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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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do Jornalismo como “uma forma social de conhecimento”. Por meio <strong>da</strong><br />

apropriação <strong>da</strong>s categorias de referência Singular, Particular e Universal,<br />

ele considera que a força do Jornalismo seria precisamente a singulari<strong>da</strong>-<br />

de. Isso porque, de acordo com o autor, seria por meio <strong>da</strong>s características<br />

do fato, de seus detalhes que seriam recuperados pelos repórteres, é que<br />

seria possível montar um quadro semelhante com a percepção imediata<br />

dos indivíduos. Com acesso a esse tipo de conhecimento, os jornalistas<br />

poderiam construir narrativas próximas <strong>da</strong> maneira como os receptores<br />

<strong>da</strong> informação desvelam as coisas que veem ao seu redor, do modo com<br />

que leitores e telespectadores conhecem a reali<strong>da</strong>de à sua volta.<br />

Genro Filho salienta ain<strong>da</strong> que, como to<strong>da</strong> forma de conhecimento, o<br />

Jornalismo pressupõe, também, um posicionamento do sujeito (repórter,<br />

projeto editorial do veículo) diante do objeto (reali<strong>da</strong>de a ser apura<strong>da</strong>).<br />

No caso do telejornalismo, há a entra<strong>da</strong> em cena do repórter e seus tons<br />

de voz, embora a estrutura narrativa característica do noticiário transfi-<br />

ra, em tese, para os entrevistados o papel de oferecer aprofun<strong>da</strong>mento<br />

<strong>da</strong> informação. Além <strong>da</strong>s inserções de especialistas, cientistas e outras<br />

fontes autoriza<strong>da</strong>s (conhecimento de) há, nas narrativas telejornalísticas,<br />

a incorporação <strong>da</strong> voz do ci<strong>da</strong>dão comum (conhecimento acerca de), por<br />

meio de depoimentos <strong>da</strong> experiência vivi<strong>da</strong> em determina<strong>da</strong> situação.<br />

Assim, por meio do uso intensivo e quase exclusivo de entrevistas,<br />

como forma de apuração <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de a ser noticia<strong>da</strong>, os repórteres não<br />

teriam condições de construir uma narrativa informativa com tantos ele-<br />

mentos quanto àqueles comuns a percepção <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de imediata pelos<br />

indivíduos, cuja emoção e/ou experiência vivencia<strong>da</strong> pode, eventualmen-<br />

te, ser partilha<strong>da</strong> por meio do recurso do “povo-fala”.<br />

Dessa forma, ao invés de se constituir em conhecimento social <strong>da</strong> reali-<br />

<strong>da</strong>de, o Jornalismo experimentado pelos telespectadores seria capaz apenas<br />

de apresentar algumas vozes e/ou sinais de fontes que teriam participado<br />

do fato, sem a garantia de credibili<strong>da</strong>de ou consoli<strong>da</strong>ção dessas informações.<br />

Para além dos elementos complicadores, no que diz respeito ao aspecto<br />

ético e/ou de isenção <strong>da</strong>s informações apresenta<strong>da</strong>s, os resultados obtidos<br />

A Pesquisa Empírica Aplica<strong>da</strong>: Métodos, desafios institucionais, • 349<br />

meios de comunicação, educação e interfaces • 349

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