hipoprosódicas.<br />

O processo é caracterizado por mudanças <strong>na</strong> velocida<strong>de</strong>, ento<strong>na</strong>ção e perda do<br />

ritmo normal.<br />

LOGEMANN & FISHER (1981) são mencio<strong>na</strong>dos por MURDOCH e<br />

METTER por terem mais <strong>de</strong>talhadas as incorreções articulatórias dos pacientes<br />

<strong>parkinson</strong>ianos, concluindo que as <strong>alterações</strong> do modo <strong>de</strong> articulação<br />

predomi<strong>na</strong>vam sobre as <strong>alterações</strong> no ponto articulatório. As plosivas, as<br />

fricadas e as fricativas estavam muito afetadas, bem como as características <strong>de</strong><br />

continuida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> estridência. A fricção in<strong>de</strong>vida e a constrição parcial para as<br />

fricativas foram interpretadas como resultantes <strong>de</strong> um estreitamento impróprio<br />

do trato vocal, no ponto <strong>de</strong> articulação em virtu<strong>de</strong> da elevação i<strong>na</strong><strong>de</strong>quada da<br />

língua.<br />

MURDOCH (1997) fazendo menção aos estudos <strong>de</strong> CAUTER<br />

(1963,1965), após pesquisas com pacientes <strong>parkinson</strong>ianos, concluiu que<br />

estes pacientes apresentavam timbre em níveis significativamente mais altos do<br />

que os sugeridos do grupo <strong>de</strong> controle, mas os níveis <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> vocal e <strong>de</strong><br />

22


intensida<strong>de</strong> da fala eram compatíveis. Apresentavam ainda <strong>de</strong>ficiência da<br />

habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimentos rápidos com a ponta e a parte posterior da língua,<br />

com os lábios e as cordas vocais. Comprovou também uma produção imprecisa<br />

das consoantes plosivas e <strong>de</strong>scoor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção das ativida<strong>de</strong>s fo<strong>na</strong>doras e<br />

articulatórias.<br />

CAUTER (1965) concluiu que muitas <strong>de</strong>ficiências da fala <strong>na</strong><br />

comunicação das pessoas com o Mal <strong>de</strong> Parkinson <strong>de</strong>riva, pelo menos em<br />

parte, da redução do suporte fisiológico da fala.<br />

METTER (1991) refere os estudos <strong>de</strong> MULLER (1971) em suas<br />

pesquisas on<strong>de</strong> os doentes <strong>de</strong> Parkinson apresentavam quantida<strong>de</strong> insuficiente<br />

<strong>de</strong> energia aerodinâmica para a produção normal <strong>de</strong> fala, <strong>de</strong>vido a <strong>de</strong>ficiência<br />

neuromuscular.<br />

MURDOCH (1997) cita a pesquisa <strong>de</strong> HIROSE et al (1981), que<br />

observou através do uso <strong>de</strong> microfeixes <strong>de</strong> raio-X e <strong>de</strong> eletromiografia uma<br />

limitação no âmbito <strong>de</strong> movimentos da articulação nos <strong>parkinson</strong>ianos e uma<br />

tendência a aumentar gradualmente a freqüência da produção repetitiva dos<br />

monossílabos. Esse achado contradiz alguns autores, como MULLER (1971),<br />

KREUL (1972), KENT & ROSENBECK (1982), LUDLOW et al (1987), pois não<br />

encontraram evidência fisiológica ou acústica <strong>de</strong> aceleração do ritmo da fala em<br />

<strong>parkinson</strong>ianos.<br />

KENT & ROSENBECK (1982), através <strong>de</strong> análise espectográficas,<br />

obtiveram resultados que apoiaram a i<strong>de</strong>ntificação percentual da fricção<br />

in<strong>de</strong>vida <strong>na</strong> fala nos casos relatados por LOGEMANN & FISHER (1981).<br />

Encontraram evidência espectográfica também da presença <strong>de</strong> vocalização<br />

23


contínua, hipersensibilida<strong>de</strong> e articulação <strong>de</strong>ficiente <strong>de</strong> consoante que po<strong>de</strong>riam<br />

ser confundidas com uma fala mais rápida do que a normal numa análise<br />

percentual. MURDOCH (1997) ainda acrescenta o trabalho <strong>de</strong> WASMER<br />

(1984) , que usando a mesma técnica, também encontrou evidência <strong>de</strong> fricção<br />

in<strong>de</strong>vida e <strong>de</strong> permanência da vibração da prega vocal no fechamento mudo <strong>na</strong><br />

fala dos <strong>parkinson</strong>ianos, mas atribuiu a vocalização contínua mais a ida<strong>de</strong> dos<br />

pacientes do que aos efeitos da <strong>doença</strong>.<br />

ABBS, HUNKER e BARLOW (1983), enfatiza Murdoch (1997),<br />

escreveram que o grau <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z muscular e a restrição do movimento<br />

apresentavam envolvimento diferencial dos lábios superior e inferior,<br />

observando que a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sustentar um som contínuo também era<br />

<strong>de</strong>ficiente nos lábios, <strong>na</strong> língua e no maxilar.<br />

ABBS e HUNKER (1984) observaram, ainda, a presença <strong>de</strong> tremor<br />

orofacial, que está presente em cada grupo muscular <strong>de</strong> forma diferenciada, ao<br />

sugerirem que a análise do tremor po<strong>de</strong> ter um papel importante nos<br />

procedimentos <strong>de</strong> avaliação clínica da disartria.<br />

Tais estudos foram realizados através <strong>de</strong> medidas fisiológicas, para<br />

