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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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O interesse prático, amparado por metodologias, permite uma in-<br />

tervenção crítica e qualifica<strong>da</strong> sobre o objeto de análise, que é dinâmico<br />

e mutável. Essa união de forças se torna essencial para a evolução do<br />

próprio campo de estudos.<br />

A observação <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, que se constitui fun<strong>da</strong>mental na <strong>pesquisa</strong><br />

<strong>empírica</strong>, deve estar associa<strong>da</strong> a um conjunto de regras, de maneira que<br />

seja possível ter clareza sobre o objeto analisado. Para Minayo (2011, p.<br />

10), “nem a teoria nem a prática são isentas de interesses, de preconceito<br />

e de incursões subjetivas”. Nesse sentido, é necessário que o observador<br />

defina o rigor (teórico) de sua observação, através de princípios que vão<br />

consubstanciar sua prática, somente assim poderá produzir ciência.<br />

Em outro aspecto, Bourdieu (1972, p.157) afirma que “a teoria <strong>da</strong><br />

prática que aparece como condição de uma ciência rigorosa <strong>da</strong>s práticas,<br />

não é menos teórica; qualquer investigador deve colocar em questão os<br />

pressupostos inerentes a sua quali<strong>da</strong>de de observador externo que tende<br />

a importar para o objeto os princípios de sua relação com a reali<strong>da</strong>de”.<br />

Defendendo que a neutrali<strong>da</strong>de, na ciência, é um tanto quanto compli-<br />

ca<strong>da</strong> de ser realiza<strong>da</strong> na prática, o alerta de Bourdieu corrobora que o<br />

discurso e a prática, na <strong>pesquisa</strong> científica, devem estar embasados em<br />

métodos e metodologias que consintam redirecionar o eixo de orienta-<br />

ção para além <strong>da</strong>s convicções individuais, senão eliminando, pelo menos<br />

minimizando seus efeitos sobre os diagnósticos.<br />

Também é necessário reforçar que se partirmos do pressuposto de<br />

que, na socie<strong>da</strong>de moderna, a comuni<strong>da</strong>de é um laboratório permamen-<br />

te de <strong>pesquisa</strong>, então, como afirmam Tuzzo e Mainieri (2010, p. 15) “o<br />

espaço de aprendizado está em to<strong>da</strong> a socie<strong>da</strong>de. Os alunos devem en-<br />

xergar o cotidiano como um grande laboratório, em que todo tipo de<br />

manifestação possa ser analisado, sob a ótica <strong>da</strong> ciência que se <strong>pesquisa</strong><br />

e que se quer descobrir. O olhar deve ser crítico e o senso comum deve<br />

ceder lugar ao questionamento”. Esse também se constitui um grande<br />

desafio para os professores, uma vez que, especialmente na comunica-<br />

ção, não necessitamos de laboratório equipados, tão pouco de cobaias. É<br />

386 • <strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> de <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong>?

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