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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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<strong>pesquisa</strong> em comunicação, publicado no final dos anos 1990, completava:<br />

Chegamos, assim, aos anos 90, carregados de livros-panfletos<br />

que nos ensinaram sobre os sis<strong>tem</strong>as de comunicação e seu<br />

poder de manipulação ideológica; na bagagem se confundem,<br />

ain<strong>da</strong>, relatórios, projetos e cartas de intenção de intelectuais<br />

ativos e governantes, com manuais de outros intelectuais, também<br />

atuantes, para produzir um jornal alternativo, uma rádio<br />

clandestina ou um mural junto com o povo (1999, p. 8-9).<br />

No alvorecer do novo século, num momento em que se <strong>da</strong>va primei-<br />

ro o crescimento <strong>da</strong>s pós-graduações em comunicação, no país, com a<br />

criação de novos programas no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, no Rio<br />

Grande do Sul, em São Paulo e no Paraná, observávamos, também, a<br />

abertura do leque <strong>tem</strong>ático <strong>da</strong>s <strong>pesquisa</strong>s na área de comunicação e certo<br />

apagamento <strong>da</strong> marca política inicial dos estudos <strong>da</strong> área.<br />

Num texto que produzi, no início dos anos 2000, fiz um diagnóstico<br />

<strong>da</strong> <strong>pesquisa</strong> em comunicação, no Brasil, no qual enfatizava a importân-<br />

cia que os <strong>pesquisa</strong>dores passaram, naquele momento, a <strong>da</strong>r à questão<br />

do poder e <strong>da</strong> cultura, envolvendo os processos de produção interna e<br />

os contextos econômicos externos, nos quais os meios de comunicação<br />

operavam. Com isso, perderam terreno as teorias sobre dominação e os<br />

<strong>pesquisa</strong>dores abandonaram o tom retórico e o debate ideológico em<br />

favor de métodos de investigação, como estudos de campo, análises de<br />

políticas de comunicação e dos efeitos <strong>da</strong> mídia, entre outros.<br />

Passados mais de dez anos <strong>da</strong>quele momento e com o distanciamen-<br />

to crítico que o <strong>tem</strong>po permite fun<strong>da</strong>r, o meu olhar sobre a déca<strong>da</strong> de<br />

1990 não é tão otimista como era então. Apesar de ter ponderado que<br />

havia entre os <strong>pesquisa</strong>dores brasileiros mais dúvi<strong>da</strong>s do que certezas,<br />

eu considerava fun<strong>da</strong>mental que se fizesse análises menos holísticas de<br />

nossas <strong>tem</strong>áticas e que se levasse em conta as especifici<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s socie-<br />

<strong>da</strong>des latino-americanas. Ain<strong>da</strong> que os modelos teóricos pudessem ser<br />

84 • <strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> de <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong>?

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