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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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api<strong>da</strong>mente possível a sua futura profissão. A partir <strong>da</strong>í, enfrentamos<br />

uma forte resistência de grande parte dos alunos quanto ao estudo teó-<br />

rico de ca<strong>da</strong> curso. No entanto, quando chegamos ao final do mesmo, a<br />

hora <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong> exigi<strong>da</strong> se torna um tormento para o aluno e o profes-<br />

sor. Por quê? Porque teimamos em colocar hierarquiza<strong>da</strong>mente a prática<br />

sobre a teoria, esquecendo que uma não existe sem a outra. Ao mesmo<br />

<strong>tem</strong>po, na experiência prática, limitamo-nos a repetir fórmulas e recei-<br />

tas, sem nos preocuparmos ver<strong>da</strong>deiramente em inovar, sobretudo, sem<br />

palmilharmos um caminho de autosuficiência e autoconsciência que per-<br />

mita ao jovem estu<strong>da</strong>nte e futuro profissional ser capaz de, identificando<br />

determina<strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, refletir criticamente sobre ela, diferenciando-a de<br />

uma outra, mais ou menos semelhante. Terá, assim, alternativas e solu-<br />

ções outras, criativas e inovadoras, para o problema colocado?<br />

Certamente, não <strong>tem</strong>os sido aju<strong>da</strong>dos por algumas decisões estapa-<br />

fúrdias como aquela proferi<strong>da</strong> pelo STF em torno <strong>da</strong> exigência do diplo-<br />

ma para a prática do jornalismo profissional. Neste caso, o STF decidiu<br />

que jornalismo é uma simples prática. Não requer, portanto, nenhuma<br />

teorização e, a se julgar pela expressão de alguns juízes, nem reflexão. É<br />

evidente que isso incomodou, e incomodou por uma questão tão simples<br />

quanto fun<strong>da</strong>mental: o jornalismo não é o simples relato de aconteci-<br />

mentos, como pode parecer. Ele é a própria seleção sobre o quê relatar;<br />

a maneira de concretizar o relato; a avaliação sobre as consequências de<br />

um determinado relato; o reconhecimento sobre as responsabili<strong>da</strong>des de<br />

quem relata; os desdobramentos do acontecimento, que podem ser ou<br />

não antecipados, etc. Tudo isso vai um pouco mais além <strong>da</strong> experiência<br />

prática e envolve questões éticas bem mais profun<strong>da</strong>s. Para os membros<br />

do STF, ao que parece, o jornalismo não passaria de uma ciência apli-<br />

ca<strong>da</strong>, instrumentaliza<strong>da</strong>. Esqueceram-se os juízes de que a comunicação<br />

social – e nela o Jornalismo – encontra-se no campo <strong>da</strong>s ciências huma-<br />

nas aplica<strong>da</strong>s. Ora, isso distancia a comunicação social do mero saber<br />

utilitário para situá-lo num patamar bem mais complexo: a comunicação<br />

social li<strong>da</strong> com os seres humanos, instáveis e inesperados – criativos e<br />

98 • <strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> de <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong>?

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