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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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Se nos anos 1970, como nos mostra Christa Berger (1999), por for-<br />

ça do momento político, econômico e cultural, havia a prevalência do<br />

que chamou “<strong>pesquisa</strong> crítica e de denúncia”, nos anos 1980, florescem<br />

os estudos que enxergam o poder libertador nas possibili<strong>da</strong>des <strong>da</strong> co-<br />

municação: proliferam as análises <strong>da</strong> chama<strong>da</strong> comunicação subalterna,<br />

popular, tendo como foco dominante a perspectiva de que a ação dos su-<br />

jeitos comuns engajados, nesse processo, poderia transformar o mundo.<br />

E as análises teóricas confundem-se com o denuncismo: se num primeiro<br />

momento, o inimigo eram os meios massivos (nota<strong>da</strong>mente, a televisão,<br />

com seu poder manipulador, o que precisaria ser denunciado) e o capi-<br />

talismo financeiro norte-americano, que promovia uma espécie de anes-<br />

tesiamento <strong>da</strong>s ações; num segundo momento, aposta-se na possibili<strong>da</strong>de<br />

libertadora dos meios de comunicação se produzidos por mãos menos<br />

comprometi<strong>da</strong>s com o estado demiurgo.<br />

Podemos dizer que, tanto na déca<strong>da</strong> de 1970 quanto nos anos 1980, as<br />

<strong>pesquisa</strong>s em comunicação seguem a perspectiva ou do enfoque funcionalis-<br />

ta simplificado, como alerta Berger, ou do “esclarecimento e <strong>da</strong> intervenção<br />

contestatória” e será, nessa perspectiva, que a ‘indústria cultural’ será estu<strong>da</strong>-<br />

<strong>da</strong>, produzindo o que, para a autora, seria a matriz do pensamento comu-<br />

nicacional na América Latina: a <strong>pesquisa</strong> crítica e de denúncia (1999, p. 8).<br />

Há razões históricas para este movimento: a “denúncia esclareci<strong>da</strong>”<br />

parece ser o comportamento político mais próprio para um momento,<br />

em que se passa de um giro pela esquer<strong>da</strong>, que tomou conta <strong>da</strong> Europa<br />

e <strong>da</strong> América Latina, nos anos 1960, para a emergência de ditaduras<br />

que anestesiaram as falas mais libertadoras do Cone Sul. Enfrentando o<br />

amor<strong>da</strong>çamento dos <strong>tem</strong>pos de ditadura, parece claro que a posição dos<br />

intelectuais engajados, nesse processo, tomasse a face do comprometi-<br />

mento, seja via denúncia relaciona<strong>da</strong> ao papel anestesiador dos meios,<br />

seja via construção de possibili<strong>da</strong>des de uma comunicação que encon-<br />

trasse uma terceira via.<br />

Numa análise crítica altamente esclarecedora, Berger, num texto que<br />

tomo como referência e considero emblemático para o diagnóstico <strong>da</strong><br />

Pesquisa <strong>empírica</strong> e o campo aca<strong>da</strong>mêmico <strong>da</strong> comunicação • 83

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