<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>r a localização e a <strong>na</strong>tureza da <strong>de</strong>ficiência motora no mecanismo da<br />

fala, pois argumentavam que as medidas perceptuais e acústicas possuíam um<br />

percentual muito limitado, para i<strong>de</strong>ntificar a base patofisiológica das diversas<br />

disartrias.<br />

SANVITO (1997) e ADAMS et al (1997) escrevem que o tremor ao atingir<br />

a face altera a mobilida<strong>de</strong> e a motricida<strong>de</strong> dos lábios, mento e língua. Na<br />

mandíbula e nos lábios é observado como um movimento <strong>de</strong> elevar e abaixar e<br />

24


um movimento <strong>de</strong> muxoxo, respectivamente. A língua, quando protrusa, po<strong>de</strong><br />

mover-se para <strong>de</strong>ntro e para fora da boca aproximadamente com a mesma<br />

ritmida<strong>de</strong> que a do tremor em outro local. STRUPPLER, VELHO-GRONEBERG<br />

e CLAUSSEN (1976) aduzem que o tremor e a bradicinesia faz com que o<br />

paciente mastigue e <strong>de</strong>gluta lentamente, apresentando prolongamentos dos<br />

tempos <strong>de</strong> trânsito esofágico e intesti<strong>na</strong>l.<br />

O ato da mastigação e da <strong>de</strong>glutição envolve a ativação <strong>de</strong> diversos<br />

circuitos neurais. KOWACS (1998) observa que a interferência em qualquer um<br />

dos níveis neurais po<strong>de</strong> resultar em disfagia. Praticamente todas as <strong>doença</strong>s do<br />

sistema nervoso central po<strong>de</strong>m resultar em disfagia, em especial a <strong>doença</strong> <strong>de</strong><br />

Parkinson.<br />

O autor ainda relata que embora a minoria dos pacientes com esta<br />

enfermida<strong>de</strong> queixem–se <strong>de</strong> disfagia, a maioria apresenta alguma anormalida<strong>de</strong><br />

no exame vi<strong>de</strong>ofluoroscópico, indicando que o paciente se adapta aos<br />

pequenos <strong>de</strong>feitos da <strong>de</strong>glutição e só tem disfagia quando ocorre <strong>alterações</strong><br />

mais importantes.<br />

KOWACS (1998) acrescenta que a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição, po<strong>de</strong><br />

acontecer <strong>na</strong> fase oral ou faríngea da <strong>de</strong>glutição. ROCHA (1998) explica que <strong>na</strong><br />

fase oral, observa-se um movimento lingual típico, repetitivo, <strong>de</strong> rotação e<br />

ântero-posterior <strong>na</strong> tentativa <strong>de</strong> levar o bolo a posição posterior. Devido a<br />

rigi<strong>de</strong>z muscular, a língua permanece, durante a <strong>de</strong>glutição, com o dorso alto,<br />

dificultando a <strong>de</strong>scida do bolo.<br />

25


O escape <strong>de</strong> saliva é um problema freqüente <strong>na</strong> evolução da <strong>doença</strong>,<br />

como escreve DELISA (1992), pois a incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manter a cabeça ereta e<br />

a perda da resposta <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição resulta no acúmulo <strong>de</strong> saliva <strong>na</strong> boca.<br />

Na fase faríngea, ROCHA (1998) relata que a <strong>de</strong>glutição é incompleta<br />

com a manutenção da glote aberta, on<strong>de</strong> há a penetração <strong>de</strong> restos alimentares<br />

e saliva <strong>na</strong> região laríngea por aspiração. Desta forma, observa-se a<br />

incoor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção do fechamento glótico e abertura do cricofaríngeo, assim como<br />

peristaltismo reduzido com aumento <strong>de</strong> resíduos nos recessos faríngeos<br />

(valécula e seios periformes), principalmente <strong>na</strong>s dietas pastosas.<br />

Na fase esofágica, fi<strong>na</strong>liza ROCHA (1998), o peristaltismo é reduzido<br />

levando a uma <strong>de</strong>scida lenta do bolo alimentar.<br />

2.6. INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA DOENÇA DE PARKINSON<br />

Até há poucos anos a fonoterapia era consi<strong>de</strong>rada limitada pelos<br />

diferentes profissio<strong>na</strong>is, principalmente pelos fonoaudiólogos.<br />

O prognóstico <strong>de</strong>generativo <strong>de</strong>sencorajava o encaminhamento médico e<br />

atendimento especializado (FAZOLI , 1997).<br />

Esta visão está sendo mudada <strong>na</strong> roti<strong>na</strong> terapêutica, pois os profissio<strong>na</strong>is<br />

estão mais conscientes <strong>de</strong> que o tratamento precoce favorece o atraso da<br />

26


evolução dos distúrbios da comunicação e que em muitos casos o paciente tem<br />

ple<strong>na</strong> capacida<strong>de</strong> para melhorar.<br />

A intervenção fonoterápica será <strong>de</strong>cidida através <strong>de</strong> dados coletados <strong>na</strong><br />

avaliação. Po<strong>de</strong>-se dizer que o planejamento é uma conseqüência da<br />

avaliação. A pesquisadora afirma que as <strong>de</strong>cisões serão baseadas <strong>na</strong><br />

serenida<strong>de</strong> do distúrbio e sua influência <strong>na</strong> comunicação do paciente para a<br />

realização da seleção <strong>de</strong> uma abordagem específica.<br />

O objetivo geral da terapia é maximizar a comunicação funcio<strong>na</strong>l do<br />

paciente e a manutenção da inteligibilida<strong>de</strong> da fala. É importante consi<strong>de</strong>rar<br />

também a persistência e paciência por parte dos pacientes para que haja um<br />

tempo i<strong>de</strong>al para a mudança e a necessida<strong>de</strong> do paciente <strong>de</strong> comunicar-se.<br />

