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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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nhecimento e autori<strong>da</strong>de de saber. No máximo, contudo, lemos nos livros,<br />

quando lemos. Raramente fazemos efetivamente. O caso se coloca muito<br />

claramente em várias situações que vivemos na seleção de candi<strong>da</strong>tos<br />

para nossos cursos. Os candi<strong>da</strong>tos vêm de uma carreira profissional até<br />

com êxito. Nesse sentido, sabem fazer, mas quando chega a hora de ex-<br />

plicar o que fazem, é uma calami<strong>da</strong>de. Por que isso ocorre? Naturalmente,<br />

porque nenhuma experiência foi realmente introjeta<strong>da</strong>. Perde-se, assim,<br />

uma <strong>da</strong>s principais características <strong>da</strong> prática científica que é, justamente,<br />

a possibili<strong>da</strong>de de, a partir de uma determina<strong>da</strong> experiência particular,<br />

apreender suas características gerais, capazes de se tornarem leis e pode-<br />

rem ser aplica<strong>da</strong>s, universalmente, naquelas e em outras situações, desde<br />

que a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s às novas condições. A consequência mais nefasta disso<br />

é que estamos sempre começando de novo, como que redescobrindo o<br />

mundo a ca<strong>da</strong> momento. No campo <strong>da</strong> comunicação, especialmente, isso<br />

é muito comum: dispensam-se os velhos jornalistas e dá-se preferência<br />

aos novos, aparen<strong>tem</strong>ente mais capazes, esquecendo-se de que a prática<br />

dos anos anteriores é uma excelente base para a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> tarefa que<br />

nos cabe, a informação exata e eticamente responsável, na medi<strong>da</strong> em<br />

que nos aju<strong>da</strong> a decidir corretamente em situações-limite.<br />

Num país que evoluiu drasticamente <strong>da</strong> condição rural para a de so-<br />

cie<strong>da</strong>de altamente urbaniza<strong>da</strong> e industrializa<strong>da</strong>, desqualificamos o apren-<br />

dizado prático, trazido de anos de vi<strong>da</strong>, por exemplo, do interior: assim, o<br />

peão <strong>da</strong> construção civil é tratado como um trabalhador sem especialização,<br />

logo ele, que é capaz de <strong>da</strong>r um jeitinho em várias situações que nem o<br />

mestre de obras e, muito menos o engenheiro, seria capaz de resolver...<br />

Entre nós, a sabedoria <strong>da</strong> experiência de vi<strong>da</strong>, a voz dos mais velhos, a<br />

tradição, ficaram relega<strong>da</strong>s ao folclore e à cultura popular, colocados no pa-<br />

tamar mais baixo do conhecimento: os próprios órgãos governamentais,<br />

por vezes, aju<strong>da</strong>m nesse menosprezo, quando a ANVISA, por exemplo,<br />

comporta-se com desconfiança diante de xaropes populares e conheci<strong>da</strong>s<br />

receitas de ervas que, na maioria <strong>da</strong>s vezes, nos tiram enxaquecas e nos<br />

resolvem aquela tosse tão irritante...<br />

94 • <strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> de <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong>?

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