12.04.2013 Views

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

enciclopédia em 7 volumes, sobre a ciência do Jornalismo. Falecido em<br />

1965, deixou um legado precioso, que repercute até hoje, dentro e fora <strong>da</strong><br />

Alemanha. (Belau, 1966).<br />

Forma<strong>da</strong> em Jornalismo pela Universi<strong>da</strong>de de Mainz, Elizabeth No-<br />

elle dedicou-se ao estudo dos fenômenos <strong>da</strong> opinião pública. Fundou,<br />

em 1947, o Instituto de Demoscopia, destinado a conhecer os efeitos<br />

<strong>da</strong>s <strong>pesquisa</strong>s de opinião pública sobre a formação de atitudes dos ci<strong>da</strong>-<br />

dãos imersos na socie<strong>da</strong>de midiática. O conjunto de evidências empíri-<br />

cas acumula<strong>da</strong>s embasou sua teoria <strong>da</strong> “espiral do silêncio”, segundo a<br />

qual as pessoas comuns tendem a endossar o ponto de vista <strong>da</strong> maioria,<br />

comportando-se no estilo “maria-vai-com-as-outras”.<br />

Elizabeth teve, no pós-guerra, papel destacado na recomposição dos<br />

estudos de comunicação nas universi<strong>da</strong>des alemães. Por isso mesmo ga-<br />

nhou projeção internacional e foi acusa<strong>da</strong>, vela<strong>da</strong>mente, de haver inibido<br />

o avanço <strong>da</strong> “teoria crítica” em seu país. (Loblich & Scheu, 2011, p. 14).<br />

Faleci<strong>da</strong>, no ano passado, seu necrológio não escapou de insinuações dos<br />

seus desafetos sobre suposta simpatia pelo regime nazista.<br />

Aliás, esse tipo de desconfiança pesou sobre to<strong>da</strong> a comuni<strong>da</strong>de que<br />

trabalhou no campo comunicacional antes <strong>da</strong> ascensão de Hitler ao po-<br />

der. O grande desenvolvimento nacional dos estudos de comunicação,<br />

nas déca<strong>da</strong>s anteriores, serviu de pretexto para bloquear ou desencorajar<br />

ações de crescimento <strong>da</strong> área no pós-guerra.<br />

Os gestores “aliados” entendiam que o conhecimento estocado pelos<br />

comunicólogos alemães fora apropriado por Goebels e seus colaborado-<br />

res para gerar processos persuasivos <strong>da</strong>nosos à socie<strong>da</strong>de. Essa é a razão<br />

pela qual reduziram 2/3 <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de instala<strong>da</strong> nas universi<strong>da</strong>des, que<br />

<strong>pesquisa</strong>va comunicação. (BETH & PROSS, 1987, p. 18)<br />

Tal política desestabilizadora perdurou até os anos 70, quando co-<br />

meça o boom comunicacional, na Alemanha, inclusive motivando a his-<br />

toriografia <strong>da</strong> área. A produção de conhecimento empírico de natureza<br />

histórica <strong>tem</strong> sido constante, embora restrito aos que dominam o idioma<br />

nacional. Não <strong>tem</strong> sido fácil acompanhar externamente os progressos<br />

Pesquisa <strong>empírica</strong> e o campo aca<strong>da</strong>mêmico <strong>da</strong> comunicação • 31

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!