2.6.1. TRATAMENTO FONOTERÁPICO NO DISTÚRBIO VOCAl<br />

A terapia <strong>de</strong> voz nos pacientes <strong>parkinson</strong>ianos não se baseia num<br />

programa com roteiro previamente <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do. O trabalho fonoaudiológico<br />

visa melhorar a fo<strong>na</strong>ção, propiciando uma voz agradável, aumentar a projeção<br />

vocal, tor<strong>na</strong>ndo a voz mais audível, controlar o ritmo e a inflexão vocal, dando<br />

colorido e melodia a voz (LEMOS, 1992).<br />

27


Estes objetivos po<strong>de</strong>m ser atingidos através <strong>de</strong> métodos específicos,<br />

enfocando o aumento <strong>de</strong> adução das pregas vocais, com técnicas envolvendo<br />

exercícios <strong>de</strong> empuxo e sons plosivos (BEHLAU, RODRIGUES, AZEVEDO,<br />

GONÇALVES, PONTES, 1997). Os exercícios <strong>de</strong> empuxo tem sido aplicados<br />

para melhorar a adução e aumentar a intensida<strong>de</strong>.<br />

Outros métodos envolvem manipulação digital da cartilagem tireói<strong>de</strong>,<br />

execução <strong>de</strong> escalas musicais, articulação exagerada, maximização da<br />

ressonância oral (FAZOLI,1997).<br />

É essencial trabalhar o suporte respiratório, a fim <strong>de</strong> propiciar uma<br />

pressão subglótica consistente durante a fala, a qual é produzida com o mínimo<br />

<strong>de</strong> fadiga e boa coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção pneumofonoarticulatória. A estabilização da<br />

postura <strong>de</strong>ve ser trabalhada em conjunto.<br />

Os sintomas <strong>de</strong> redução da expressão facial e flexibilida<strong>de</strong> vocal<br />

(intensida<strong>de</strong>, altura, tempo) po<strong>de</strong>m ser trabalhados diretamente. MYSAK<br />

(1997) esclarece que as sessões <strong>de</strong>dicadas ao treino <strong>de</strong> expressão facial e<br />

expressão vocal são as mais indicadas ao caso. Po<strong>de</strong>-se solicitar ao paciente<br />

que expresse com sua face, sentimentos opostos <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>/tristeza,<br />

surpresa/aborrecimento, conforto/dor, e que recor<strong>de</strong> a sensações musculares<br />

associadas aos vários movimentos faciais. Da mesma forma, o paciente po<strong>de</strong><br />

praticar a comunicação <strong>de</strong> calma, raiva, alegria, através da manipulação <strong>de</strong><br />

variantes vocais <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>, altura e ritmo.<br />

O trabalho multidiscipli<strong>na</strong>r entre o fonoaudiólogo, neurologista e<br />

otorrinolaringologista propiciará ao paciente a maximização <strong>de</strong> uma<br />

comunicação inteligível. O sistema laríngeo po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado como uma<br />

28


peque<strong>na</strong> parte <strong>de</strong> todo o mecanismo da fala, po<strong>de</strong>ndo os distúrbios da fo<strong>na</strong>ção<br />

serem relatados como sintoma inicial da <strong>doença</strong> <strong>de</strong> Parkinson. Portanto, a<br />

avaliação da fo<strong>na</strong>ção <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rada como um pré-requisito para que<br />

possa contribuir ao máximo <strong>na</strong> eficácia do tratamento, explica, FAZOLI (1997 ).<br />

2.6.2 TRATAMENTO FONOTERÁPICO NA ALTERAÇÃO ARTICULATÓRIA<br />

A disartria é um transtorno <strong>de</strong> articulação <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> uma lesão<br />

neurológica que modifica o ritmo, a qualida<strong>de</strong>, a coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção e a voz. O<br />

tratamento fonoaudiológico a<strong>de</strong>quado po<strong>de</strong> compensar os distúrbios disártricos.<br />

O objetivo <strong>de</strong>ve ser a coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção global do paciente, que vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

relaxamento até a melhor articulação que o enfermo consiga obter, passando<br />

em etapas gradativas pela correção respiratória, modificação da emissão<br />

sonora e a<strong>de</strong>quação sonora. LEMOS (1992), enfatiza que para se obter<br />

resultados <strong>na</strong> reeducação <strong>de</strong>ve-se conscientizar o paciente <strong>de</strong> como é<br />

importante a correta movimentação dos órgãos articuladores. A fala é<br />

automática, passando a ser voluntariamente controlada <strong>na</strong>s disartrias. Para que<br />

este controle aconteça o paciente <strong>de</strong>verá ter persistência.<br />

29


Através <strong>de</strong> sua experiência terapêutica, a autora esclarece que,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do grau <strong>de</strong> severida<strong>de</strong> do distúrbio, o tratamento po<strong>de</strong> não obter<br />

resultado, mas o que importa é que o doente sinta-se amparado.<br />

O <strong>parkinson</strong>iano, com disartria geralmente está em permanente estado<br />

