12.04.2013 Views

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

histórico-cultural, <strong>da</strong> informação televisiva levar-nos-á a considerá-la<br />

essencialmente na sua dimensão predominante, na retórica política, hie-<br />

rarquiza<strong>da</strong> e serial que <strong>da</strong>í emerge.” (CÁDIMA, 1995, 131). Segundo o<br />

autor, o efeito de série contagiou de fato a TV; assim, organizado segun-<br />

do essa lógica, o telejornalismo tenderia a seriali<strong>da</strong>de, estruturalmente.<br />

Mais que notícias e relatos do mundo, a televisão comunicaria aos te-<br />

lespectadores, continuamente, a sua presença, pela simulação do contato<br />

direto. No caso do jornalismo, é interessante acrescentar, essa “ilusão” ga-<br />

nha força na medi<strong>da</strong> em que apresentadores, repórteres e entrevistados<br />

se dirigem, diretamente, ao telespectador, em um simulacro do ‘olho no<br />

olho’, que garante a proximi<strong>da</strong>de, e que marca uma distinção à direção<br />

do olhar dos atores em cena na narrativa ficcional. Assim, ao contrário<br />

do foi anunciado por Adorno, o narrador estaria vivo a ca<strong>da</strong> edição de<br />

telejornal, ca<strong>da</strong> notícia narra<strong>da</strong> aos telespectadores, <strong>da</strong>ndo forma drama-<br />

tiza<strong>da</strong> ao conhecimento sobre o mundo.<br />

Mas, em que medi<strong>da</strong> essa estrutura narrativa, hegemônica em emis-<br />

soras brasileiras locais e nacionais, comerciais e públicas, contribui para<br />

a (re)produção e oferta de conhecimento social, que dialogue com o pú-<br />

blico? Qual é a natureza do conhecimento ofertado via telejornais? Para<br />

responder a essa questão, optou-se por revisar pressupostos de dois au-<br />

tores centrais para a chama<strong>da</strong> Teoria do Jornalismo no Brasil, Adelmo<br />

Genro Filho e Luiz Beltrão.<br />

Adelmo Genro Filho, na obra clássica O Segredo <strong>da</strong> Pirâmide, defende<br />

que o Jornalismo deveria ser entendido como uma forma de conhecimen-<br />

to <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de. O autor critica o que considera as três concepções teóricas<br />

sobre o Jornalismo. Na primeira delas, que ele denomina de “generali<strong>da</strong>de<br />

abstrata”, a ativi<strong>da</strong>de de informar seria vista apenas como uma forma de<br />

comunicação, o que em sua avaliação não seria capaz de captar o que<br />

é específico ou concreto do Jornalismo. Genro Filho também critica as<br />

perspectivas funcionalistas e a abor<strong>da</strong>gem crítica, esta última por ver o<br />

jornalismo apenas como um instrumento de reforço <strong>da</strong> ordem vigente.<br />

Genro Filho vai buscar, na filosofia, as referências para a concepção<br />

348 • <strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> de <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong>?

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!