12.04.2013 Views

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Nesse sentido que Bourdieu (1983), Morin (2007) e Souza (2009),<br />

dentre outros teóricos, como cientistas sociais que são, desenvolvem o<br />

exercício <strong>da</strong> autorreflexão científica e denunciam a não neutrali<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

Ciência. São ícones de uma geração de cientistas que se debruçam a<br />

entender o seu próprio trabalho. Morin (2007) aponta o fenômeno do<br />

autoconhecimento como uma tendência e necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Ciência de co-<br />

nhecer o mundo; mas, também, de voltar os olhos para se autocompreen-<br />

der. Seria o caso, então, <strong>da</strong> criação de uma “metaciência”, uma ciência <strong>da</strong>s<br />

ciências, que fosse capaz de refletir sobre o desenvolvimento e o futuro<br />

do conhecimento científico.<br />

Essa necessi<strong>da</strong>de geral do homem e <strong>da</strong> Ciência de autoconhecimento<br />

torna, ca<strong>da</strong> vez mais urgente, para o campo <strong>da</strong> Comunicação a emprei-<br />

ta<strong>da</strong> na<strong>da</strong> fácil de autorreflexão e autocrítica. Ain<strong>da</strong> mais quando nos<br />

deparamos com uma série de problemáticas históricas que, justamente<br />

pela falta de autorreflexão, acumularam-se, gerando as diversas crises pe-<br />

las quais a Comunicação passa.<br />

Nesse contexto, Navarro (2007) lança-nos, então, o conceito interes-<br />

sante de meta<strong>pesquisa</strong>:<br />

O conceito meta<strong>pesquisa</strong> refere-se à <strong>pesquisa</strong> sobre a <strong>pesquisa</strong>;<br />

mas se considerarmos que, como to<strong>da</strong> ciência social, a <strong>pesquisa</strong><br />

<strong>da</strong> comunicação está determina<strong>da</strong> por uma “dupla hermenêutica”<br />

(Giddens, 1984), uma vez que encerra uma interpretação<br />

de interpretações, abre-se uma dupla possibili<strong>da</strong>de: considerar<br />

a meta<strong>pesquisa</strong> como <strong>pesquisa</strong> de terceiro grau (interpretação<br />

de interpretações de interpretações), ou bem, considerar a <strong>pesquisa</strong><br />

<strong>da</strong> comunicação como uma prática social de comunicação<br />

institucionaliza<strong>da</strong>, equiparável com outras práticas sociais<br />

de comunicação. Nesse sentido, a meta<strong>pesquisa</strong> <strong>da</strong> comunicação<br />

é também <strong>pesquisa</strong> <strong>da</strong> comunicação, e do mesmo modo<br />

que na “semiótica de segun<strong>da</strong> ordem” ou semiótica <strong>da</strong> ciência<br />

de Klaus Bruhn Jensen (1995), ou na “sociologia <strong>da</strong> sociologia”<br />

de Bourdieu (1988), exige o uso dos melhores recursos de uma<br />

ciência para a análise de si mesma. (NAVARRO, 2007, p. 166).<br />

A Pesquisa Empírica Aplica<strong>da</strong>: Métodos, desafios institucionais, • 435<br />

meios de comunicação, educação e interfaces • 435

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!