<strong>de</strong> tensão, o atendimento <strong>de</strong>ve-se iniciar com exercícios <strong>de</strong> relaxamento, para<br />

auxiliar <strong>na</strong> reeducação muscular progressiva.<br />

LEMOS (1992), explica que o relaxamento <strong>de</strong>ve ser global e , <strong>de</strong>pois que<br />

o paciente domi<strong>na</strong>r bem os exercícios, passar ao relaxamento <strong>de</strong> cabeça e<br />

pescoço.<br />

Estes exercícios visam a quebra da tensão inicial, reestruturar o<br />

esquema corporal, melhorar as possibilida<strong>de</strong>s e disponibilida<strong>de</strong>s motoras,<br />

regular o tônus muscular, inibir os movimentos estereotipados e propiciar um<br />

estado <strong>de</strong> bem estar e tranqüilida<strong>de</strong> necessários a terapia.<br />

Os exercícios <strong>de</strong> respiração <strong>de</strong>vem enfatizar os movimentos<br />

diafragmáticos. É necessário instalar a respiração correta, tanto em relação ao<br />

tipo, como a técnica respiratória. Deve-se também, aumentar a capacida<strong>de</strong><br />

respiratória, corrigir a respiração paradoxal, inibir movimentos <strong>de</strong>snecessários<br />

no ato respiratório e controlar a saída <strong>de</strong> ar.<br />

O treino articulatório é importante para melhorar as condições funcio<strong>na</strong>is<br />

da musculatura que intervêm <strong>na</strong> articulação da palavra, contribuindo para<br />

melhorar a emissão dos fonemas.<br />

Ao se iniciar o tratamento, <strong>de</strong>ve-se observar a or<strong>de</strong>m dos órgãos<br />

estomatognáticos. LEMOS (1992), ensi<strong>na</strong> que sempre <strong>de</strong>ve começar por<br />

30


órgãos externos até chegar aos internos, como : mandíbula, bochechas, lábios,<br />

língua e palato.<br />

A correção articulatória tem como objetivo obter e corrigir a emissão dos<br />

fonemas da linguagem espontânea, através do ponto e modo articulatório,<br />

emissão dos fonemas associados às vogais, repetição <strong>de</strong> palavras e frases e<br />

evocação <strong>de</strong> palavras com o fonema já corrigido.<br />

Os exercícios <strong>de</strong> leitura, exemplifica a autora, também são muito<br />

importantes para melhorar a articulação. É necessário que se chame a atenção<br />

do paciente para a correta movimentação dos órgãos articuladores. O paciente<br />

observará o terapeuta frente a frente e, quando fizer os exercícios sozinho,<br />

usará o espelho para que possa observar e corrigir a si próprio.<br />

A dicção também <strong>de</strong>ve ser trabalhada através <strong>de</strong> exercícios e técnicas<br />

especiais, como a técnica <strong>de</strong> rolha, regulação silábica, trava língua,<br />

coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção fono-respiratória, leitura ritmada, prolongamento do som e<br />

<strong>de</strong>sdobramento dos sons , para possibilitar maior clareza, audibilida<strong>de</strong> e ritmo.<br />

MYSAK (1997), refere-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reduzir os movimentos<br />

involuntários do sistema da fala, utilizando as técnicas <strong>de</strong> resistência aos<br />

movimentos, contenção sensorial e ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> diferenciação.<br />

As técnicas <strong>de</strong> resistência aos movimentos aplicam-se a um órgão da<br />

fala oscilante, numa tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver o equilíbrio muscular, opondo os<br />

grupos musculares e assim estabilizar o órgão da fala. O procedimento é<br />

realizado <strong>de</strong> forma alter<strong>na</strong>da, primeiro para impedir a distensão labial, e em<br />

segundo para impedir os movimentos <strong>de</strong> contração e dando em seguida<br />

seqüência aos outros órgãos.<br />

31


Esta tentativa <strong>de</strong> equilibrar ou exercitar o tônus muscular em oposição a<br />

grupos musculares <strong>de</strong>verá contribuir par melhorar a estabilida<strong>de</strong> da<br />

musculatura labial. Po<strong>de</strong>-se planejar manobras semelhantes para conter<br />

movimentos involuntários da mandíbula e língua.<br />

A contenção sensorial <strong>de</strong> um órgão da fala, escreve MYSAK (1997), tem<br />

como objetivo diminuir a extensão das oscilações dos órgãos fonoarticulatórios,<br />

através <strong>de</strong> manobras táteis. O fonoaudiólogo, po<strong>de</strong>, por exemplo, conter a<br />

extensão do movimento língua com os seus dois <strong>de</strong>dos indicadores, solicitando<br />

ao paciente que mantenha a sua língua sem contato com os dois <strong>de</strong>dos.<br />

O trabalho <strong>de</strong> diferenciação é feito para que se consiga ou mantenha a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mover cada um dos órgãos da fala isoladamente. MYSAK<br />

(1997), explica que se po<strong>de</strong> pedir ao paciente que coloque a sua mandíbula<br />

numa posição semi- aberta, e <strong>de</strong>pois distenda e contraia os lábios, mantendo a<br />

mandíbula e a língua imóveis.<br />

32


2.6.3. TRATAMENTO FONOAUDIOLÓGICO NA DESORDEM DA<br />

DEGLUTIÇÀO.<br />

A intervenção <strong>na</strong>s disfagias orofaríngeas consiste, escreve FURKIM<br />

