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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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Do ponto de vista teórico-metodológico, percebe-se, primeiramente,<br />

uma dificul<strong>da</strong>de de se compreender a comunicação como um processo<br />

e não apenas como uma mediação tecnológica. Enquanto processo, a<br />

comunicação é um objeto de estudo complexo e contraditório, que pres-<br />

supõe a utilização de diferentes técnicas metodológicas e de minucioso<br />

trabalho de <strong>pesquisa</strong> de campo, nem sempre permitido no universo co-<br />

tidiano <strong>da</strong> escola.<br />

Além dessa primeira dificul<strong>da</strong>de, a interface comunicação-educação<br />

pressupõe, também, um aprofun<strong>da</strong>mento teórico em ambas as áreas para<br />

uma efetiva apropriação de seus conceitos e consequente articulação para<br />

a eluci<strong>da</strong>ção dos objetivos propostos. Os trabalhos analisados apontam<br />

que há uma dificul<strong>da</strong>de nessa interlocução teórica entre as duas ciências,<br />

reforçado pelo ensino compartimentado também na pós-graduação. Os<br />

alunos não conseguem, no curto espaço de <strong>tem</strong>po <strong>da</strong> realização de um<br />

curso de mestrado, apropriar-se com segurança <strong>da</strong>s ideias e conhecimen-<br />

tos <strong>da</strong>s duas áreas a ponto de ter autonomia para articulá-las e usá-las<br />

como fun<strong>da</strong>mentação de suas análises. Acabam optando por algumas, as<br />

que parecem mais próximas de seus objetos ou com as quais têm mais<br />

proximi<strong>da</strong>de e domínio, dependendo de seus cursos de origem.<br />

Em relação às dificul<strong>da</strong>des que classificamos como metodológicas,<br />

verificou-se uma tendência para estudos mais qualitativos, que conside-<br />

ram necessária uma maior presença dos <strong>pesquisa</strong>dores, nas escolas, e por<br />

maior período de <strong>tem</strong>po, como condição para a análise do objeto e <strong>da</strong>s<br />

<strong>tem</strong>áticas escolhi<strong>da</strong>s. Novamente, constata-se uma apropriação teórica<br />

insuficiente <strong>da</strong>s diferentes metodologias qualitativas. Alia<strong>da</strong> a essa falta<br />

de aprofun<strong>da</strong>mento teórico-metodológico, apresentam-se como difi-<br />

cul<strong>da</strong>des as questões institucionais. O <strong>pesquisa</strong>dor em educomunicação<br />

para fazer sua <strong>pesquisa</strong> de campo, na escola, precisa conseguir autoriza-<br />

ção <strong>da</strong> escola – e, às vezes, até de instâncias superiores, como as secre-<br />

tarias municipais e estaduais de educação – para isso, precisa conquistar<br />

a autorização dos professores e alunos com os quais vai trabalhar e que,<br />

muitas vezes, sen<strong>tem</strong>-se inibidos pela presença desse elemento estranho,<br />

372 • <strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> de <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong>?

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