12.04.2013 Views

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O gênero é um conceito-chave para os veículos de comunicação, por-<br />

que é, a partir dele, que o emissor pode agir em função de um quadro<br />

semântico – ou um conjunto de possibili<strong>da</strong>des linguístico-visuais delimi-<br />

tados e, previamente, conhecidos pelos receptores. O gênero é uma pro-<br />

messa de conteúdo, ou de uma possibili<strong>da</strong>de de conteúdo, uma espécie<br />

de contrato, previamente, acor<strong>da</strong>do entre emissor e receptor. Jost entende<br />

que para se definir o que é gênero, o primeiro passo é a delimitação do<br />

conceito de contrato: “um acordo no qual emissor e receptor reconhecem<br />

que se comunicam e o fazem por razões compartilha<strong>da</strong>s” (2004, p. 9).<br />

Na produção mediática, o gênero é “realizado” através do “texto” ou do<br />

conteúdo, que é reconhecido, culturalmente, pelos grupos.<br />

O gênero é, também, pode ser entendido como uma abor<strong>da</strong>gem ri-<br />

tual, uma relação de troca entre o emissor e a audiência, por meio <strong>da</strong><br />

qual texto se define ou, ain<strong>da</strong>, como “estratégia de comunicabili<strong>da</strong>de”,<br />

(MARTÍN-BARBERO: 1997, 301). Os gêneros, nesse sentido, “cons-<br />

tituem uma mediação fun<strong>da</strong>mental entre as lógicas do sis<strong>tem</strong>a produtivo<br />

e a do sis<strong>tem</strong>a de consumo, entre a do formato e a dos modos de ler, dos<br />

usos”. (MARTÍN-BARBERO, 1997, p. 298).<br />

Analisados a partir <strong>da</strong> mensagem ou do conteúdo, os gêneros se<br />

constroem a partir de enunciados (orais e escritos) concretos e únicos,<br />

que refle<strong>tem</strong> as condições específicas e finali<strong>da</strong>des únicas de um contex-<br />

to do qual são parte estrutural. Os gêneros se definem não apenas em<br />

função do seu conteúdo <strong>tem</strong>ático; mas, também, pela seleção opera<strong>da</strong><br />

nos recursos <strong>da</strong> língua – lexicais, fraseológicos e gramaticais – que cons-<br />

tituem seu estilo verbal e por sua composição interna.<br />

Ca<strong>da</strong> edição ou uni<strong>da</strong>de de um gênero elabora conjuntos, relativa-<br />

mente, estáveis de enunciados. Considerados de forma isola<strong>da</strong>, a riqueza<br />

e a varie<strong>da</strong>de dos enunciados são imensas, mas a sua apreciação permi-<br />

te uma classificação por gêneros. Ca<strong>da</strong> veículo comporta um repertório<br />

de gêneros que vai diferenciando-se e ampliando-se à medi<strong>da</strong> que os<br />

próprios processos comunicacionais se desenvolvem e ficam mais com-<br />

plexos, eventualmente, incorporando aspectos de outros veículos. Novos<br />

420 • <strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> de <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong>?

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!