(1999), numa prática especializada do fonoaudiólogo, que po<strong>de</strong> atuar em<br />

ambiente clínico e domiciliar, mas cuja atuação principal está no âmbito<br />

hospitalar. Esta prática exige alguns conhecimentos e técnicas específicas<br />

<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>das pelas características <strong>de</strong>sse sintoma.<br />

Antes <strong>de</strong> se iniciar a terapia, <strong>de</strong>ve-se ter o cuidado <strong>de</strong> verificar o estado<br />

clinico do paciente, comportamento, comunicação e saú<strong>de</strong> bucal.<br />

O primeiro aspecto a ser consi<strong>de</strong>rado antes dos exercícios terapêuticos é<br />

a saú<strong>de</strong> bucal, que se refere à morfologia, à funcio<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> e à estética.<br />

Durante a higiene oral, explica a autora, é necessário trabalhar a<br />

sensibilida<strong>de</strong>, tor<strong>na</strong>ndo a escovação dos <strong>de</strong>ntes mais um item a ser orientado<br />

ao cuidador. Além da função da higiene e sensibilida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>-se também<br />

realizar exercícios <strong>de</strong> resistência dos músculos da língua, utilizando o cabo da<br />

escova <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes. O exercício é feito solicitando ao paciente que empurre o<br />

cabo da escova com força e mantenha a pressão por um segundo.<br />

A reabilitação fonoaudiológica trata-se <strong>de</strong> uma reeducação funcio<strong>na</strong>l, que<br />

visa o restabelecimento da função normal, ou compensatória. ROCHA (1998),<br />

divi<strong>de</strong> o tratamento em dois níveis principais, o gerenciamento das <strong>alterações</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição junto ao paciente e familiares e a reabilitação propriamente dita.<br />

33


O objetivo do gerenciamento é informar ao cuidador e paciente disfágico<br />

sobre os mecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição e suas relações com os riscos e<br />

complicações, além das orientações pertinentes a técnica <strong>de</strong> reabilitação<br />

utilizada.<br />

A reabilitação propriamente dita, refere-se sobre as técnicas terapêuticas<br />

ativas. O treino envolve a <strong>de</strong>glutição com saliva e alimentos com diferentes<br />

consistências, volumes, temperaturas e sabores, com auxílio da posturas<br />

compensatórias, como as manobras posturais e facilitadoras da <strong>de</strong>glutição.<br />

FURKIM (1999), escreve que o volume <strong>de</strong>ve ser balanceado conforme a<br />

melhor resposta do paciente, sendo que volumes com um ou dois mililitros são<br />

pouco funcio<strong>na</strong>is e po<strong>de</strong>m ser utilizados quando a meta é a estimulação<br />

gustativa.<br />

Volumes maiores com três a cinco mililitros (uma colher <strong>de</strong> chá) po<strong>de</strong>m<br />

ser mais funcio<strong>na</strong>is, fornecendo mais pistas para o paciente em virtu<strong>de</strong> do peso<br />

colocado <strong>na</strong> cavida<strong>de</strong> oral. Para os pacientes com gran<strong>de</strong> risco <strong>de</strong> aspiração,<br />

<strong>de</strong>ve-se começar com os volumes menores, até que ele consiga aceitá-los.<br />

A consistência <strong>de</strong>ve começar pela mais aceita pelo paciente, durante a<br />

avaliação, e ir aumentando a dificulda<strong>de</strong> com o <strong>de</strong>correr da terapia. Para<br />

FURKIM (1999), existe a padronização <strong>de</strong> quatro consistências básicas: líquido<br />

(água, suco), pastoso- fino (iogurte, mingau), pastoso-grosso (geléias, sopas<br />

engrossadas) e sólido (bolacha).<br />

A escolha da temperatura, <strong>de</strong>ve ser observada através da aceitação do<br />

paciente ao alimento oferecido. A autora, mencio<strong>na</strong> ROSEMBEK et al (1996),<br />

que relatam em seus estudos uma diminuição do tempo <strong>de</strong> trânsito total da<br />

34


<strong>de</strong>glutição com melhora do tempo <strong>de</strong> disparo do reflexo da <strong>de</strong>glutição , nos<br />

alimentos frios. Alimentos com temperatura mais mor<strong>na</strong> po<strong>de</strong>m relaxar as<br />

estruturas da cavida<strong>de</strong> oral, dando ao paciente um maior tempo para preparar o<br />

bolo.<br />

Para preparar a <strong>de</strong>glutição, é necessário que se obtenha melhores<br />

condições <strong>de</strong> força, mobilida<strong>de</strong> e sensibilida<strong>de</strong> geral do paciente. Para tanto,<br />

são realizados exercícios <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> das estruturas envolvidas, incluindo<br />

laringe, faringe, língua, bochechas, lábios, palato mole, fechamento das pregas<br />

vocais, assim como a função <strong>de</strong> mastigação.<br />

FURKIM (1999), classifica este tipo <strong>de</strong> terapia como sendo indireta, pois<br />

não se oferece alimento ao paciente e direta quando se oferece o alimento.<br />

As manobras posturais auxiliam o processo da <strong>de</strong>glutição. A escritora<br />

relacio<strong>na</strong> quatro manobras posturais e oito manobras posturais <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição.<br />

