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Quem tem medo da pesquisa empírica? - Portcom - Intercom

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ideia seminal de Galileu e Kepler, de que a ma<strong>tem</strong>ática é a língua<br />

<strong>da</strong> natureza e, portanto, de que a modelação ma<strong>tem</strong>ática, hoje, tão<br />

cientificamente assumi<strong>da</strong> como método para quase tudo o que<br />

o imperialismo tecnológico nos impõe como condicionante <strong>da</strong><br />

nossa existência; olvi<strong>da</strong>-se facilmente de que todo o pensamento<br />

científico se constrói através de um código verbal, morfossintáti-<br />

ca e semanticamente, enriquecido pelo impulso inerente à con-<br />

dição humana, para saber mais e compreender melhor, como o<br />

Fédon de Platão bem o avalia, e pela experiência de vi<strong>da</strong> de ca<strong>da</strong><br />

sujeito que o enuncia. Também Lucrécio, como recor<strong>da</strong> George<br />

Steiner, secun<strong>da</strong> Platão, afirmando que a busca do conhecimen-<br />

to “é preeminente neste mamífero insaciável e inacabado a que<br />

chamamos “Homem”.”<br />

45. É justamente essa experiência de vi<strong>da</strong> e o enriquecimento <strong>da</strong><br />

linguagem como meio de representação de saberes e de sabores,<br />

a que ela conduz, que nos permi<strong>tem</strong> valorizar, ca<strong>da</strong> vez mais, as<br />

nossas empirias e descodificar mais facilmente o discurso <strong>da</strong>s<br />

“ciências duras”, ao mesmo <strong>tem</strong>po que nos defendem de totalita-<br />

rismos científicos, como o que Hawking prometia de nos servir<br />

uma “Teoria de Tudo”, fazendo-nos aderir ao axioma de Adorno,<br />

segundo o qual “qualquer totali<strong>da</strong>de é uma mentira”.<br />

46. Semelhante asserção de Adorno pertence ao domínio <strong>da</strong>s pro-<br />

posições a que o histologista português Abel Salazar designava<br />

de psicológicas, em contraposição com as proposições analíticas,<br />

cujo conteúdo, segundo ele, é tautológico, e com as proposições<br />

sintéticas, cujo conteúdo é empírico e verificável imediata ou<br />

mediatamente. Só esses dois tipos de proposições podem expri-<br />

mir o conhecimento científico, porque se distinguem <strong>da</strong>s propo-<br />

sições psicológicas que não têm sentido lógico; só têm sentido<br />

psicológico.<br />

A Pesquisa Empírica como instrumento de • 297<br />

comunicação científica • 297

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