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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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universais, havia que se considerar a reali<strong>da</strong>de multifaceta<strong>da</strong> e complexa<br />

dessas socie<strong>da</strong>des e, sobretudo, a historici<strong>da</strong>de dos processos e sis<strong>tem</strong>as<br />

de comunicação que se constituíram em territórios simbólicos específi-<br />

cos (BARBOSA, 2002).<br />

Christa Berger foi menos otimista em relação aos anos 1990 e, em<br />

decorrência, foi mais feliz no seu diagnóstico no que diz respeito às pes-<br />

quisas na área. Nos anos 1990, diagnosticava, “os centros de <strong>pesquisa</strong> se<br />

transformam em instituições administrativas que lutam por sobreviver,<br />

as disputas de ideias vão sendo substituí<strong>da</strong>s por disputas de espaço, o<br />

intelectual crítico dá lugar ao especialista técnico, e a política como pon-<br />

to de vista privilegiado de reflexão sobre a comunicação é troca<strong>da</strong> pelo<br />

marketing como instrumento de atuação eficiente” (1999, p. 9-10)<br />

A sua avaliação não só é correta, como também é de uma lucidez<br />

digna de reverência. Realmente, os anos 1990 viram surgir, em muitas<br />

universi<strong>da</strong>des, em muitas pós-graduações, uma <strong>pesquisa</strong> utilitária, com<br />

<strong>tem</strong>áticas que se perdiam em modismos sem densi<strong>da</strong>de e no qual se ob-<br />

servava o que Berger chamou de desideologização do discurso acadêmico.<br />

O perigo era os <strong>pesquisa</strong>dores <strong>da</strong>rem às costas aos problemas sociais,<br />

passando a comprometer-se apenas com as deman<strong>da</strong>s propostas pelo<br />

mercado (BERGER, 1999, p. 11). Mas, o que se observou foi, ain<strong>da</strong>, mais<br />

drástico: a proliferação <strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong> pela <strong>pesquisa</strong>, certa espetacularização dos<br />

<strong>tem</strong>as de <strong>pesquisa</strong>, ignorando-se, muitas vezes, que a <strong>pesquisa</strong> possibilita<br />

sempre uma interpretação transformadora que começa, invariavelmente, na<br />

compreensão dos fenômenos do mundo que chamamos con<strong>tem</strong>porâneo.<br />

Mas, não é só essa tendência que marcou as <strong>pesquisa</strong>s de comuni-<br />

cação no final do século XX. De modo positivo, observamos, também, a<br />

emergência, ou melhor, o acoplamento <strong>da</strong> questão cultural às <strong>tem</strong>áticas <strong>da</strong><br />

comunicação o que resultou na complexi<strong>da</strong>de dos olhares, no alargamento<br />

<strong>da</strong>s abor<strong>da</strong>gens, na compreensão mais precisa dos fenômenos comunica-<br />

cionais. A introdução do paradigma cultural significou também a adoção<br />

de uma abor<strong>da</strong>gem teórica mais sofistica<strong>da</strong> nos estudos, permitindo o alar-<br />

gamento <strong>da</strong>s <strong>tem</strong>áticas, ampliando-se o leque <strong>da</strong>s <strong>pesquisa</strong>s, sobretudo a<br />

Pesquisa <strong>empírica</strong> e o campo aca<strong>da</strong>mêmico <strong>da</strong> comunicação • 85

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