A - Manobras Posturais:<br />

A.1- Queixo para baixo: para pacientes com suspeita ou diagnóstico <strong>de</strong><br />

atraso <strong>na</strong> função faríngea e dificulda<strong>de</strong> no fechamento da via aérea. Esta<br />

manobra proporcio<strong>na</strong> mais tempo para o paciente <strong>de</strong>glutir antes que o alimento<br />

vá para a faringe;<br />

A.2 – Cabeça virada para o lado fraco: Deve-se virar a cabeça para o<br />

lado que apresenta <strong>alterações</strong> motoras ou diminuição <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

faringe e <strong>de</strong> laringe, fazendo com que o alimento possa passar pelo lado bom<br />

ou forte.<br />

A.3 – Cabeça incli<strong>na</strong>da para o lado forte ou bom: mesmo princípio que a<br />

técnica acima;<br />

35


A.4 – Cabeça par trás: É indicada para pacientes com dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

retropulsão do bolo para a faringe, promovendo caída rápida do alimento para a<br />

faringe.<br />

B - Manobras <strong>de</strong> Deglutição – Facilitadoras:<br />

B.1- Tosse Voluntária: É indicada para pacientes que apresentam voz<br />

molhada após <strong>de</strong>glutição, indicando aspiração por penetração laríngea. Esta<br />

técnica po<strong>de</strong> ser utilizada como medida <strong>de</strong> segurança após <strong>de</strong>glutição.<br />

B.2- Manobra <strong>de</strong> Men<strong>de</strong>lsohn: Solicitar ao paciente que ao <strong>de</strong>glutir<br />

segure a laringe <strong>na</strong> posição mais alta por alguns segundos.<br />

B.3- Língua entre os <strong>de</strong>ntes: Solicitar ao paciente que <strong>de</strong>gluta com a<br />

língua entre os <strong>de</strong>ntes, exigindo maior contração dos músculos constritores da<br />

faringe.<br />

B.4- Supraglótica: O paciente é orientado a segurar a respiração antes<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>glutir e imediatamente após a <strong>de</strong>glutição <strong>de</strong>verá tossir para limpar a<br />

faringe<br />

B.5- Super supraglótica : O objetivo <strong>de</strong>ssa manobra é eliciar mais<br />

adução das pregas vocais, utilizando duas fontes <strong>de</strong> fechamento: as pregas<br />

vocais verda<strong>de</strong>iras e as falsas. A orientação é semelhante a anterior, porém<br />

pe<strong>de</strong>-se ao paciente que segure com mais força o ar antes <strong>de</strong> engolir.<br />

B.6- Deglutição com esforço: O paciente <strong>de</strong>ve apertar os músculos da<br />

garganta ao engolir. É indicado para pacientes que apresentam resíduos <strong>na</strong>s<br />

pare<strong>de</strong>s da faringe e dificulda<strong>de</strong> em realizar a<strong>de</strong>quadamente a bomba <strong>de</strong><br />

propulsão com a língua <strong>na</strong> fase oral.<br />

36


B.7- Deglutições secas: É solicitado ao paciente que <strong>de</strong>gluta o alimento e<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong>gluta mais duas ou três vezes, sem alimento <strong>na</strong> cavida<strong>de</strong> oral, <strong>na</strong><br />

tentativa <strong>de</strong> limpar os resíduos que permaneceram <strong>na</strong> faringe, valéculas e seios<br />

piriformes.<br />

B.8- Técnica <strong>de</strong> Valsalva: É pedido ao paciente que utilize uma gran<strong>de</strong><br />

força <strong>de</strong> contração. Indicado no auxílio <strong>na</strong> abertura do esfíncter esofágico<br />

superior aumentando a contração dos grupos musculares adjacentes. É contra<br />

indicado para pacientes com problemas cardíacos, pulmo<strong>na</strong>res e diverticuloses<br />

<strong>de</strong> intestinos.<br />

É importante compreen<strong>de</strong>r que o paciente <strong>de</strong>ve estar motivado a se<br />

alimentar, e também a realizar qualquer terapia <strong>de</strong> habilitação ou <strong>de</strong><br />

reabilitação.<br />

2.6.4 - OS NOVOS CAMINHOS DA FONOAUDIOLOGIA<br />

Diversas são as abordagens terapêuticas utilizadas <strong>na</strong>s manifestações<br />

clínicas no <strong>parkinson</strong>ismo, mas a ativida<strong>de</strong> que se vem se <strong>de</strong>stacando no meio<br />

<strong>parkinson</strong>iano é a música. OLIVEIRA (1998), regente do coral <strong>de</strong><br />

<strong>parkinson</strong>ianos, <strong>de</strong>staca que a fonoaudiologia associando os seus<br />

conhecimentos científicos à prática do canto, proporcio<strong>na</strong> melhorias <strong>na</strong><br />

37


qualida<strong>de</strong> da comunicação, pois é sabido que, quando se canta ocorre a<br />

coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção entre: respiração, fo<strong>na</strong>ção, articulação, postura corporal, etc.<br />

Desta forma, a autora enfatiza que o canto ao abordar aspectos da<br />

motricida<strong>de</strong> oral, po<strong>de</strong> gerar bons resultados para a comunicação geral do<br />

indivíduo com o Parkinson, <strong>de</strong> maneira agradável e prazerosa.<br />

2.7 - O MAL DE PARKINSON NA MEDICINA<br />

O tratamento <strong>de</strong> pacientes com <strong>parkinson</strong>ismo engloba tanto o ângulo<br />

médico quanto o reabilitativo, como indica O’SULLIVAN (1993). SCOTT (1992)<br />

enfatiza a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento multidiscipli<strong>na</strong>r, envolvendo fisiatra,<br />

fisioterapeuta, terapeuta ocupacio<strong>na</strong>l, psicólogo e fonoaudiólogo. Para o autor a<br />

reabilitação <strong>de</strong>ve abranger <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a dosagem farmacológica até ao manejo <strong>de</strong><br />

técnicas para assim promover a in<strong>de</strong>pendência social, emocio<strong>na</strong>l, comunicativa<br />

e nutricio<strong>na</strong>l do paciente.<br />

Na área clínica, a <strong>de</strong>scoberta da diminuição <strong>de</strong> dopami<strong>na</strong> nos gânglios<br />

levou os pesquisadores, como argumenta MACHADO (1993), a <strong>de</strong>senvolverem<br />

a terapêutica da <strong>doença</strong> <strong>de</strong> Parkinson. Tal estratégia visou aumentar os níveis<br />

