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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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à hermenêutica. E, como escreveu Gianni Vattimo, citando Ga-<br />

<strong>da</strong>mer, é só do ponto de vista hermenêutico que se pode chegar<br />

à fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> própria ciência.<br />

60. Ou aqueloutros que não compreendem a profundi<strong>da</strong>de de Gus-<br />

tave Flaubert, em Préface à la vie d’écrivain, na asserção tão apa-<br />

ren<strong>tem</strong>ente simples de “nous avons trop de choses et pas assez de<br />

formes”.<br />

61. Regressamos, pois, com Flaubert ao princípio <strong>da</strong> linguagem<br />

como fun<strong>da</strong>dora do pensamento científico ou outro. Há tantas<br />

coisas fora <strong>da</strong> linguagem, vemo-nos rodeados de tantas coisas<br />

que, sendo exteriores a nós próprios, só passarão para o domí-<br />

nio do pensamento, quando para elas encontrarmos as formas<br />

verbais que as transformem em conhecimento. Tendo essa capa-<br />

ci<strong>da</strong>de para encontrar as formas corretas <strong>da</strong> linguagem, porque<br />

haveremos de ter <strong>medo</strong> <strong>da</strong>s ciências <strong>empírica</strong>s? Ou <strong>da</strong> ciência,<br />

simplesmente. O que teremos é de criar uma nova gramática<br />

<strong>da</strong> comunicação, que, sem abdicar do rigor normativo, consiga<br />

conciliar Guttenberg com o Google, sem cedências a modismos<br />

metodológicos pós-coloniais ou pós-modernos, sem sublima-<br />

ções tecnológicas, antes, capaz de fun<strong>da</strong>mentar os novos saberes<br />

numa irresistível fruição <strong>da</strong> linguagem, cadinho, por excelência,<br />

<strong>da</strong>s ciências <strong>empírica</strong>s.<br />

62. E, obviamente, <strong>da</strong>s ciências <strong>da</strong> mediação, sejam elas veicula<strong>da</strong>s<br />

pela mídia tradicional ou pela nova mídia dos blogs, <strong>da</strong>s redes so-<br />

ciais ou dos novos tubes, cuja instantanei<strong>da</strong>de ou concomitância<br />

discursiva não deve servir de desculpa para o apoucamento <strong>da</strong><br />

gramática e, muito menos, para a pidginização <strong>da</strong> língua.<br />

302 • <strong>Quem</strong> <strong>tem</strong> <strong>medo</strong> de <strong>pesquisa</strong> <strong>empírica</strong>?

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