12.04.2013 Views

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Digitalização: Uma breve conceitualização<br />

Compreender a dinâmica <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de con<strong>tem</strong>porânea não permite<br />

que seja coloca<strong>da</strong> no escanteio a centrali<strong>da</strong>de que vem sendo assumi<strong>da</strong><br />

pela tecnologia. Isso não significa afirmar o determinismo tecnológico,<br />

nem manter uma visão otimista ou pessimista. As promessas, em ter-<br />

mos de melhorias sociais, têm sido sempre maiores, sendo que a reali<strong>da</strong>de<br />

mostra resultados adversos. Assim, um posicionamento crítico reconhece,<br />

por um lado, a centrali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> tecnologia nas sociabili<strong>da</strong>des con<strong>tem</strong>porâ-<br />

neas. Por outro lado, não deixa de ser ver<strong>da</strong>de que muitas pessoas ain<strong>da</strong> vi-<br />

vem em socie<strong>da</strong>des pré-industriais, portanto, à margem desses processos.<br />

O campo <strong>da</strong> cultura e <strong>da</strong> comunicação está, ca<strong>da</strong> vez mais, acomo-<br />

<strong>da</strong>ndo o seu modo de fazer nos cânones digitais. Em comparação com<br />

as barreiras à entra<strong>da</strong> existentes, no mundo analógico <strong>da</strong>s indústrias cul-<br />

turais, no mundo digital e online, estas são muito mais baixas, posto que,<br />

em tese, qualquer organização pode gerar conteúdos a baixíssimo custo<br />

e os inserir na rede. Assim, parece que esse novo cenário vem aparelhado<br />

com um pluralismo de conteúdos e formatos de produção informativa e<br />

cultural. A Internet é, frequen<strong>tem</strong>ente, entendi<strong>da</strong> como prestadora universal<br />

de serviços, como se procurasse servir a todos os gostos e interesses possíveis.<br />

Contudo, os entusiastas ignoram tanto a economia profun<strong>da</strong> quanto<br />

as desigual<strong>da</strong>des sociais, que ain<strong>da</strong> estruturam o acesso e a tendência<br />

<strong>da</strong> Internet para desestruturar a esfera pública, embora configure outros<br />

tipos de espaços de encontro entre as pessoas. Assim como os canais<br />

múltiplos <strong>da</strong> televisão, a dispersão de interesses na Internet esvazia a vi<strong>da</strong><br />

social, visto permitir às pessoas consumir apenas aquilo que já conhecem<br />

e falar só com que partilha os seus gostos e opiniões. Tal fragmentação<br />

funciona, poderosamente, contra a formação de novos pontos de contato<br />

que podem apoiar o processo deliberativo sobre questões coletivas. 8 O<br />

8. MURDOCK, Graham. Transformações continentais: Capitalismo, comuni-<br />

330 • <strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> de <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong>?

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!