<strong>de</strong>sta substância em áreas específicas sendo que as tentativas para se obter<br />

esse resultado através da administração <strong>de</strong> dopami<strong>na</strong>, no entanto, não<br />

obtiveram sucesso, pois essa ami<strong>na</strong> só atravessa a barreira hemocefálica em<br />

38


concentrações muito altas e tóxicas para o restante do organismo. Desta forma,<br />

MACHADO (1993) aduz que os pesquisadores verificaram que o isômero<br />

levógiro da diidroxifenilalami<strong>na</strong> (L. dopa) atravessava a barreira e era captado<br />

pelos neurônios e fibras dopaminérgicas da substância negra, transformando-se<br />

em dopami<strong>na</strong>, o que causa melhora dos sintomas da <strong>doença</strong> <strong>de</strong> Parkinson.<br />

Para BLACK & JACOBS (1996), a intervenção cirúrgica, ou seja, a<br />

talamotomia estereotáxica, às vezes se faz necessária, embora não seja tão<br />

usada para todos os doentes <strong>de</strong> Parkinson, pois a cirurgia resolve parcialmente<br />

os estados críticos <strong>de</strong> tremor e <strong>na</strong>da faz pela bradicinesia, que tanto incomoda<br />

o paciente. O procedimento envolve a produção <strong>de</strong> lesões <strong>de</strong>strutivas nos<br />

gânglios da base ou tálamo por criocirurgia ou quimiocirurgia.<br />

O autor ainda cita outros tipos <strong>de</strong> tratamento, como o transplante<br />

autólogo <strong>de</strong> tecido medular supra re<strong>na</strong>l <strong>de</strong>ntro do cérebro, tendo revelado<br />

resultados significativos, porém a técnica <strong>de</strong> transplante <strong>de</strong> tecido fetal,<br />

conduzido nos Estados Unidos, traduz gran<strong>de</strong>s controvérsias por razões éticas.<br />

Atualmente, outra técnica vem sendo aplicada em caráter experimental<br />

nos Estados Unidos, a saber a estimulação elétrica nos núcleos subtalâmicos.<br />

KOLLER et al (1997) revelam que após a cirurgia, os resultados<br />

apresentam valores significativos <strong>na</strong> melhoria dos sintomas gerais do<br />

<strong>parkinson</strong>ismo. Durante um ano <strong>de</strong> tratamento a melhora foi <strong>de</strong> 58% (cinqüenta<br />

por cento) nos sintomas <strong>de</strong> bradicinesia e tremor, apesar <strong>de</strong> ter sido<br />

encontrados efeitos colaterais, como a paralisia e a afasia.<br />

GODWIN (1982) relata que o tratamento mo<strong>de</strong>rno aperfeiçoou o<br />

prognóstico, levando a redução do índice <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong>.<br />

39


3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Ainda não se sabe exatamente a origem da <strong>doença</strong> <strong>de</strong>scrita pelo médico<br />

inglês James Parkinson em 1817. No entanto, a medici<strong>na</strong> já concluiu que se<br />

trata <strong>de</strong> um distúrbio neurológico, progressivo e <strong>de</strong>generativo que afeta<br />

<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>da região do sistema nervoso central ( S.N.C.), <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>da gânglios<br />

da base.<br />

Nesta região, há uma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> neurônios que produzem o<br />

neurotransmissor dopami<strong>na</strong>, que comanda os movimentos, o equilíbrio e a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> andar. A ausência <strong>de</strong> dopami<strong>na</strong> é responsável pela<br />

manifestação dos sintomas da <strong>doença</strong>, sendo que tanto homens quanto<br />

mulheres po<strong>de</strong>m ser afetados pela <strong>doença</strong> <strong>de</strong> Parkinson.<br />

A <strong>doença</strong> <strong>de</strong> Parkinson manifesta-se pelos seguintes sintomas: acinesia,<br />

rigi<strong>de</strong>z e tremor.<br />

Na acinesia, a mobilida<strong>de</strong> do paciente diminui progressivamente. Os<br />

movimentos <strong>de</strong> expressão facial e todos os movimentos associados<br />

<strong>de</strong>saparecem pouco a pouco. O inicio <strong>de</strong> qualquer movimento tor<strong>na</strong>-se muito<br />

difícil. Os movimentos mímicos da face acaba-se congelando, adquirindo a<br />

fisionomia do paciente <strong>de</strong> máscara, somente os olhos conservam a sua<br />

motilida<strong>de</strong>. Ao invés <strong>de</strong> <strong>de</strong>sviar a cabeça, o paciente consegue somente <strong>de</strong>sviar<br />

40


os olhos em <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do sentido. A fala tor<strong>na</strong>-se monóto<strong>na</strong> e disártrica, em<br />

parte pela rigi<strong>de</strong>z e tremores da língua.<br />

A rigi<strong>de</strong>z muscular difere da hipertonia muscular do tipo espástico,<br />

po<strong>de</strong>ndo ser percebida nos músculos extensores sob a forma <strong>de</strong> resistência<br />

cérea e firme que se opõe aos movimentos passivos. O relaxamento muscular<br />

tor<strong>na</strong>-se impossível.<br />

A maioria dos pacientes apresentam tremor passivo, lento, rítmico<br />

resultando <strong>na</strong> alternância <strong>de</strong> movimentos musculares agonistas e antagonistas.<br />

Esta característica <strong>de</strong>saparece durante os movimentos intencio<strong>na</strong>is. A acinesia<br />

parece ser <strong>de</strong>vida à falta <strong>de</strong> transmissão dopaminérgica ao nível do corpo<br />

estriado.<br />

A rigi<strong>de</strong>z po<strong>de</strong> ser também atribuída à perda dos neurônios da<br />

substância negra. O doente adquire postura rígida, com a cabeça e o tronco<br />

ligeiramente fletidos, braços próximos ao tronco com os antebraços e o joelhos<br />

semifletidos. A postura corporal <strong>na</strong> rigi<strong>de</strong>z, <strong>de</strong>termi<strong>na</strong> o aparecimento do<br />

fenômeno da roda <strong>de</strong>nteada, que se traduz como um caráter intermitente da<br />

resistência que oferece uma articulação durante a sua movimentação passiva.<br />

Os distúrbios da fo<strong>na</strong>ção, da articulação e <strong>de</strong>glutição são conseqüências<br />

das manifestações clínicas que <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>m a <strong>doença</strong>, acompanhando o seu<br />

progresso.<br />

As <strong>alterações</strong> vocais são caracterizadas pela hipertonicida<strong>de</strong> acentuada<br />

ao trato vocal e a adução incompleta das pregas vocais, além da alteração <strong>na</strong><br />

capacida<strong>de</strong> respiratória. Os si<strong>na</strong>is vocais específicos revelam soprosida<strong>de</strong>,<br />

aspereza, rouquidão e tremor.<br />

41


Na <strong>doença</strong> <strong>de</strong> Parkinson, o distúrbio da fo<strong>na</strong>ção reflete a disartrias<br />

hipocinéticas. A hipocinesia <strong>de</strong>corre da presença da bradicinesia com limitações<br />

<strong>na</strong> capacida<strong>de</strong> para mover o que leva a uma mobilida<strong>de</strong> reduzida e a uma<br />

diminuição dos movimentos, resultando <strong>na</strong> perda <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> para fazer<br />

modificações normais <strong>na</strong> fo<strong>na</strong>ção, articulação e <strong>na</strong> prosódia.<br />

O conjunto da insuficiência prosódica compõe-se <strong>de</strong> monotonia,<br />

intensida<strong>de</strong> invariável, tensão reduzida, frases curtas, ritmo invariável e<br />

consoantes imprecisas.<br />

O tremor ao atingir a face altera a mobilida<strong>de</strong> e a motricida<strong>de</strong> dos lábios,<br />

mento e língua. O ato da mastigação e da <strong>de</strong>glutição envolve a ativação <strong>de</strong><br />

diversos circuitos neurais. A interferência em qualquer um dos níveis neurais<br />

po<strong>de</strong> resultar em disfagia. Este sintoma po<strong>de</strong> ocorrer <strong>na</strong> fase oral ou faríngea<br />

da <strong>de</strong>glutição.<br />

Hoje, com o avanço da medici<strong>na</strong>, o <strong>parkinson</strong>ismo tem uma qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

vida muito melhor do que há 15 anos. As principais vítimas da <strong>doença</strong> são<br />

pessoas com ida<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 60 anos, po<strong>de</strong>ndo também atingir os mais jovens.<br />

A fonoaudiologia mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong>, a<strong>de</strong>quando-se ao ritmo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

científico, beneficiou-se dos avanços tecnológicos. Desta forma, conquistou<br />

novos conhecimentos e os aplicou no tratamento fonoterápico, lapidando cada<br />

<strong>de</strong>talhe <strong>de</strong> acordo com as manifestações clínicas do paciente.<br />

O tratamento baseia-se <strong>na</strong> intervenção direta e indireta dos processos<br />

disártricos, disfágicos e vocais, propiciando ao enfermo a maximização <strong>de</strong> sua<br />

comunicação e condições alimentares satisfatórias.<br />

42


Somente a partir da compreensão <strong>de</strong> um problema, no caso as<br />

manifestações clínicas no <strong>parkinson</strong>ismo, é possível criar condições para tentar<br />

amenizar as <strong>alterações</strong> presentes <strong>na</strong> motricida<strong>de</strong> oral, proporcio<strong>na</strong>ndo<br />

intervenções precisas a todo transtorno do sistema e funções estomatognáticas.<br />

No tema específico aqui tratado, buscou-se esclarecer e incentivar a<br />

pesquisa <strong>de</strong> <strong>doença</strong>s que acometem a população idosa, até então pouco<br />

observada por se tratar <strong>de</strong> um país jovem.<br />

Concluímos que com a tendência <strong>de</strong> envelhecimento da população<br />

brasileira, haverá um consi<strong>de</strong>rável aumento nos casos <strong>de</strong> Mal <strong>de</strong> Parkinson,<br />

assim como <strong>de</strong> outras enfermida<strong>de</strong>s típicas da terceira ida<strong>de</strong>. A fonoaudiologia<br />

<strong>de</strong>ve manter-se atualizada e pronta para acompanhar o ritmo etário da nova<br />

geração.<br />

43


4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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